Por Maynard Marques de Santa Rosa
"Todos os filósofos apresentaram uma interpretação
diferente do mundo. Agora, é preciso mudá-lo" (Karl Marx).
Mudar o mundo é um delírio do homem, uma pretensão da
criatura que se crê acima do próprio criador.
Fruto de vaidade intelectual, certas quimeras levam tempo
para serem exorcizadas. Francis Bacon acreditava que: "a ciência e a
lógica podem resolver todos os problemas e ilustrar a infinita perfectibilidade
do homem". Quatro séculos depois, Jung demonstrou que "a razão do
homem, no fundo, nada mais é do que seus preconceitos e miopias", enquanto
instintos e arquétipos do seu inconsciente são legados de origem divina. E
arrematou: "O racionalismo não garante de forma alguma uma consciência
superior, mas tão só unilateral".
No século XX, o ideal socialista tornou-se mítico, com força
sugestiva e emocional que transcende a razão. O fervor religioso alimentou a
militância de fé em um determinismo dogmático, que chega ao extremo do
fanatismo. Religião materialista, em lugar do céu, busca o 'paraíso' na terra.
A fórmula socialista é artificial e autoritária, uma criação
de intelectuais e que ignora a experiência milenar das relações
humanas."Seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de
toda a ordem social existente", é o que dizia, arrogantemente, o Manifesto
Comunista de 1848.
Julga-se o socialista no direito de dispor dos bens alheios,
amealhados honestamente, para distribuí-los a terceiros. Abomina a pluralidade
natural e padroniza o comportamento das pessoas. Prega uma ordem compulsória,
que elimina a consciência autônoma e transforma a sociedade em um grande
rebanho a serviço do Estado, controlado por uma oligarquia de partido único.
Usa como argumento a meia-verdade de que "o homem é produto do meio",
para relegar o livre-arbítrio individual e o direito do mérito.
Mesmo a modalidade branda do "socialismo
democrático" mantém a soberba de extinguir o direito de propriedade e
expropriar o patrimônio privado – ainda que indiretamente, por meio de
impostos.
O homem é um ser social e político, e a massa pensa
coletivamente, de modo instintivo, como revelou a psicologia. Sendo lei
natural, a evolução humana tende ao bem comum. O uso da razão na solução dos
dissídios dispensa os traumas sociais gerados pelas revoluções artificiais,
cujo clima abusivo só favorece os psicopatas, oportunistas e tiranos. 2
No Brasil, o poder sempre foi partilhado por interesses, não
por ideias. O grupo socialista, organizado conforme as ordens religiosas e com
apoio externo, tem a sua influência multiplicada desproporcionalmente.
Isoladamente, não é capaz de exercer a hegemonia; mas, em composição com outros
grupos partidários, chega ao ponto de impor à sociedade as aberrações de um
PNDH-3.
Enquanto isso, imenso rol de problemas aguarda solução. A
família, desamparada. A insegurança, alarmante. A corrupção, impune. O direito
de propriedade, à míngua de garantia. A infraestrutura de transportes e, agora,
a de energia, ineficientes. A gestão da saúde pública e da educação,
notoriamente ineficaz. A economia, restrita por encargos tributários e outros
entraves à circulação de bens e direitos. A Amazônia, subdesenvolvida e à mercê
de nova cabanagem.
Na luta pelo poder, a propaganda tornou-se arma de guerra
psicológica. Com a grande mídia silenciada pelos contratos públicos milionários,
falta o contraponto da verdade. A motivação ideológica fomenta a divisão,
postergando indefinidamente a esperança de um consenso de reconciliação
nacional. Embora pouco provável um totalitarismo à brasileira, graças à
autonomia dos interesses antagônicos, é inevitável a devastação e o atraso por
ideias abstrusas.
Portanto, a ideologia socialista merece revisão. É um mal
desnecessário, que deve ser extirpado, para o bem da justiça social e do
progresso.
Fonte: A DIREITA BRASILEIRA EM AÇÃO
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