A pressão contra o
pacote continua muito forte, por todos os lados. Não porque o ajuste não seja
importante. É "muito" importante e deveria ter sido feito há muito
tempo. Um dos problemas é exatamente o atraso. O País já foi rebaixado, a crise
econômica piorou muito, a recessão está mais forte, o desemprego em alta. A
insatisfação é geral.
Os ministros negam,
mas o governo até acena com recuo em alguns pontos, como o adiamento do
reajuste do funcionalismo e as mudanças nas medidas parlamentares. Tenta
reduzir a pressão. Mas vai ser difícil. A CPMF está sendo bombardeada. Ninguém
está disposto a colaborar pra fechar as contas de um governo que gastou mais
que devia e agora, na hora de fazer cortes, ainda vacila. Olha a dificuldade
pra definir que ministérios serão cortados.
Não que isso vá
fazer tanta diferença no saldo final. Mas o governo cobra colaboração enquanto
não consegue fazer o que devia e tem que fazer. Enquanto isso, estamos vendo a
deterioração de conquistas importantes. Hoje mesmo saíram os dados da Fiesp
sobre o emprego na indústria paulista. Foram 26 mil cortes só em agosto. E a
previsão é que possa bater nos 250 mil até o final do ano. Só em São Paulo.
No País, os cortes
do setor podem chegar a 610 mil vagas. E desemprego piora tudo. Derruba o
consumo, a confiança, a atividade das empresas, de toda a economia, a recessão
se aprofunda. E ainda tem a crise política que não sabemos qual será o
desfecho. O dólar parece estar numa montanha russa, refletindo tudo isso. Sobe
num dia, cai no outro. Mas quando cai não devolve tudo que tinha subido. De
degrau em degrau vai mudando de patamar e pesando mais na inflação.
Hoje na abertura foi
a R$ 3,90. Recuou até 3,85 e voltou a subir, pra fechar o dia acima de 3,88.
Tivemos até uma boa notícia. O Federal Reserve, o Banco Central dos Estados
Unidos, decidiu manter os juros básicos perto de zero. Se subissem, a situação
ficava mais complicada. Juros mais altos nos Estados Unidos atraem mais
dinheiro pra la, o que prejudica países mais vulneráveis.
E o Brasil, já
rebaixado, está nessa categoria. Já é visto com muito mais cautela pelos
investidores. E por todos nós. Há um temor que a crise econômica possa se
agravar e não dá pra saber os rumos da crise política. Até o impeachment está
no radar, ampliando o grau de incerteza. A impressão é que estamos numa nau
meio sem rumo, com um comandante que não tem estratégia pra escapar da
turbulência e se defende conforme as ondas vão batendo. E não não se defende
muito bem.
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