Ai, ai… O ministro Edison Lobão parece ser ligeiramente mais
realista quando concede entrevista ao “The Wall Street Journal” do que quando
fala à imprensa brasileira. Por aqui, ele é só certeza, convicção e
assertividade: não vai faltar energia elétrica e pronto! Ao jornal americano,
no entanto, ele admite que o governo pode pedir aos consumidores que economizem
luz para que, como direi?, não haja escuridão na Copa.
Isso quer dizer que Lobão já está com medinho. Pelo visto,
suas orações não andaram surtindo efeito. Se as chuvas não vierem num volume
adequado em abril e maio, assistiremos a um apelo cívico para que os homens
parem de usar barbeador e para que as mulheres abandonem a chapinha — eu até
vou gostar: sinto falta das moças com cabelos volumosos, esvoaçantes.
Essa gente que tudo sabia caminha para o 12º ano de governo,
e o país continua a olhar para o céu, a fazer a dança da chuva. Quando penso em
toda a sabedoria arrotada pela Soberana na área de energia nos últimos,
atenção!, 11 anos e 3 meses e olho para a Petrobras e para o setor elétrico,
sei o que é uma reputação superfaturada, que foi muito competente, já escrevi,
em criar a fama de competente.
Agora eu entendo Guido Mantega! Ele fabricou quatro anos de
crescimento medíocre na gestão Dilma (sim, 2014 vai ser aquela coisinha…) para
nos livrar do apagão. Homem sábio. Ele erra todas as previsões, mas é
intuitivo… Cacique Cobra Cobral deve tê-lo advertido do que nos reservavam os
céus.
Irresponsabilidade
Em setembro de 2012, a popularidade de Dilma andava lá pela
casa dos 60%. Os sinais da economia não eram bons, mas ela vivia seus delírios
de poder. No dia 6, véspera do Sete de Setembro, na boca da urna das eleições
municipais, entrou em rede de rádio e televisão para anunciar a… redução da
tarifa de energia — que só se efetivaria no ano seguinte, em 2013, o que rendeu
um novo pronunciamento, é claro. Se alguém tem paciência, o vídeo segue abaixo.
Para quem não já não aguenta, destaco na sequência alguns trechos de seu
discurso megalômano.
Retomo
Vejam o país do discurso de Dilma:
“Ao contrário de outros países, o Brasil criou, nos últimos anos, um modelo de desenvolvimento inédito, baseado no crescimento com estabilidade, no equilíbrio fiscal e na distribuição de renda.”
“Ao contrário de outros países, o Brasil criou, nos últimos anos, um modelo de desenvolvimento inédito, baseado no crescimento com estabilidade, no equilíbrio fiscal e na distribuição de renda.”
Isto é que é capacidade de planejamento. Essa fala tem
apenas um ano e meio:
“Na próxima terça-feira vamos dar um importante passo nesta
direção. Vou ter o prazer de anunciar a mais forte redução de que se tem
notícia, neste país, nas tarifas de energia elétrica das indústrias e dos
consumidores domésticos. A medida vai entrar em vigor no início de 2013. A
partir daí todos os consumidores terão sua tarifa de energia elétrica reduzida,
ou seja, sua conta de luz vai ficar mais barata. Os consumidores residenciais
terão uma redução média de 16,2%. A redução para o setor produtivo vai chegar a
28%, porque neste setor os custos de distribuição são menores, já que opera na
alta tensão.”
No dia 23 de janeiro de 2013, ela estava de volta à
televisão para, mais uma vez, tratar da redução da tarifa de luz. Eis aqui,
como diria Augusto Nunes, mais uma evidência da “Mulher Sem Visão”.
Leiam com atenção:
“O Brasil vive uma situação segura na área de energia desde
que corrigiu, em 2004, as grandes distorções que havia no setor elétrico e
voltou a investir fortemente na geração e na transmissão de energia. Nosso
sistema é hoje um dos mais seguros do mundo porque, entre outras coisas, temos
fontes diversas de produção de energia, o que não ocorre, aliás, na maioria dos
países.
Temos usinas hidrelétricas, nucleares, térmicas e eólicas, e
nosso parque térmico, que utiliza gás, diesel, carvão e biomassa foi concebido
com a capacidade de compensar os períodos de nível baixo de água nos
reservatórios das hidrelétricas. Praticamente todos os anos as térmicas são
acionadas, com menor ou maior exigência, e garantem, com tranquilidade, o
suprimento. Isso é usual, normal, seguro e correto. Não há maiores riscos ou
inquietações.
Surpreende que, desde o mês passado, algumas pessoas, por
precipitação, desinformação ou algum outro motivo, tenham feito previsões sem
fundamento, quando os níveis dos reservatórios baixaram e as térmicas foram
normalmente acionadas. Como era de se esperar, essas previsões fracassaram. O
Brasil não deixou de produzir um único kilowatt que precisava, e agora, com a
volta das chuvas, as térmicas voltarão a ser menos exigidas.
Cometeram o mesmo erro de previsão os que diziam, primeiro,
que o governo não conseguiria baixar a conta de luz. Depois, passaram a dizer
que a redução iria tardar. Por último, que ela seria menor do que o índice que
havíamos anunciado.
Hoje, além de garantir a redução, estamos ampliando seu
alcance e antecipando sua vigência. Isso significa menos despesas para cada um
de vocês e para toda a economia do país. Vamos reduzir os custos do setor
produtivo, e isso significa mais investimento, mais produção e mais emprego.
Todos, sem exceção, vão sair ganhando. (…)”
Concluo
Um ano e dois meses depois, seu ministro de Minas e Energia
considera a hipótese de pedir, gentilmente, que os brasileiros economizem
energia para não ter apagão na Copa. Tudo depende da chuva. Do planejamento,
por óbvio, é que não seria.
Da próxima, Dilma combina a bazófia com São
Pedro.
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