A eleição presidencial de 2014 só vai se decidir no segundo
turno. Essa é a tendência desenhada nas pesquisas de intenção de voto
reservadas para os partidos, que não são divulgadas ao público porque servem para
definir estratégias de campanha, por consultarem uma amostragem maior que o
habitual nas enquetes eleitorais. Marketeiros petistas consideram temerária uma
disputa polarizada em novembro. O risco de o governo sair derrotado aumenta
muito com uma oposição mais unida contra o bloco governista – com imagem cada
vez mais desgastada.
Pela média da numerologia, Dilma Rousseff não venceria de
imediato. A Presidenta tem hoje 36% de preferência para sua complicada
reeleição. Aécio Neves aparece com 26 a 27%. Eduardo Campos tem 21. Um fator
preocupante para os partidos que sustentam o governo é o crescente percentual
de quem deseja mudanças, que varia de 70 a 84%, conforme diferentes pesquisas.
Além disso, um percentual de 20 a 30% ameaça usar a eleição como protesto
contra a classe política, votando nulo, em branco ou simplesmente não
comparecendo para o pleito ou justificando o voto fora do domicílio eleitoral
original.
Nos bastidores políticos e econômicos, o informe é que o
inferno do desgoverno Dilma está apenas começando. Os escândalos na Petrobras
são apenas o começo. Grandes broncas devem estourar, também, na Eletrobras
(aparelhada na divisão PMDB-PT). Operações policiais de grande envergadura,
fisgando filhotes de tubarão, como a “Lava Jato” tendem a desdobramentos
surpreendentes. Além disso, o arsenal de dossiês nas mãos da oposição nunca foi
tão farto na mal contada História deste País. A previsão é de muitas broncas
estourando até junho e depois de julho.
Tudo isso joga contra Dilma. O que tende a ser um divisor de
água (ou de lama) é a Copa do Mundo da Fifa (que começa dia 12 de junho, em São
Paulo, e termina dia 13 de julho, no Rio de Janeiro). A ufanista propaganda
televisiva – principalmente da Rede Globo, que tem interesses econômicos
diretos no negócio – tende a fazer com que o torneio de futebol jogue para
escanteio os demais escândalos na pauta marketeiramente manipulada do
noticiário. O governo aposta que o clima de torcida vai neutralizar os demais
escândalos e problemas no noticiário – que será providencialmente (auto)
censurado pela mídia amestrada pela inundação de dinheiro público.
Se a seleção brasileira da CBF vencer o campeonato, o
governo tende a tirar proveito, ganhando pequeno fôlego. Se for derrotada –
será o “Brasil” quem vai perder -, tudo que foi prometido e não ficou pronto,
ou foi mal terminado na base da corrupção e superfaturamento, acabará
providencialmente lembrado pela oposição. Os problemas contra o governo serão
exaltados na fase mais quente da campanha, até a eleição de outubro – que tende
a ser decidida apenas em novembro, no segundo turno.
Além do fator Copa, o fator político tira a graça do Palhaço
do Planalto. Nunca a base governista se mostrou tão sem coesão, com forte tendência
a um racha, por causa das questões regionalistas da eleição. O fato de o PT
insistir em enfrentar os governadores aliados ou seus candidatos abre espaço
para pragmáticas traições. A volúvel situação (sobretudo no PMDB) já dá sinais
de migrar para a candidatura de Aécio Neves. A tática é manter alguns ovos
perto da Dilma, mas botar outros no cesto da oposição. Independentemente de
quem saia vencedor, uma grande fatia do galinheiro peemedebista não vai para o
abatedouro e, melhor ainda, continua governista como sempre.
A prioridade máxima do PT e de parte de sua base governista
é conter os efeitos dos escândalos na Petrobras. A crença imediata é que o caso
Pasadena (aquela refinaria mal comprada, de forma superfaturada, por decisão do
conselhão da Petrobras, então sob comando de Dilma, na gestão de Lula) acabe no
esquecimento. A aposta procede, já que os escândalos cada vez resistem menos ao
tempo. Uma nova denúncia – ou uma grande catástrofe social – tira a bronca
antiga do noticiário. O governo espera que se repita o costumeiro comportamento
volúvel do consumismo midiático por “novidades” (ruins, péssimas ou
aparentemente boas).
