Por Paulo Roberto Gotaç*
A triste história de nossa república, com exceção do delírio
desbravador de Juscelino, registra espasmos de crescimento real somente nos
períodos em que o grau de democracia estava, pelas mais diversas razões,
reduzido.
Assim, durante o Estado Novo, o país viu nascerem as CLT's,
ainda em vigor e, na falta de algo melhor, regulamentando as atuais relações
trabalhistas, e presenciou a implantação da indústria siderúrgica, entre outras
conquistas importantes; durante os governos militares, assistiu, por exemplo,
ao estabelecimento de uma rede de infraestrutura que, ressalvadas algumas exceções, é a mesma
que aí está e testemunhou a criação de instituições de referência que até hoje
permitem o funcionamento em bases modernas do estado brasileiro.
Findo o primeiro engasgo democrático (o Estado Novo), o país
mergulhou num caos econômico e social que obrigou, em 1964, a uma reação
categórica por parte de setores significativos da sociedade no sentido de
promover o segundo engasgo, encerrado por novo acesso clamando por democracia e
eleições diretas mas que se iniciou com o mais grave e ao mesmo mais
diabolicamente sutil golpe, este civil, aplicado na república: a eleição
indireta de Tancredo Neves.
De lá para cá, vários governos vestidos de democracia,
alguns dos quais a sociedade não tem muito que se orgulhar pois está vendo o
país acumulando crises nos campos social e econômico, tudo eivado por um
ambiente de corrupção nunca antes visto nestas terras hoje dominadas por um
partido que se auto-intitulava, antes de assumir o poder, baluarte da ética e
da honestidade.
O que nos reserva o futuro? Outro engasgo? De que tipo?
Ainda bem que a história jamais se repete.
Fonte: Alerta Total
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*Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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