Prezados companheiros "da luta": Estamos
encerrando mais uma campanha em defesa das nossas mais caras crenças!
Francamente, eu esperava um pouquinho mais, que
fosse, na mensagem da Ordem do Dia do Exército em 2015. Os
poucos "pastores de ovelhas", aqueles que ainda comungam
no pensamento de que existe uma reserva "raivosa"
(quanta/que injustiça), que me perdoem, mas, faltou algo mais, faltou
alma, faltou a indignação, faltou o brado de "basta" ao engasgo de
sapos. Faltou o recado de quem comanda...
Enaltecer o Exército, do início ao fim de uma mensagem,
neste momento da vida nacional, decididamente, é muito pouco para uma
Força Terrestre que precisa mais, mas muito mais do que nunca, de
desagravo, de sentimento de repulsa, de projeção de brio represado.
Não, em absoluto, não sou contra a exaltação do
nosso Exército. Mas assim também o fazem, a todo o momento, aqueles que o
defendem com unhas e dentes, colocando muitas vezes o sentimento
sagrado de respeito à Instituição e de lealdade à Pátria acima da
"disciplina militar prestante", hoje decantada, com segundas
intenções, em prosa e verso, por notórios inimigos dos militares.
Assim o fazem a todo instante aqueles que não têm o rabo preso nem algo a
perder. Assim o fazem a todo instante aqueles que, muitas vezes, colocam a boca
no mundo, defendendo sem medo a manutenção do ESPÍRITO DE
CORPO do Exército e são acusados, de forma pusilânime, de estarem
concorrendo para a indisciplina ou para a desarmonia.
Que não se duvide: quem clama por BRIO, muito mais
que raivoso, está, sim,indignado pela falta de atitude, pela submissão às
conveniências, pela falta de "decisão de caráter moral"!
Preocupante! Não enalteceu o Exército pelo
cumprimento de missão vital, em 1935 e 1964, qual seja a de livrar o
País da "foice e do martelo". Medo do que? Medo de
quem? Arrependimento? Vergonha? "Mea culpa"?
Ainda no dia 14 de abril, em reunião da reserva com o
comando da guarnição de Santa Maria, ao final das exposições, fiz chegar
pessoalmente ao excelentíssimo senhor comandante da 3ª DE
não uma pergunta, muito menos um questionamento, mas, tão somente, a
solicitação de que se fizesse chegar ao alto comando a apreensão da
reserva, e mesmo da ativa, quanto ao fato da nossa Medalha do Pacificador ainda
estar no peito de um guerrilheiro mensaleiro.
Devo acreditar (à esta altura, acho que ninguém mais
duvida): esta preocupação seria transmitida, a quem de direito e
obrigação e à viva voz, por alguns companheiros (AOS QUAIS ME
INCLUO), em uma reunião na qual estivesse presente
o próprio comandante da Força. Sim, porque ninguém, absolutamente
ninguém, nem oficiais-generais podem estar imunes às cobranças (desde que
feitas na posição de sentido), de forma a que não se afastem da exação no
cumprimento de suas atribuições funcionais.
Atenção! Até sobejas provas em contrário, acho que gente
desqualificada vai ser enterrada, como sempre, com a Bandeira Brasileira, só
que agora, também, com o pavilhão auriverde emoldurado pela nossa Medalha
do Pacificador! QUEM VIVER VERÁ!
Em oportunidade passada alguém já disse: -"Que
ninguém se julgue perfeito neste mundo. A natureza humana é imperfeita. Quem
jamais pecou, quem nunca errou, quem nunca se enganou, que atire a primeira
pedra! Mas, não há como negar também aquele velho e sábio ditado: - “Errar é
humano, mas persistir no erro é diabólico.”
A voz do povo é a voz de Deus, mas o clamor do Exército é
o brado do soldados! E o brado da tropa, ativa e reserva, que me
perdoem mais uma vez os "pastores de ovelhas", não foi ouvido, muito
menos assimilado, por quem deveria ter um mínimo de sensibilidade como condutor
de homens de farda. Sentir, identificar, assumir a aspiração do
subordinado é atributo/princípio de liderança. O Duque de Caxias sentiu
na carne que sua intervenção em Ytororó era o desejo de seu soldados. Osório,
Sampaio, todos eles, sabiam manejar o carisma pessoal, sempre
identificados com o que a tropa esperava deles em termo de
atitudes. Nos últimos dias, ativa e reserva traduziram para o comando do
Exército suas justas aspirações, suas expectativas de justiça, de
desagravo, de imposição de auto respeito pela Força Terrestre, para seu
comandante, e ele não entendeu a mensagem.
Não, não desejamos a tal NOVA FORÇA TERRESTRE apregoada
com tanta ênfase naquela ordem do dia. Eu pelo menos prefiro a
FORÇA TERRESTRE ANTIGA, aquela de generais como Humberto de Alencar
Castelo Branco, que não levava desaforo para casa, que não admitia a
convivência com declarados inimigos do Exército, que não se afastava
um milímetro do cumprimento de suas atribuições por qualquer tipo de
conveniência.
Não, não sou o dono da verdade! Quem viu alguma
coisa de aproveitável na dita mensagem, para a situação periclitante em que
estamos mergulhados hoje (até o talo), QUE SE MANIFESTE. Mas não venha com
aquela "estória para boi dormir" de que apregoo o
"golpe"; com aquela excrecência injusta de que, cobrando por
atitude, estou sendo indisciplinado ou que, chamando companheiros de
"pastores de ovelhas", estou contribuindo para a desunião. Que estes
últimos fiquem tranquilos: quando a hora da definição chegar,tenho a
certeza de que estaremos do mesmo lado da trincheira. Quando a "luta"
tiver lugar (e ela vai chegar), não faltará um "VELHO SOLDADO
RAIVOSO" para buscar o "PASTOR DE OVELHAS" que tenha sido
ferido no combate.
O meu abraço forte a todos, "raivosos e
pastores".
SELVA ! BRASIL ACIMA DE TUDO !
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Paulo Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e
Estado Maior, na reserva.
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