segunda-feira, 14 de julho de 2014

De Réu a Acusador

Por Paulo Roberto Gotaç

A Presidente Dilma, em recente entrevista, emitiu alguns pontos de vista que merecem alguma reflexão.

Numa determinada altura, referindo-se às vaias e xingamentos espocados durante a abertura da Copa do mundo, declarou que uma considerável parcela dos que foram aos estádios pertenciam realmente a uma "elite branca" - termo que, segundo ela "não fomos nós que inventamos", o sempre presente "nós e eles" - com poder aquisitivo para pagar os ingressos.

Lá nos idos de 2007, no entanto, quando o então Presidente Lula ainda comemorava a escolha do país como sede do torneio, tinha ele mente, segundo admitiu mais tarde, não obter dividendos políticos mas  atender aos anseios de uma paixão do povo brasileiro, o futebol, assegurando, à época, que o evento seria bancado pela iniciativa privada, o que não ocorreu, onerando, assim, consideravelmente, os cofres públicos.

Talvez se o governo conseguisse persuadir nesse sentido os investidores particulares, quem sabe o setor público, com seus recursos, fosse capaz de baratear os preço dos ingressos e atrair mais público da classe C, cuja ascensão é alardeada pelos cardeais do PT como grande conquista?

Em outro trecho da entrevista, Dilma, afirma que a corrupção já existia antes do seu partido assumir o poder, o que é indiscutível.
Só não acrescentou que a sua amplificação durante o período petista que ainda vigora, elevou o respectivo nível a alturas inimagináveis, sendo observada a compra de votos de parlamentares visando à aprovação de projetos de seu interesse no Congresso, ação conhecida como mensalão e que consistiu na maior manobra de corrupção política da história.

Esqueceu-se também de citar os inúmeros escândalos ligados ao partido, em determinada época divulgados quase diariamente pela mídia, os favorecimentos a "cumpanheiros", afetando a gestão de estatais e domesticando os sindicatos, além da absurda formação de 39 Ministérios, alguns criados por mera conveniência de poder-político. 

Vê-se assim que a tentativa do partido do governo de se transmudar de réu para acusador pode, nas mãos de uma eficiente oposição, ter efeito contrário aos objetivos eleitorais ligados à re-eleição.


Fonte: Alerta Total


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Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.

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