domingo, 11 de maio de 2014

Nem tudo tá dominado

Por Plácido Fernandes Vieira – Correio Braziliense

A pouco mais de um mês da Copa, o Brasil vive um suspense: os manifestantes que saíram às ruas em junho passado - e surpreenderam o país ao cobrar uma inusitada pauta de reivindicações - voltarão a protestar durante o Mundial de futebol? Por enquanto, essa interrogação continua um mistério. Os tumultos da última quinta-feira, que ocorreram simultaneamente em oito cidades, trazem a digital de velhos conhecidos do governo petista, como os sem-terra do MST e os sem-teto do MTST.

Resta saber se, nos próximos dias, prevalecerá o conhecido chapa-branquismo, e os dois movimentos se dobrarão à vontade dos petistas no poder; ou se falará mais alto o senso de oportunismo, e eles radicalizarão nos protestos para colher facilidades nas negociações diante de um governo cada vez mais enfraquecido perante a opinião pública.

Nas manifestações iniciais do ano passado, tudo começou com o Movimento Passe Livre, aliado de Fernando Haddad nas eleições para prefeito de São Paulo, cobrando redução nas tarifas de ônibus. Como num passe de mágica, uma multidão sem precedentes decidiu engrossar os protestos. Mas sem se amarrar a pautas específicas de um ou outro partido.

Quem se atreveu a levar bandeiras de partido ou sindicato - militante de aluguel ou não - foi convidado a se retirar das passeatas. Os políticos, de forma geral, a corrupção e os péssimos serviços públicos transformaram-se no foco principal das insatisfações. Ora, se o país era capaz de erguer mega estádios ultramodernos, conforme exigia a Fifa, por que não poderia fazer o mesmo com escolas, hospitais, estradas e transporte público?

A popularidade de Dilma desabou. O Congresso tremeu. Parecia que a Primavera Árabe havia chegado ao Brasil. A violência de black blocs e policiais, porém, afastou o povo das ruas. Agora, a 33 dias da Copa, quem aproveita o momento para chantagear o governo são velhos aliados do PT. Até servidores públicos, com reajustes garantidos, ameaçam paralisar a Esplanada. Pois é: a Copa promete grandes emoções dentro e fora dos gramados.


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