O parlamentar defendeu, inclusive, pena de morte para menores
que cometem crimes. Foto: Arquivo Pessoal (Arquivo Pessoal) |
Embora o PP apoie a reeleição da presidente Dilma Rousseff
(PT), o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) é um dos principais
incentivadores da Marcha da Família, que defende o retorno dos militares ao
poder e sairá às ruas no próximo dia 22, incluindo no Recife. Ele diz que não
houve nem “ditamole” no Brasil, quanto mais ditadura, acusa Dilma de ser uma
“artista” e fala que o movimento patriota iniciado este mês tem os mesmos
ventos favoráveis de 1964. “Você já viu como a Dilma olha para Fidel Castro?
Parece que ela está recebendo um pacotinho de pirulito de tão feliz. Depois,
ela vem olhar para o Papa Francisco do mesmo jeito. É uma artista”.
O parlamentar defendeu, inclusive, pena de morte para
menores que cometem crimes e voltou a bater nos programa de combate à
homofobia. “Eu não tenho nada a ver com a aranha dela”, esbravejou, reclamando
da ministra especial da Secretária das Mulheres, Eleonora Menicucci, que,
segundo ele, só se preocupa com temas de homossexualidade ao invés de cuidar da
saúde da mulher. Veja íntegra da entrevista que concedeu ao Diario, por
telefone, de Brasília.
Deputado, o senhor está numa foto onde parabeniza os
militares pelo golpe de 1964? É o senhor mesmo?
Sim, o cartaz é meu. Está sendo mais divulgada agora, mas
foi retirada no ano passado, quando eu estourei 40 rojões em frente ao
Ministério da Defesa. No sábado, um avião vai passar com faixas no Rio de
Janeiro dizendo “Vá para Cuba, Fidel Castro de saia”. Será uma alusão à Dilma
Guerrilheira Rousseff.
Como se pode defender o que houve em 1964, deputado?
Aqui não houve ditadura, nem ‘ditamole’. As pessoas viviam
em clima de total segurança e liberdade. Os militares, naquela época, foram
apoiados pela OAB, pela Igreja Católica, pelos empresários, pela sociedade em
geral. Estávamos no limite de uma didatura do proletariado. Não houve golpe
militar. Quem cassou o presidente João Goulart foi o Congresso em 2 de abril de
1964. Quem botou Castelo Branco no poder foi o Congresso em 9 de abril de 1964.
Foram 361 votos para Castelo Branco, inclusive o de Ulisses Guimarães e do
senador Juscelino Kubitschek. (risos)
Que tipo de recepção esse movimento está tendo no Brasil?
Está começando devagar. Foi assim que começamos da última
vez. Esse é o primeiro movimento e eu sou apenas integrante dele. Eu inclusive
sugiro que as pessoas apenas se encontrem nos locais que marcaram, sem fazer
caminhadas, porque, há riscos desse povo do PSOL se meter no meio e criar
confusão. É melhor que as pessoas se reúnam nas praças e batam um papo, ao
invés de se deslocar de A para B.
E sobre as torturas provocadas na ditadura militar, deputado?
Há muito vagabundo 171 dizendo que foi torturado e tem muita
gente recebendo o “bolsa-ditadura” de 20 mil. Nenhum aposentado ganha isso. E
tudo isso defendido e patrocinado pelo governo de Cuba.
Não é uma forma simplista de ver esse período, dizendo que
Cuba patrocinava os militantes da esquerda no Brasil?
Olha, Fidel Castro assumiu o governo em 1959 e quando
derrubou Fulgêncio Batista do poder matou mais de 700 pessoas. Na época, havia
uma guerra fria e o negócio funcionava como o jogo de War (jogo com um mapa do
mundo dividido em seis regiões). Havia interesse em fortalecer outros
exércitos, como no War. Cuba era patrocinada pela União Soviética e ajudava
outros lugares. Mas Fidel prometeu libertar o povo das guarras dos Estados
Unidos e veja só. Ele dizia que a ilha era um prostíbulo dos Estados Unidos,
mas, naquela época, as prostitutas de lá, por exemplo, recebiam 100 dólares por
uma relação. Se alguém for lá em Cuba agora e quiser procurar uma mulher, pode
pagar um dólar, que vai ser muita grana. A situação está muito pior. Um marajá
em Cuba ganha 100 dólares!
