A divulgação da última pesquisa Datafolha, que mostra uma
tendência consistente de queda na avaliação e intenção de votos da presidente
Dilma Rousseff , foi um incentivo a mais para empurrar para fora do barco
governista setores expressivos da base aliada que já estavam de olho no
crescimento dos adversários Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE).
Uma parte dos quatro maiores partidos aliados — PMDB, PP,
PSD e PR — não acompanhará Dilma este ano. No PMDB, mesmo com o vice Michel
Temer, as defecções no apoio a Dilma já atingem Rio, Bahia, Rio Grande do Sul,
Pernambuco, Acre e Roraima. Também há problemas no Paraná, no Mato Grosso do
Sul e no Espírito Santo.
Na avaliação de aliados de diversos partidos, até as
convenções de julho que decidirão pela manutenção ou não das alianças nacionais
com o PT, o nível de traição crescerá caso a presidente continue caindo nas
pesquisas de intenção de votos. Aécio vem sendo o maior beneficiário das
dissidências entre os partidos dilmistas.
No PMDB, estão com ele até o momento os diretórios de Bahia,
Rio e Acre; ele pode ainda herdar dissidências no Ceará e no Paraná. Campos,
que tinha muitos interlocutores no partido, perdeu terreno com a chegada de
Marina Silva, mas ainda deve levar o apoio do PMDB gaúcho e pernambucano, e tem
conversas com o diretório do Mato Grosso do Sul.
Segundo cálculos ainda não oficiais do PMDB, de 12 a 14
diretórios estaduais fecham com Dilma. Em alguns estados haverá palanque duplo,
como Piauí, Rio Grande do Norte e Goiás. Na próxima semana, a Executiva
Nacional reúne os presidentes dos diretórios estaduais, as bancadas da Câmara e
do Senado para debater o quadro.
Peemedebistas avaliam que a confirmação ou não da aliança
PT-PMDB em 2014, na convenção do dia 10 de junho, dependerá do desempenho da
presidente Dilma nos próximos dias. — O que vai determinar a aliança,
principalmente nos estados, é a conveniência estadual — diz Danilo Forte (CE),
da ala dissidente do PMDB.
Pelas contas de integrantes do PSD, dos 27 diretórios
estaduais, cerca de 20 devem estar com Dilma. O presidente nacional do PSD,
Gilberto Kassab, diz que isso só será decidido nas convenções estaduais. Nas
contas das traições, estão dois importantes colégios eleitorais que devem
apoiar Aécio: Minas e Rio, além de Goiás, Rondônia, Acre, Roraima e Rio Grande
do Norte. Com Campos deve ficar o diretório do partido em Pernambuco.
— Fomos o primeiro partido a definir o apoio a Dilma. É fato
consumado. O tempo de TV nacional é dela. No Rio, a decisão de ficar com o PSDB
é do Índio da Costa. Ele já foi o vice do José Serra. Mas no Rio teremos núcleo
importante se organizando para apoiar Dilma. Estou entusiasmado, fazendo
campanha para ela — disse Kassab. Segundo ele, o partido é novo, e alguns
integrantes vieram de siglas de oposição. Por isso, é compreensível que optem,
nos estados, por outros candidatos.
No PR, apoio a presidente ainda é predominante No partido,
em que o líder Bernardo Santana (MG) explicitou o “Volta, Lula” — pregando o
retrato do ex-presidente com a faixa presidencial na parede da liderança na
Câmara —, o quadro de apoios aos presidenciáveis nos estados ainda é
majoritariamente dilmista. Líderes do PR tendem a dar palanques a Dilma em 12
estados, contra quatro para Campos e um para Aécio. Em nove diretórios, a
situação está indefinida.
No partido a orientação é clara: se Dilma continuar caindo
nas pesquisas até a convenção nacional, os apoios migram para Aécio ou Campos.
— O que determina o apoio é a performance da presidente. Se mantiver pelo menos
os atuais índices, o PR não sai dela. Se despencar, aí não há santo que segure
— avaliou o vice-líder do partido, deputado Luciano de Castro (RR).
No PP, a situação é parecida. Por enquanto, o partido dará
palanque a Dilma em 20 estados, mas apoiará vários candidatos a governador do
PSDB ou do PSB. A senadora gaúcha Ana Amélia Lemos (PP-RS), favorita na disputa
pelo governo gaúcho, diz que o presidente do seu partido, o senador Ciro
Nogueira (PI), terá de ouvir os diretórios mais expressivos do PP que não estão
com Dilma — RS, Minas, SC, Acre, Rio, Amazonas e Goiás — antes da convenção que
ratificará ou não a aliança nacional com o PT.
No dia 24, o diretório gaúcho do PP fará uma grande festa
para oficializar a aliança com Aécio e o Solidariedade, de Paulinho da Força
Sindical. — O melhor e mais inteligente para Dilma, Aécio e Campos é que o PP
não feche a coligação nacional com nenhum, para evitar constrangimentos
regionais. Assim, o tempo de TV do PP se divide entre os três, e o comando
nacional de Ciro será fortalecido nacionalmente — defende Ana Amélia. (O Globo)
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