Por Márcio Accioly
É possível que ninguém jamais tenha mentido tanto numa CPI
como José Sérgio Gabrielli (PT-BA) na que investiga a roubalheira sem fim na
Petrobras. Ex-presidente daquela empresa, até as pedras das ruas sabem que
Gabrielli era um dos chefões da gatunagem, abastecendo campanhas eleitorais
como a do ex-governador da Bahia Jacques Wagner (PT). O que impressiona mais
ainda, neste país de calhordas, é o fato de Wagner ser atualmente ministro da
Defesa. Minha nossa!
O acordo na cúpula petista baiana tinha o ex-presidente da
petrolífera como candidato à sucessão governamental de Wagner. Tanto que,
depois de sair da empresa, Gabrielli assumiu Secretaria do governo baiano
(Planejamento), onde ficou aguardando a hora de desincompatibilizar e mergulhar
na campanha. Para se tornar conhecido, comentava programa político de rádio
todas as quintas-feiras, onde falava de tudo: desde a formação de ninho de
passarinho à construção de arranha-céu e bomba atômica.
Como o povo na maioria vive a se idiotizar, e sempre quer
ter no que acreditar, o que Gabrielli dizia passava a figurar como verdade
insofismável, em especial para os beneficiados por bolsas pagas com extorsivos
impostos, maneira dissimulada de compra de votos. Tudo ia muito bem, até que
apareceram as primeiras denúncias da Operação Lava Jato, fulminando a sua
candidatura. O operador da roubalheira petista, que respondia a todas as
determinações do chefão, Lula da Silva, o Lularápio, soçobrou.
A Petrobras é um “segredo”, entre aspas, que já fez fortuna
de muita gente. Basta lembrar “o japonesinho do Geisel”, Shigeaki Ueki,
ministro das Minas e Energia (1974-79) e presidente da Petrobras (1979-84). Ele
vive hoje no Texas e é considerado uma das maiores fortunas do mundo. Não
possuía tanta riqueza, antes de ser cooptado pelo Regime Militar (1964-85).
Um dos maiores mistérios com relação à Petrobras é o fato de
o ex-presidente FHC não admitir que haja investigação englobando seu período de
governo (1995-2003). Todas as vezes que se fala nisso é um verdadeiro deus nos
acuda. Na gestão FHC, o presidente da Petrobras, até 1999, foi Joel Rennó. Ele
vinha da gestão Itamar Franco, iniciada em 92. Certo dia, o jornalista Paulo
Francis, morto em 97, afirmou num programa de televisão (Manhattan Connection),
que havia corrupção na Petrobras.
O programa era transmitido por canal pago (Globo News) e
teve ampla repercussão no Brasil, pois Francis afirmou que diretores da empresa
tinham contas milionárias na Suíça. Sete diretores da Petrobras, liderados por
Joel Rennó, moveram processo em Nova York (deveria ter sido movido aqui no
Brasil), e cobraram uma indenização de 100 milhões de dólares. Pouco tempo
depois, angustiado, Paulo Francis morreu. Nem o presidente FHC, segundo
confessou, conseguiu demover Rennó do propósito de processar Francis.
Pois não seria esta a hora de se empreender investigação
profunda e colocar tudo em pratos limpos? Mas FHC, ou o chamado “líder
oposicionista”, Aécio Neves (PSDB-MG), não quer saber de encrenca com o PT. Os
dois afirmam não ser bom falar em impeachment, que não adianta tirar Dilma e
que é preciso ter muito cuidado, embora não se saiba com quê.
O certo é que a Petrobras é sangrada há anos e o desenlace
se dá agora na gestão petista, pois o PT aparelhou toda a máquina estatal com
bandoleiros inconsequentes! A coisa vai assumir proporção nunca vista, pois a
situação climática mundial está promovendo quebra na produção mundial de
alimentos. Aos que se apossaram da máquina do Estado, e dominam todos os seus
departamentos, resta o consolo de dispor de grande volume de notas fresquinhas
para comerem quando a fome apertar.
_____________
Márcio Accioly é Jornalista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário