Por Bruno Braga
SBT: “Militares transformam homem em assassino para
acobertar crimes”.
A reportagem conta a história de Orlando Sabino. Um paciente
psiquiátrico que é apresentado como uma espécie de “bode expiatório” criado
pelos militares para encobrir os crimes cometidos por eles em ações nos estados
de Minas Gerais e Goiás.
Após assistir à matéria e fazer uma breve pesquisa na
internet sobre o assunto, é inevitável colocar algumas questões:
(1) Dos “diversos” crimes associados a Orlando Sabino,
menciona-se apenas um, o assassinato de um casal de fazendeiros. No entanto, a
reportagem não descreve as outras “vítimas”. O que é imprescindível para – pelo
menos – identificar qual era e se de fato os militares teriam interesse em assassiná-las.
(2) Se o exame pericial realmente constatou que o “homem”
foi morto com tiros de uma arma calibre .44 – que seria de uso exclusivo dos
militares -, é fundamental verificar se os disparos foram de fato realizados
com uma arma que PERTENCIA ou que estava na posse deles. Porque, como observa
Heloísa Starling, que é assessora da Comissão Nacional da Verdade, a região
envolvia uma área de movimentação da Guerrilha do Araguaia. Neste conflito os
revolucionários socialistas-comunistas também utilizaram arma de calibre .44 –
o que os colocariam como suspeitos dos disparos que fizeram aquela vítima.
(3) A tese de que TODOS os crimes atribuídos a Orlando
Sabino foram cometidos por militares (ou agentes da “extrema direita”) é
frágil. Mozart Lacerda Filho observa que “há pouquíssimos indícios que possam
responsabilizar os agentes da repressão por tais crimes”. O articulista, que em
2011 era doutorando em História, afirma que nos arquivos do DOPS, em Belo
Horizonte, há apenas recortes de jornal da época e uma comunicação entre órgãos
de segurança cogitando a hipótese de que os crimes tinham motivação política.
Mozart Lacerda escreve ainda que a história mais recorrente – contada por
pessoas que viveram naquele tempo – aponta que os crimes envolviam uma disputa
entre dois irmãos pelo domínio da região.
(4) Pedro Divino Rosa participa da reportagem. Ele é autor
de um livro sobre Orlando Sabino, “O Monstro de Capinópolis”. Para o SBT, ele
afirmou que Orlando Sabino era um “bode expiatório” (Cf. a partir do tempo
06:35). Mas em uma entrevista concedida em 2011, por conta do lançamento do seu
livro, Divino Rosa – depois de observar que o seu trabalho envolveu uma vasta
pesquisa documental, e que esteve inclusive com o próprio Orlando Sabino – diz
o seguinte: […] “ele (Orlando Sabino) já está solto e vai voltar a matar,
porque ele não tem cura; assim que ele surtar ele vai voltar a matar” (Cf.
vídeo abaixo a partir do tempo 03:26).
Eu não li o livro escrito por Pedro Rosa. De qualquer forma,
a declaração destacada contradiz o depoimento que o próprio autor deu ao SBT.
Pior, ela coloca sob suspeição todos – repito, TODOS – os testemunhos exibidos
pela reportagem e destrói a imagem de Orlando Sabino apresentada pela matéria, a
de um “inofensivo” paciente psiquiátrico que não cometeu nenhum tipo de crime.
Diante do exposto, é no mínimo arriscado dizer que Orlando
Sabino foi completamente injustiçado. Naquilo que o foi, a ele – que já faleceu
– devem ser prestadas todas as condolências. No entanto, a tese apresentada de
forma resoluta pelo SBT (com a participação de uma assessora da Comissão
Nacional da Verdade) – a de responsabilizar os militares por TODOS os crimes
denunciados ou atribuídos a Orlando Sabino, acusando-os de utilizar um “bode
expiatório” para acobertar suas operações - resta indubitavelmente
desacreditada.
Fonte: Mídia Sem Máscara
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Nota: Uma curiosidade: nas eleições de 2012, Pedro Divino
Rosa concorreu a uma cadeira na Câmara de Vereadores de Estrela do Sul pelo PT.
Ele ainda é um afiliado do partido, que é um dos principais agentes no esforço
de falsificar a história do país e os fatos para - satanizando os militares –
consagrar a mitologia do “heroísmo” revolucionário socialista-comunista.
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