Texto original: General de Exército Enzo Martins Peri –
Comandante do Exército
Trecho comentado em negrito: Paulo Ricardo da Rocha Paiva –
Coronel de infantaria com Estado Maior - na Reserva do Exército
Nesse 19 de Abril o Exército celebra, trabalhando, seu
aniversário de criação, cujo nascimento se deu no longínquo 1648 nos Montes
Guararapes. Havia, naquela época, um território ameaçado pelo invasor; havia um
sentimento de corresponsabilidade com a jovem Nação; e havia a grande vontade
de um povo de se autodeterminar.
PRRPAIVA - Nesse 19 de abril de 2014, o EB amarga seu
aniversário, subempregado para variar como gendarmeria em ação eminentemente
policialesca. Que se diga, nesta época atual ameaçado também, só que agora pelo
inimigo interno. Um crime organizado, de tal poder, que o obriga a liberar
zonas submetidas ao seu domínio dentro do próprio território nacional. A noção
das coisas está tão fora de foco que a ocupação da Favela da Maré, no subúrbio
do Rio de Janeiro, teve até hasteamento da Bandeira da Pátria, assim como no
Monte Castelo da Itália. Há que se considerar, de igual modo, que o sentimento
de corresponsabilidade, também com a nação madura, deva persistir de forma
vigilante, atuando sem cessar de forma a não se deixar ultrapassar pelos
acontecimentos. Vive-se hoje um perigo bem maior do que em 1964, com uma
esquerda bem mais organizada no poder, de militância bem mais numerosa, com
grande massa popular comprometida por demagógicos programas assistenciais.
Enfrentamos e vencemos. Fomos gestados, portanto, em um
ambiente de lutas e de sacrifícios de um povo valente, traduzido pelo
sentimento de patriotismo – unindo raças e credos – que se incorporou
definitivamente ao caráter da nossa gente.
PRRPAIVA - Hoje só se pode ter certeza quanto ao
enfrentamento, que vai se dar mais dia menos dia, sendo só uma questão de
tempo. Quanto a vencer, não se pode garantir. Já o ambiente de lutas, este
ressurge. Agora, porém, de caráter intestino e em contexto de fatores
desagregadores de primeira grandeza aviltados por patriotismo absolutamente
fragilizado, haja vista: o sentimento racial na sociedade potencializado por
sistema de cotas generalizado; o
separatismo crescente e descontrolado de índios, hoje organizados em “nações”
no interior do território nacional; os numerosos cantões de quilombolas que, a
cada dia, vão logrando foros de verdadeiras “zonas liberadas” nos estados da
federação; um MST agressivo em situação de expectativa, que aguarda ansioso pela
engrazamento de todos estes fatores para mergulhar o País em uma guerra
revolucionária.
Assim, já se vão 366 anos de dedicação à Pátria, movidos
pelo sentimento de servir. A história do Exército confunde-se com a história do
Brasil. A história do Brasil confunde-se com a história do Exército. Podemos
afirmar que a formação da nacionalidade brasileira tem a impressão digital da
nossa Força. Estivemos presentes na manutenção da unidade nacional; na
demarcação definitiva de nossas fronteiras; na independência da Colônia; no fim
da escravidão; na proclamação da República; na preservação da integridade do
território brasileiro; no esforço pela preservação da paz mundial; na proteção
da nossa gente, vitimada por desastres naturais; na pacificação de áreas conturbadas
e no desenvolvimento nacional.
PRRPAIVA - Nenhuma alusão, nem à “Intentona Comunista de
1935” nem à “Revolução de 1964”. Vergonha de que? Afinal de contas o Brasil é a
democracia que é hoje graças ao posicionamento patriótico que o Exército sempre
tomou nas situações extremas que a nação perpassou em sua história. O País foi
assediado pelo perigo vermelho nestes episódios, que ornam de honra e glória a
Força Terrestre, e eles foram extirpados do passado do grande leão verde oliva!
E a dignidade? E o respeito com quem foi assassinado na cama de campanha? E o
reconhecimento a quem combateu a luta suja dos anos 60/70? Também pudera, nosso
Exército foi mais do que achincalhado pela mídia em geral, durante todo o mês
de março passado, sem que ninguém, de dever e direito, ousasse levantar a voz
em defesa da Instituição. Apenas alguns da chamada (quanta injustiça) “reserva
raivosa” o fizeram. Mas estes indisciplinados são uns loucos. Imaginem que
alguns deles tiveram até a ousadia de se reunir, fora dos quartéis é claro,
para a comemoração do “jubileu” da Revolução de 1964! Isto é um acinte imperdoável!
Mas, mesmo com esse passado histórico e participando
intensamente, no presente, das inúmeras demandas da sociedade a quem serve, o
Exército mantém os olhos postos no amanhã – haja vista que o passar do tempo
não prepara o futuro. O futuro precisa ser construído com planejamento
criterioso e trabalho duro. E é o que temos feito.
PRRPAIVA - Não compreendido: “_haja vista que o passar do
tempo não prepara o futuro. O futuro precisa ser construído com planejamento
criterioso e trabalho duro.” Salvo melhor juízo, se “o futuro precisa ser
construído com planejamento criterioso e trabalho duro”, isto (construção com
planejamento criterioso e trabalho duro) fatalmente vai demandar tempo,
justamente aquele interregno necessário de preparação do futuro. Francamente,
não entendido, precisaria cotejar.
Sabe-se que apenas deleitar-se com as conquistas do passado
é o caminho mais curto para o desastre futuro. A arrogância é o rastilho da
queda. Por isso, preservando o imutável – símbolos, valores, história e
tradições –, com elevado e sólido índice de confiança da sociedade, seguimos
evoluindo, mudando, transformando para acompanhar o crescimento do Brasil, que
nos cabe defender.
