O dólar subir hoje, aqui no Brasil, antes mesmo do novo
rebaixamento da nota do País. A desculpa foi a desvalorização do Yuan. A
desvalorização da moeda chinesa pode prejudicar o comércio exterior do Brasil,
na medida em que estimula as exportações mas desestimula as importações, o que
pode, inclusive, derrubar ainda mais os preços de commodities. Movimentos que
já vem prejudicando as vendas externas do País e empresas, como a Vale. Agora,
o rebaixamento da avaliação do Brasil pela Moodys, ainda que tenha sido mantida
a perspectiva estável apenas reforça a tendência de alta do dólar.
É mais um
fator que pode afugentar o investidor estrangeiro. Embora o Brasil ainda não
tenha perdido o grau de investimento, já vem sendo tratado como um País que não
tem o selo de bom pagador. Nos últimos três meses a saída de dólares superou a
entrada e o Brasil vem pagando em captações externas mais do que países com
graus inferiores de avaliação. O problema é a deterioração rápida de vários
indicadores, a dificuldade de execução do ajuste fiscal e o aumento do
endividamento público.
Vivemos uma crise sem perspectiva de reversão no curto
prazo, reforçada por um ambiente político dos mais adversos, o que deixa o País
mais vulnerável. A perda, mesmo, do grau de investimento pode levar alguns
meses e vai depender muito de resultados que o País ainda possa apresentar.
Difícil é contar com resultados mais satisfatórios. Por mais que o governo
esteja tentando maior apoio, as divergências são enormes e sustentadas pela
forte queda de popularidade da presidente. Quanto ao dólar, a dúvida que fica é
se o Banco Central irá atuar com mais intensidade ou não pra conter um avanço
mais forte, já que o dólar mais alto pode pressionar ainda mais a inflação que
já está rondando na faixa dos dois dígitos.
Por outro lado, o dólar mais alto
favorece as exportações e pode dar algum fôlego à atividade econômica, num
processo semelhante ao que a China tenta promover, com a desvalorização do
yuan. Decisão difícil. Sem um rebaixamento efetivo do País, o mercado já fala
no dólar em 3,70 ou até um pouco mais, antes do final do ano.
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