Um fator psicossocial ameaça impactar a eleição. A tendência
de explosão da violência urbana, com atos de terror e mortes, combinada com
violentas invasões de propriedades na área rural. Todo ano que antecede as
eleições, sobretudo nos meses de abril e, mais radicalmente, em maio, supostas
facções criminosas, com descaradas intenções de politicagem, promovem
espetáculos de terrorismo. O objetivo é colocar mais medo na já apavorada
sociedade. O caos desvia o noticiário das broncas políticas ou econômicas.
Por fim, tem o fator econômico. Mas este não deve exercer
tanta influência na eleição de outubro/novembro – a não ser que a tal
“oposição” consiga explicar direitinho o caos que se desenha no horizonte. A
inflação – que já assusta com o aumento do custo de vida nas grandes cidades e
periferia delas – pode sair do controle no ano que vem. Os reajustes de energia
(agora) e os aumentos de combustível (certamente depois da eleição), junto com
a quebra da safra agrícola por causa da incomum super-seca deste ano, sinalizam
um 2015 mais caro para quem continua ganhando a mesma coisa. O eleitorado da
bolsa família não percebe tal problema, mas a classe média é atingida
violentamente no bolso.
Eis o teatro de operações para uma campanha tétrica. O
grande capital transnacional, que teve seus interesses prejudicados no Brasil,
claramente não quer mais o PT e seus aliados no poder. O problemão é que os
substitutos operam em uma linha muito próxima da política econômica petista.
Aécio Neves (com Aloysio Nunes de provável vice) e Eduardo Campos (com a marina
Silva, ex-petista radical verde a tiracolo) não simbolizam, exatamente, uma
diferença ao atual modelo.
Enfim, o Brasil tende a mudar em 2014, com alto risco de
continuar a mesma coisa em 2015. Até porque não será fácil desaparelhar a
máquina estatal infestada pela petralhada. O próximo governo –
independentemente do presidente – ameaça ser de alta instabilidade política e
econômica. O que vem depois na República Sindicalista do Brazil, sob sistema
Capimunista, só Deus sabe.
Releia o grave post de ontem: Arapongagem registra 359
chamadas e trocas de SMS entre Presídio da Papuda e Palácio do Planalto
Alto risco
Ira do Gabrielli
A maior ameaça concreta atual ao poder de Dilma Rousseff se
chama José Sérgio Gabrielli.
O ex-presidente da Petrobras na gestão Lula, PT da vida com
o que a turma de Dilma lhe fez – ameaça dar o troco nesse episódio de Pasadena
– que a Presidenta gostaria de ver logo superado e esquecido.
O desgaste de Dilma só aumenta no tiroteio midiático entre
ela e Gabrielli (que insiste que Dilma tem responsabilidade “como conselheira”
na decisão de compra de Pasadena).
Ignorância inaceitável
É um tiro técnico no pé a “gerentona” vir a público evocar
as atas de reunião do Conselhão da Petrobras para alegar que desconhecia as
cláusulas lesivas à empresa no contrato de compra da velha refinaria texana.
Qualquer bebê de colo sabe que é obrigação dos conselheiros
de administração (ainda mais da “presidente” do conselho) votar e tomar
decisões gerenciais com base em informações seguras e confiáveis.
Por isso, Gabrielli (afilhado de Lula) está certíssimo
quando ressalta que Dilma não “pode fugir da responsabilidade dela”.
Numerologia Lava Jato
Negociação de Pasadena
Um infográfico da Folha de S. Paulo mostra, direitinho, a
pisada na bola da gerentona Dilma Rousseff, quando conselheira da Petrobras.
Achamento
Hoje se comemora o “descobrimento” do Brasil – que já tinha
sido achado pelos índios que aqui habitavam bem antes de 1500.
Aproveitando a data, vale lembrar que, até bem depois da
“independência”, em 7 de setembro de 1822, o sentimento de brasilidade não
existia: cada um dizia ser de alguma das “Províncias” (os estados de então).
O sentimento de nacionalidade só foi conquistado durante a
gestão imperial de D. Pedro II e fortalecido pela propaganda ufanista da
República – um golpe contra o Imperador de um país que corria o risco de se
desenvolver – fato que não agradava à Oligarquia Financeira Transnacional que
sempre nos controlou, principalmente desde que herdamos a dívida externa de
Portugal, em 1823, para que a tal “independência” fosse reconhecida.
Preso político do regime petralha
Verso e reverso
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