E o que os comunistas tem haver com esse protesto?
Queremos mostrar para os políticos do PT, para esse
desgoverno, que não acreditamos nele, na sua liberdade. Eles querem mostrar que
o capitalismo é o inferno e o socialismo é o paraíso, mas essas mesmas
ditaduras de esquerda mataram mais de cem milhões de pessoas, só 20 mil foi em
Cuba.
Mas, ao invés de defenderem uma mudança pelo voto, vocês
querem a intervenção dos militares?
Temos sérias desconfianças para com as urnas eletrônicas.
Queríamos que a pessoa pudesse votar na urna eletrônica e um voto impresso
cairia em outra urna, na mesma hora, mas o PT não quis. O PT foi contra, não
queria que fizéssemos a amostragem.
Deputado, é um pouco chocante tudo isso. Como as pessoas
estão vendo seu discurso?
O meu discurso é verdadeiro, as pessoas acreditam no que eu
falo e sabem que, nós, militares, somos patriotas e democratas. Você já viu
como a Dilma olha para Fidel Castro? Parece que ela está recebendo um pacotinho
de pirulito de tão feliz. Depois, ela vem olhar para o Papa Francisco do mesmo
jeito. É uma artista. Vocês deveriam achar um absurdo que o BNDES tenha enviado
1,2 bilhão de dólares para investir num porto de Cuba (inaugurado em janeiro
deste ano), o porto de Mariel. É justo com o nosso dinheiro? E Cuba vai
exportar o que mesmo? Açúcar e charuto cubano?
O senhor fala muito mal de Cuba, mas nunca foi lá…
Eu não preciso botar a mão no fogo para saber que queima. Se
fosse bom, aquele povo ia viver fugindo desse jeito?
O senhor recebeu convites para disputar a Presidência da
República, porque o senhor tem um posicionamento bem diferente do que se vê?
(risos) Nunca… Se eu tivesse recebido, teria aceitado,
porque daria condições de “atirar” (debater) em Dilma e fazer oposição chegar
ao segundo turno. Eu ia ajudar a acabar com essa política nefasta do PT, mas o
PP está com Dilma.
Deputado, nunca vi posições tão radicais num entrevistado...
Posições radicais? Imagine que você é vítima de um menor que
não tem limites. Você vai defender a pena de morte para ele.
Mas, deputado, eu já fui assaltada por menor de idade, com
revólver, e nunca defendi pena de morte para menores. Defendo que eles sejam
reabilitados, ressocializados.
(risos) Isso é porque você não morreu, não ficou aleijada.
Por que eles não assaltam na favela? Porque lá tem a pena de morte.
Não será porque na favela a condição financeira dos demais é
a mesma da dele?
É? Então, porque ele não estupra na favela, que tem meninas
muito mais bonitas que na cidade? Porque ele sabe que na favela tem pena de
morte.
E sobre essa polêmica questão da homossexualidade. O senhor
insiste em colocar regras em comportamento, em orientação sexual.
Olha, vou te falar. Você sabe quem é a Ministra especial da
Secretária das Mulheres, Eleonora Menicucci? Ela assumiu o cargo (em fevereiro
de 2012) e o que foi que ela falou na primeira entrevista? Você acha que ela
falou sobre a saúde feminina, sobre doenças? Nããããão! Ela disse: ‘não é porque
eu tenho mais de 60 anos que eu não continuo a fazer sexo com homens e
mulheres’. Depois ela falou. ‘Eu me orgulho que minha filha é lésbica’. Esse é
o padrão das pessoas que estão no governo Dilma. Eu não tenho nada a ver com a
aranha dela, mas a partir do momento que ela torna isso público, a gente tem
que bater em cima.
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