Por Ernesto Caruso
Arena de touros e arena da antiga Roma onde gladiadores e
feras trocavam “carícias”. Com o PAC da Copa os estádios foram demolidos, tristemente
viraram pó. O Maracanã não ficou em ruínas e nem tempo houve para ser outro
Coliseu. Ambição política, bilhões de dinheiro — 30 Bi — cimento, areia e
ferro, o Maior do Mundo que acolhia 200 mil espectadores na Copa de 1950 com
“aceleração do crescimento” passou para 79 mil.
Pior, roubaram o espaço das classes mais pobres que podiam
comparecer ao estádio, a Geral. Nesta época — 2014 — dos governantes ditos
preocupados com o social nos discursos de palanque, detratores das elites que
são bajuladas e atendidas nos salões de festas dão aos necessitados as migalhas
do bolsa família a troco do voto. Argumento insustentável de Lula, ratificado
por Dilma, que foi a “elite branca” que a vaiou. Zombaria repetida até na
final. Em alto nível, bombando na internet com imagem e voz do povão.
Assim, como suprimem o acesso do pobre ao espetáculo rico da
Copa, compensam pela transmissão de imagens nos telões, sob sol e chuva nas
praças e nas praias, fora do padrão FIFA, a Parceira.
O futebol arte deu lugar à violência das arenas. Matar o
touro às fustigadas, bandeirolas espetadas no lombo, sangue escorrendo das
feras e das gentes cortadas pelas afiadas espadas dos gladiadores. Conseguiram
transmitir aos jogadores de hoje a violência do passado. Vencer ou vencer.
Matar ou morrer. Dinheiro, fama, taça no novo Coliseu. Trava da chuteira,
joelho e cotovelo, adversário brutalmente derrubado, tonto, ferido e a mão do
agressor a tentar levantar, ás vezes rejeitada.
É o que estamos presenciando aplaudindo a vitória, mal que
acomete aos comentaristas que não se cansam de dizer “... lamentável, mas a
Copa continua...”. Um presidente, ex-guerrilheiro da luta armada pró-comunismo,
defendeu o jogador da seleção do seu país que mordeu como um raivoso pitbull o
ombro do adversário. Como se fosse
um abjeto inimigo!
Claro que no futebol há acidentes; é um esporte onde os
corpos se encontram ao disputar a bola, mas está por demais o grau de violência
não contida pelos árbitros, em número maior do que no passado e com recursos
técnicos de observação e comunicação de toda ordem no espetáculo sem ordem. Um
exagero no uso das mãos e abraços em detrimento do uso dos pés, origem e
característica do esporte.
Embora, comentários com adjetivos e superlativos
qualificando e elogiando os jogos, não foi o que se viu em várias
contendas. Pancada aos borbotões e
cansativo futebol sem arte. Sangue na face do vale tudo não causa espanto.
Futebol americano tem mais equipamento de proteção individual. E quem sabe,
possam adaptá-lo ao futebol e a legislação exigir mais “segurança” no trabalho.
Fora do campo o açodamento e a incompetência logomarca das
mãos ensanguentadas em forma de taça deixam rastros de violência na construção
de viadutos na propagada mobilidade urbana e nas quedas, desastres e morte de
operários a enlutar famílias.
Mas, como foi dito que não se faz copa construindo
hospitais, vão dizer que é comum morrer gente. Nas vias públicas, nas obras,
nos assaltos, nos postos de saúde.
Sucesso no pós Copa a custa de feriados, aeroportos vazios,
doze sedes, passagens caras e o brasileiro recolhido ao lar. Óbvio.
O aproveitamento político desde a escolha do Brasil para
esta Copa, o exagerado número de sedes, o custo dos estádios e o
descontentamento com a corrupção desenfreada mostrou uma diferença entre o
entusiasmo mostrado nas telinhas e o comprovado nas ruas; nessas, poucas casas
com a Bandeira Nacional e poucos automóveis a portavam.
Fonte: A Verdade Sufocada
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