Por Julio Severo
O tigre é o culpado. A maioria das notícias que li sobre o
pai que ajudou seu menino a se aproximar da jaula para provocar o tigre destaca
o ataque do animal.
Mas será realmente que a culpa foi do tigre?
Eu já fui a zoológicos com minhas crianças, onde havia umas
duas proteções e placas com avisos. Mesmo que não houvesse, até um analfabeto
sabe que um tigre representa perigo.
Mas no caso do pai irresponsável, ele e seu filho de 11 anos
levaram, preparados desde casa, coxinhas e carnes, num plano premeditado de se
aproximar das feras.
Outros visitantes alertaram o pai sobre o perigo de seu
menino enfiando o braço na jaula para provocar um leão e um tigre. Mas o pai
ficou à vontade fazendo as vontades do filho.
Um pai prudente jamais ajudaria seu filho a se aproximar de
uma jaula. Pais prudentes castigam os filhos que ultrapassam esses limites
perigosos e, desde casa, seus filhos aprendem que se provocarem ou baterem nos
animais domésticos, apanham dos pais. Provocar animais de grande porte traz
consequências maiores — vindo das próprias fontes provocadas.
O real perigo, ao contrário da insinuação das notícias
feitas por jornalistas despreparados, não foi o tigre. Um pai que não respeita
limites e encoraja os filhos a desrespeitá-los provoca riscos desnecessários.
Talvez sentindo que não pode mais legalmente dar umas
palmadas, cintadas ou varadas de correção, o pai fez o que os Dez Mandamentos
do ECA ordenam: liberdade, liberdade e total liberdade!
O problema é: ninguém explicou para o tigre que as crianças
são seres que podem fazer o que quiserem, com quem quiserem, a hora que
quiserem!
O tigre então é o culpado. Se não for o tigre, é a
sociedade, é o trauma que o menino teve, é a experiência má que o pai teve na
infância, é o dono do zoológico, é o guarda, é o faxineiro — é tudo, menos o
irresponsável que, conscientemente ou não, seguiu a Lei da Xuxa, a Lei do ECA,
a Lei da Libertinagem, que deixa a criança à vontade como dona de seu próprio
nariz, provocando os gatos pequenos, até encontrar um felino grande, que não
compreende nada das libertinagens legais do reino do ECA.
No reino do ECA, a criança (qualquer menor de dezoito anos)
nunca é culpada de nada, nem de provocar tigres, nem de violar limites, nem de
matar, nem de estuprar.
O pai só seria culpado se tivesse dado umas palmadas,
cintadas ou varadas.
A culpa então só pode ser do tigre.
Atualização em 4 de agosto de 2014:
A culpa agora é do
médico! De acordo com a revista Veja, o menino que havia sido “atacado” pelo
tigre primeiro havia enfiado o dedo na boca do animal. Em seguida, enfiou num
olho. Como depois de toda essa provocação o tigre continuava manso (haja
mansidão!), o garoto ficou determinado a quebrar a mansidão do bicho: ele
enfiou então o dedo no outro olho… Resultado: o braço dele ficou tão
estraçalhado que o médico precisou amputar. Agora o pai anormal, que incentivou
o menino a provocar o animal, vai processar o médico. Brasil absurdo: tem lei
onde não precisa (contra pais que disciplinam os filhos) e não tem lei onde se
precisa (pais animalescamente irresponsáveis, que acham que os filhos mimados
podem judiar a vontade dos animais). Se esse tigre fosse um gatinho doméstico,
já estava sem olhos e se a criatura indefesa reagisse, só Deus sabe o que o pai
faria com ele. Um pai normal surraria um filho por judiar dos animais. Mas um
pai animal permite tudo. Pobre médico! Agora, está sendo processado pela
estupidez de pai e filho. Se eu fosse esse médico, saía do Hospício Brasil.
Aliás, se eu fosse o tigre faria a mesma coisa. Há mais animais descontrolados
fora das jaulas do que dentro.
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