Por ucho.info
Missa encomendada – É no mínimo estranha a posição do
Partido dos Trabalhadores diante de assuntos relacionados ao crime organizado,
mais precisamente os que envolvem o Primeiro Comando da Capital, o PCC, facção
criminosa que opera a do sistema penitenciário. É sabido que exigir coerência de
políticos é tarefa quase impossível, mas não se pode aceitar a dualidade
petista em relação ao tema.
Há dias, a cúpula do PT paulista decidiu suspender por
sessenta dias o deputado estadual Luiz Moura (SP), acusado de ter participado
de reunião em cooperativa de transporte na capital paulista juntamente com nove
integrantes do PCC. Não é de hoje que integrantes do crime organizado atuam no
segmento de ônibus e vans, mas o PT não apenas ignorou o estatuto partidário,
mas atropelou a Constituição Federal ao condenar por antecipação o “companheiro”
Moura.
Não se trata de defender o deputado petista, até porque
sabem os leitores que o ucho.info não age dessa maneira, mas de cobrar
coerência e isonomia nas decisões tomadas pela legenda, que silencia em
situações semelhantes em que estão envolvidos outros filiados ao partido. É o
caso de Jilmar Tatto, secretário de Transportes da cidade de São Paulo.
Pois bem, a incoerência cresce ainda mais quando considerado
o fato de que o ministro José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, classificou
como inaceitável a ideia de parceria entre o movimento Black Bloc e o PCC com o
objetivo de promover protestos violentos durante a Copa do Mundo. O ucho.info é
contra qualquer manifestação que resulte em violência, vandalismo e depredação
do patrimônio (público ou privado), mas há algo intrigante nesse caso.
Os chamados “black blocs” surgiram na esteira dos interesses
esquerdistas de promover o caos em algumas capitais brasileiras como parte da
estratégia do PT de fragilizar politicamente os atuais governantes, facilitando
a candidatura de alguns candidatos do partido. É o caso dos “camaradas”
Alexandre Padilha e Lindbergh Farias, que disputarão em outubro próximo,
respectivamente, os governos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Como ambos os
candidatos são fracos, chamados de postes de Lula, a saída encontrada pela
“companheirada” para impulsionar Lindbergh e Farias foi apelar para o jogo
sujo.
Por mais que petistas e “black blocs” neguem reiteradas
vezes qualquer tipo de ligação, não se pode fechar os olhos para a sequência
dos fatos. Se a olho nu é difícil provar essa relação, nos nas entranhas mais
profundas do movimento a relação umbilical torna-se evidente, portanto
incontestável. Somente quem desconhece as coxias imundas da política e embala o
discurso anárquico é capaz de não enxergar essa ligação visceral entre o
movimento “Black Bloc” e o PT.
Sendo assim, não se deve descartar a possibilidade, cada vez
mais próxima da realidade, de a anunciada parceria entre os “black blocs” e os
integrantes do PCC ser mais um factóide criado pelo PT para disseminar o medo e
assim evitar que protestos ocorram durante a Copa do Mundo, pois tudo o que
Dilma Rousseff precisa nesse momento de dificuldade eleitoral é que a população
saia às ruas para protestar contra o mundial de futebol e muito mais.
A estratégia parece ter dado certo, pois o que mesmo se vê
em milhares de cidades brasileiras é gente disposta a ganhar as ruas para
protestar, assim como é acanhada em todo o País a decoração alusiva à Copa.
Entre os motoristas, pro exemplo, é grande o receio de enfeitar os veículos com
as cores do Brasil, pois esses se transformariam em alvo fácil dos baderneiros
de aluguel e dos integrantes da facção criminosa. Vale lembrar que em 2006, em
pleno período eleitoral, o PCC promoveu uma onda de ataques em São Paulo,
transformando a maior metrópole brasileira em uma espécie de cidade-fantasma,
pois naqueles dias de terror ninguém arriscou sair de casa.
Ademais, se os tais protestos violentos, com “black blocs” e
membros do PCC, de fato acontecerem, o caos poderá ser motivo para o PT, em
algum momento, usar a instabilidade social para alguma manobra mais radical que
comprometa de alguma maneira as eleições vindouras. Afinal, a real situação de
Dilma nas pesquisas de opinião não é tão tranquila quanto o que vem sendo
despejado sobre a parcela incauta da população.
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