Por Percival Puggina
Eram 20 horas do dia 26 quando os números da eleição
presidencial me caíram diante dos olhos, saídos do éter e cercados das mesmas
inconfiabilidades que caracterizam as pesquisas de intenção de voto. Mas desta
vez eram números para valer. Dilma e o PT ganharam mais quatro anos para
destruir o Brasil e o caráter da população brasileira.
Vieram-me à mente as
palavras de Mateus 11, 21-22.
“Ai de ti, Corazim e ai de ti, Betsaida! Porque, se os
milagres que fiz nas vossas ruas tivessem sido praticados em Tiro e Sidom, há
muito que o seu povo se teria arrependido com vergonha e humildade.
Verdadeiramente, Tiro e Sidom estarão melhor do que vocês no dia do juízo!”
Elas são bem
adequadas ao momento. Qualquer outro povo que tivesse, desde 2005, quando
estourou o primeiro escândalo do governo Lula, conhecido o que o Brasil
conheceu, sabido do que o Brasil ficou sabendo, contemplado o futuro que o
Brasil contempla, sido fatiado em alas e conflitos como o Brasil foi, andado
nas companhias com que o Brasil andou, feito os negócios que no Brasil se
fizeram, perdido tudo que no Brasil se jogou fora, teria enxotado seu governo a
votos na primeira oportunidade. O Brasil já perdeu a terceira. Se o que
acontece nas nossas ruas ocorresse em país sério, seu povo se teria arrependido
com vergonha e humildade. Ainda não chegou para nós o dia em que o Brasil
tomará juízo.
Felizmente, metade da nação já despertou. A disputa começou
muito mais desigual. Ao longo dos últimos meses, porém, o petismo, sem meias
nem peias, que se julga dono do Brasil, foi produzindo o mais incômodo de seus
resultados: o antipetismo consciente, crescente e comunicante, que se irá
organizar porque exatamente aqui, onde o PT julga que tudo termina, é onde tudo
começa. O que era disperso ganhará coesão.
Já que o PT preferiu dividir, dividido está. E o que foi
dividido saberá unir-se. Em dois anos haverá novas eleições e, desta vez, os
antipetistas sabemos quem esteve e quem está com quem. Isso o PT e o Congresso
Nacional ficaram sabendo: metade do Brasil é antipetista. E todo parlamentar
que não for assumidamente antipetista vá cantar na sua freguesia porque terá
metade da nação contra si.
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Percival Puggina é arquiteto,
empresário, escritor, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, autor de
“Crônicas contra o Totalitarismo”, “Cuba, a tragédia da utopia” e “Pombas e
Gaviões”.
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