sábado, 5 de abril de 2014

"Vítima do regime" ou mais uma fraude jornalística para satanizar militares?


SBT: “Militares transformam homem em assassino para acobertar crimes”.

A reportagem conta a história de Orlando Sabino. Um paciente psiquiátrico que é apresentado como uma espécie de “bode expiatório” criado pelos militares para encobrir os crimes cometidos por eles em ações nos estados de Minas Gerais e Goiás.


Após assistir à matéria e fazer uma breve pesquisa na internet sobre o assunto, é inevitável colocar algumas questões:

(1) Dos “diversos” crimes associados a Orlando Sabino, menciona-se apenas um, o assassinato de um casal de fazendeiros. No entanto, a reportagem não descreve as outras “vítimas”. O que é imprescindível para – pelo menos – identificar qual era e se de fato os militares teriam  interesse em assassiná-las.

(2) Se o exame pericial realmente constatou que o “homem” foi morto com tiros de uma arma calibre .44 – que seria de uso exclusivo dos militares -, é fundamental verificar se os disparos foram de fato realizados com uma arma que PERTENCIA ou que estava na posse deles. Porque, como observa Heloísa Starling, que é assessora da Comissão Nacional da Verdade, a região envolvia uma área de movimentação da Guerrilha do Araguaia. Neste conflito os revolucionários socialistas-comunistas também utilizaram arma de calibre .44 – o que os colocariam como suspeitos dos disparos que fizeram aquela vítima.

(3) A tese de que TODOS os crimes atribuídos a Orlando Sabino foram cometidos por militares (ou agentes da “extrema direita”) é frágil. Mozart Lacerda Filho observa que “há pouquíssimos indícios que possam responsabilizar os agentes da repressão por tais crimes”. O articulista, que em 2011 era doutorando em História, afirma que nos arquivos do DOPS, em Belo Horizonte, há apenas recortes de jornal da época e uma comunicação entre órgãos de segurança cogitando a hipótese de que os crimes tinham motivação política. Mozart Lacerda escreve ainda que a história mais recorrente – contada por pessoas que viveram naquele tempo – aponta que os crimes envolviam uma disputa entre dois irmãos pelo domínio da região.


(4) Pedro Divino Rosa participa da reportagem. Ele é autor de um livro sobre Orlando Sabino, “O Monstro de Capinópolis”. Para o SBT, ele afirmou que Orlando Sabino era um “bode expiatório” (Cf. a partir do tempo 06:35). Mas em uma entrevista concedida em 2011, por conta do lançamento do seu livro, Divino Rosa – depois de observar que o seu trabalho envolveu uma vasta pesquisa documental, e que esteve inclusive com o próprio Orlando Sabino – diz o seguinte: […] “ele (Orlando Sabino) já está solto e vai voltar a matar, porque ele não tem cura; assim que ele surtar ele vai voltar a matar” (Cf. vídeo abaixo a partir do tempo 03:26).


Eu não li o livro escrito por Pedro Rosa. De qualquer forma, a declaração destacada contradiz o depoimento que o próprio autor deu ao SBT. Pior, ela coloca sob suspeição todos – repito, TODOS – os testemunhos exibidos pela reportagem e destrói a imagem de Orlando Sabino apresentada pela matéria, a de um “inofensivo” paciente psiquiátrico que não cometeu nenhum tipo de crime.

Diante do exposto, é no mínimo arriscado dizer que Orlando Sabino foi completamente injustiçado. Naquilo que o foi, a ele – que já faleceu – devem ser prestadas todas as condolências. No entanto, a tese apresentada de forma resoluta pelo SBT (com a participação de uma assessora da Comissão Nacional da Verdade) – a de responsabilizar os militares por TODOS os crimes denunciados ou atribuídos a Orlando Sabino, acusando-os de utilizar um “bode expiatório” para acobertar suas operações - resta indubitavelmente desacreditada.



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Nota: Uma curiosidade: nas eleições de 2012, Pedro Divino Rosa concorreu a uma cadeira na Câmara de Vereadores de Estrela do Sul pelo PT. Ele ainda é um afiliado do partido, que é um dos principais agentes no esforço de falsificar a história do país e os fatos para - satanizando os militares – consagrar a mitologia do “heroísmo” revolucionário socialista-comunista.

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