Lula, em polvorosa, anda botando fogo pelas fossas nasais – que, de resto, afiguram-se como duas enormes crateras. (A propósito, as orelhas, o pescoço e a cabeça de toucinho do ex-operário relâmpago, hoje milionário integrante das classes dominantes, estão a exigir exame mais acurado dos especialistas em antropologia criminal estabelecidos nesta e em outras praças).
Mas, dizia eu, o Dr. Lula, tal como Antonio Silvino nos
sertões da Paraíba na era do Cangaço, anda tomado de grande agitação.
Atribulado, ora está em Brasília, mantendo conversas secretas com a companheira
Dilma Rousseff (de quem fala cobras e lagartos para o público interno), ora
pousa em Salvador, onde comanda reuniões em congresso do PT para cobrar mais
dízimos do exército de militantes que vivem dependurados nas tetas do governo.
Quando sobra tempo, o mentor do PT baixa em São Paulo, capital, na regência de
intermináveis encontros com membros da vasta corriola de sindicalistas e de
assessores ideológicos muito bem remunerados. No momento, em salões da ONG
Instituto Lula e da empresa Palestras e Eventos Lils (iniciais de Luiz Inácio
Lula da Silva), duas trincheiras bem abastecidas, o debochado lobista dispara
foguetes zombando da CPI da Petrobras que pretende convocá-lo a depor sobre
propinas e tráfico de influência dentro da estatal.
De fato, a maré não está para o Dr. Lula, um sujeito que
avilta a nação brasileira há pelo menos três décadas. O problema todo, agora, é
que a perícia da operação Lava-jato descobriu que a empreiteira Camargo Correa,
acusada de roubar a Petrobras fraudando licitações e subornando partidos,
políticos e burocratas, repassou ao Instituto de Lula e sua empresa de
palestras cerca de R$ 4.5 milhões. Tornado público, o fato mexeu com os brios
da patuleia ignara e levou o próprio Lula a se considerar – numa metáfora
chinfrim, porém verdadeira – um “volume morto” no cenário da encharcada
política cabocla.
Em nota, a Camargo Corrêa, que movimenta bilhões em
questionadas obras governamentais, disse que “as contribuições” ao Instituto
Lula se referem a “apoio institucional e ao patrocínio de palestras (de Lula)
no exterior”.
Para entornar o caldo de vez, com as recentes prisões de
Marcelo Odebrecht, Andrade Gutierrez e outros figurões do universo corrupto das
empreiteiras, veio à tona a verdade sórdida: na prática, o “carismático”
palestrante não passa de obediente garoto-propaganda financiado para facilitar
negócios das construtoras em Cuba, República Dominicana, Venezuela e países da
África.
Desmascarado com o vazamento imprevisto, o falante Lula, tal qual uma
lagartixa desnorteada, anda subindo pelas paredes.
Para justificar as milionárias “contribuições” das
empreiteiras nativas, o guarda-costas financeiro do matreiro chefão petista,
Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, garantiu, soberbo, que o “cachê
do palestrante não é para qualquer empresa pagar”. O guarda-costas tem razão.
Quem diabo vai torrar 150 mil dólares para Lula vociferar lá fora, em português
de botequim, chavões sobre miséria e fome ou platitudes em torno de promessas
demagógicas que nunca se cumprem? A resposta corre solta na ponta da língua:
apenas as empreiteiras que têm acesso fácil aos financiamentos generosos do
BNDES e aos contratos cabeludos da Petrobras.
Para finalizar, vale destacar o seguinte: ao saber da prisão
do filho Marcelo pela Polícia Federal, Emílio Odebrecht, chefe do clã, teria
sido curto e grosso: “Terão de arrumar mais três celas: uma para mim, outra
para Lula e outra ainda para Dilma”.
Falou e disse.
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Ipojuca Pontes, ex-secretário nacional da Cultura, é
cineasta, destacado documentarista do cinema nacional, jornalista, escritor,
cronista e um dos grandes pensadores brasileiros de todos os tempos.
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