PRRPAIVA - Há controvérsias. Há quem diga que esquece-las
também é trair. Para muitos, que não se duvide, o rastilho da queda se acende
quando brio passa a ser taxado como arrogância, quando o mesmo brio se perde a
ponto de comprometer a obediência devida.
Não perdemos tempo e energia decantando glórias do passado.
Quando as recordações superam os sonhos, o fim está próximo. Sabe-se que as
organizações que vivem a olhar sobre seus próprios ombros não se dão conta do
trem que avança no sentido contrário. No palco da vida a cortina ergue-se todos
os dias.
PRRPAIVA - Também há controvérsias. Muitos acreditam, sim, que o fim se aproxima
mesmo quando se é obrigado a passar o tempo amargando as humilhações do
presente, quando as previsões dos cenários sufocam os sonhos. Muitos dizem,
também, que “o pior cego é aquele eu não quer ver”, pois, no momento, uma
locomotiva carregada de pressões dominantes avança no sentido contrário do
porvir da nacionalidade e ninguém consegue olhar, sobre seus próprios ombros,
para aquilatar que estas são bem mais ameaçadoras do que as de 50 (cinquenta)
anos atrás.
No palco da vida a cortina ergue-se todos os dias. Nesse
contexto, se inclui o profundo processo de transformação pelo qual vem passando
nosso Exército para capacitar a Força a enfrentar e vencer os desafios da Era
do Conhecimento. São projetos estratégicos robustos, novos materiais, nova
doutrina, capacitação em defesa cibernética, busca de poder dissuasório – tudo
em andamento.
PRRPAIVA - Tudo em andamento com passo de tartaruga,
suportando constantes cortes no orçamento. Um apetite por blindados desmesurado,
injustificável face às hipóteses remotíssimas de conflito com nações do cone
sul; uma poupança temerária no que concerne a dotar os batalhões de infantaria
de selva (BIS) com meios anfíbios modernos (orgânicos-da própria unidade, sem
precisar tomar emprestado em outras) e que sejam suficientes para o transporte
de todo o efetivo de um BIS em operações fluviais. Quando se pensa, então, que
temos 5 (cinco) brigadas de infantaria de selva, cada uma com 3 (três) ou 4
(quatro) batalhões, estas necessidades se agravam ainda mais!
Em síntese, estamos receptivos às mudanças, incorporando
novos processos, valorizando a ousadia, a criatividade, o questionamento e a
coragem – tudo com foco na missão da Força e no futuro do Brasil – prontos para
enfrentar o amanhã, assim que ele se tornar hoje.
PRRPAIVA - “Prontos para enfrentar o amanhã, assim que ele
se tornar hoje”. Ufanismo e ufanismo, nada mais do que ufanismo. Hoje (que não
é mais ontem), nosso Exército cumpre, com restrições, missões de garantia da lei
e da ordem (GLO) e algumas de paz, de natureza externa. A defesa da Pátria, sua
missão constitucional principal, tem condições de cumprir com êxito desde que
não entrem no conflito, do lado do inimigo, os “grandes predadores militares”.
Para que se tenha uma ideia, são em torno de 26 brigadas (módulo básico de
combate) de naturezas diversas, cada uma com efetivo aproximado de cinco mil
combatentes: 2 blindadas (veículos encouraçados sobre lagarta), 4 mecanizadas
(veículos encouraçados sobre rodas), 10 motorizadas (organização obsoleta,
devem se transformar em mecanizadas), 5 de selva, uma paraquedista, 2 leves
(uma é aeromóvel), uma de aviação (helicópteros) e uma de forças especiais.
Quem imaginar, 130.000 (26X5000) combatentes podem até parecer muito. Entretanto,
e quanto à eficiência/eficácia dos sistemas operacionais destas grandes
unidades? Estes estão em condições de operar? Consta que nem o EB nem o próprio
País dispõem de recursos para equipá-las e mantê-las em operações de defesa
externa contra os “grandes predadores militares”!
Soldados do Exército Brasileiro, a missão está posta! E a
hora é esta. O desafio é ostensivo. Mãos à obra, unidos e coesos como sempre
estivemos. E, trabalhando, celebremos com justificado orgulho mais um
aniversário do nosso Exército – Instituição Nacional, regular e permanente, com
maturidade estratégica e senso de legado. Gente patriótica, comprometida com o
futuro do Brasil, sempre que precisarem, “chamem o Exército”! 19 de abril, Dia
do Exército! Há 366 anos - Sempre pelo Brasil!
PRRPAIVA - União e coesão. Está aí um binômio que precisa
ser muito bem analisado, particularmente na atual conjuntura. Há quem diga que, antes do desencadeamento do
movimento de 1964, a Força padecia com a infiltração particularmente no ciclo
dos graduados, com ênfase nos subtenentes e sargentos. Mas, e hoje, quantos
dentre os graduados, e mesmo oficiais, votaram em lula e Dilma nas últimas
eleições? É previsível até que alguns tenham se arrependido, todavia, nem
todos. Dentre estes que não se arrependeram, quantos estão filiados como
militantes do PT? Diga-se de passagem que nesta situação (militantes filiados),
neste parido, o total aproximado é de 600.000. Neste universo, por que razão
não existiriam alguns militares? Que não nos enganemos, estes não vão se
prejudicar queimando seu filme antes da hora H.
Quanto à reserva se posicionar ombro a ombro com ativa em uma situação
urgente e emergencial, quem duvidar disto não está regulando bem. Vamos lutar juntos
até a morte!
Brasília, DF, 19 de abril de 2014.
Fonte: A Verdade Sufocada
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