O ex-diretor internacional da Petrobrás Nestor Cerveró se
ofereceu por meio de cartas a prestar esclarecimentos no Congresso Nacional, na
Polícia Federal e perante o Ministério Público sobre a compra da refinaria de
Pasadena. Cerveró participou da negociação e foi apontado como autor do resumo
executivo que balizou a aprovação da transação pelo Conselho de Administração
da Petrobrás em 2006. Na negociação, a estatal brasileira mais de US$ 1 bilhão.
A compra, conforme revelou o Estado, teve o voto favorável
da presidente Dilma Rousseff, que comandava o Conselho. Ela disse que o resumo
tinha "informações incompletas" e era técnica e juridicamente falho.
Cerveró foi exonerado da diretoria financeira da BR Distribuidora no dia 21 de
março, após a repercussão negativa do caso, que leva agora o Congresso a
debater a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para realizar a
investigação.
As cartas de Cerveró, cujo conteúdo o Estado teve acesso,
datam da última segunda-feira, 31 de março, e são assinadas pelo ex-diretor e
por seu advogado, Edson Ribeiro. Elas foram encaminhadas ao presidente da
Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ao presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e ao
diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra. Os documentos foram
protocolados nesta quarta-feira, dia 1º de abril.
As duas correspondências endereçadas ao Congresso tem igual
teor: "Venho informar a Vossa Excelência que estou à disposição da Câmara
dos Deputados para prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários sobre
minha participação, à época, como diretor internacional da aludida estatal, bem
como sobre toda a tramitação do processo aprovado pelo Conselho de
Administração da Petrobrás e, ainda, demais fatos que atestam a lisura do meu
procedimento", diz o ex-diretor. O tom é o mesmo nas encaminhadas à PF e
ao MP. A estes órgãos, requer a designação de datas para oitivas.
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Imbassahy (BA),
disse que recebeu o advogado de Cerveró na tarde desta quarta-feira e ouviu
dele a reiteração do desejo do cliente de prestar depoimento. Imbassahy
observou que a Comissão de Fiscalização e Controle já fez um convite ao
ex-diretor e incumbiu o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) de levar cópia da
carta para a sessão da comissão para que seja marcado o depoimento. "Ele
vem há algum tempo mandando sinais e agora tem a carta. Espero que a comissão
marque já para a próxima semana", disse o líder tucano.
A oposição acredita que o ex-diretor poderá
levantar dúvidas sobre a versão de Dilma de que não conhecia as cláusulas que
levaram ao prejuízo no negócio. A presidente diz que não faziam parte do resumo
executivo as cláusulas que garantiam lucro mínimo à empresa belga Astra Oil, sócia
na refinaria, e que obrigavam a Petrobras a comprar a parceira em caso de
desavença comercial. Dilma afirmou ainda que caso essas informações tivessem
sido recebidos o negócio poderia ter outro desfecho no Conselho de
Administração. A expectativa dos oposicionistas é de que o ex-diretor se
defenda das acusações da presidente sustentando que ela teve acesso a todos os
detalhes da compra. (Estadão)
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