Foi ele que revelou na Folha, em 2009, o caso do “menino do
MEP”, o preso que Lula se gabou de ter tentado subjugar sexualmente nos 30 dias
em que ficara detido e “que frustrara a investida com cotoveladas e socos”.
Cesar Benjamin conhece bem as violações lulopetistas.
Em 2005, durante o escândalo do
mensalão, ele já denunciava ao Estadão que “tinha havido uma série de
financiamentos que desconhecíamos”, “de bancos e empreiteiras, para a campanha
do Lula” de 1994(!) e que o processo de corrupção “talvez tenha começado antes”.
“Quando vejo essa situação atual, tenho consciência de que
não começou agora e é a expressão de uma prática continuada e sistêmica, que
foi introduzida através do Lula e do Zé Dirceu”.
Naquele ano, quase uma década antes de explodir o petrolão,
Benjamin também disse à Época:
“Isso foi vivido como ascensão social para um grande número
de quadros, de lideranças do PT, que mudaram individualmente de classe social.
Passaram a ter um nível de vida que não tinham e viveram isso muito
alegremente.”
Questionado se este processo gerou o cadáver de Celso
Daniel, prefeito de Santo André assassinado em 2002, o ex-militante petista
respondeu:
“Eu não acho, tenho certeza. E houve muitos cadáveres
morais. Este foi o físico.”
Não só este, diga-se. Sete outras pessoas ligadas ao caso
morreram, inclusive o legista que atestara que o prefeito fora
barbaramente torturado antes de ser assassinado.
Agora, Cesar Benjamin voltou a tratar do assunto no
Facebook, por ocasião da morte no domingo (24) de um dos fundadores do PT.
Reproduzo seu post na íntegra, grifando os trechos sobre
Lula e Dirceu:
“Acabo de saber da morte de Antônio Neiva. Muito teria a
dizer sobre ele: seu companheirismo, seu humor, sua lealdade, sua honestidade.
Velho militante da época da ditadura, permaneceu no PT até o fim. Escolho
apenas um momento das nossas vidas.
Eu era da direção do PT quando percebi que o processo de
corrupção se alastrava no partido. Tentei debater isso na direção, sem sucesso,
pois àquela altura todos já temiam os dois comandantes da desagregação, Lula e
José Dirceu.
Restou-me levar a questão ao Encontro Nacional do PT
realizado em 1995 em Guarapari, no Espírito Santo. Fui à tribuna, que ficava
numa quina do grande salão, de onde era possível ver, simultaneamente, o
plenário e a mesa.
Logo depois de começar meu pronunciamento, vi José Dirceu se
levantar, se colocar de frente para o plenário, de lado para mim, e fazer
sinais na direção de um grupo que – depois eu soube – era a delegação de Santo
André.
Pelo tom da minha fala, Dirceu achou que eu trataria do
esquema de corrupção nesse município, que ele e Lula comandavam e que
resultaria depois no assassinato de Celso Daniel.
Ele estava enganado. Eu não falaria disso, simplesmente
porque desconhecia esse esquema. Minha crítica era à perda geral de referência
ética e moral no partido, que nessa fala eu denominei de ‘ovo da serpente’.
Mobilizados por Dirceu, os bandidos de Santo André
saltaram sobre mim, para interromper meu pronunciamento na base da porrada.
Foi Antônio Neiva quem se interpôs entre mim e eles,
distribuindo safanões e impedindo a continuidade do massacre. Foi minha última
participação no PT, que agora agoniza, engolido pela serpente que cultivou.
Descanse em paz Antônio Neiva, irmão, homem honrado.
Cesar Benjamin.”
Uma comentarista do post escreveu:
Na verdade, eu achei que o espaço ainda era público, público
de menos, e resolvi dar uma mãozinha para que se tornasse público, público
demais.
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