O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador
Aécio Neves (MG), iniciou sua palestra no Fórum Empresarial de Comandatuba,
nesta sexta-feira, 2, tecendo elogios ao ex-governador de Pernambuco e presidenciável
do PSB nesta campanha, Eduardo Campos. Apesar de estar em campo distinto na
corrida presidencial, o tucano disse: "Não consigo ver o Eduardo como
adversário, somos companheiros de trincheira do mesmo sonho", arrancando
aplausos da plateia. Depois de criticar a atual gestão petista, ele disse que
falaria algo que iria surpreender a todos: "Não vejo como, a partir de
2015, não estarmos eu, (Eduardo) Campos e Marina (Silva) no mesmo projeto de
País."
No campo da reforma política, Aécio defendeu o voto
distrital e o fim da reeleição com mandato de cinco anos. O tucano lembrou que
a instituição da reeleição foi feita no governo de seu correligionário, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e brincou: "Vou parodiar o
presidente Lula e dizer que prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter
aquela velha opinião formada sobre tudo." Em 2007, o então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva usou frase do músico Raul Seixas para justificar
diferenças de posição do PT como oposição e como governo.
Economia. No discurso aos empresários, Aécio voltou a dizer
que o Brasil não foi descoberto a partir de 2003, numa crítica indireta a Lula.
Mas enalteceu o petista por conta dos programas de transferência de renda bem
sucedidos que ele implantou em sua gestão. O tucano repetiu a frase que havia
usado em outras ocasiões nesta pré-campanha: "Somos todos brasileiros, não
podemos dividir o Brasil ente nós e eles".
Após o breve elogio ao petista, o presidente do PSDB
criticou a mudança nos pilares macroeconômicos iniciada no segundo mandato de
Lula. "Estamos voltando à agenda de dez anos atrás". E alfinetou:
"Tenho divergências profundas com os que estão no poder (governo do
PT)."
O senador mineiro criticou também a falta de segurança
jurídica que, no seu entender, impera hoje no País. "Não se respeitam
regras, somos vítimas desse intervencionismo", frisou. E disse que o
próximo presidente herdará uma "herança perversa" de inflação em
alta, crescimento baixo e perda crescente de credibilidade. Aécio citou ainda os
"péssimos resultados" da balança comercial brasileira.
Outro alvo de crítica foi a "escorchante carga
tributária". Aécio prometeu que, se for eleito, vai apresentar em seis
meses uma proposta de simplificação tributária, arrancando aplausos dos empresários.
"Quem melhora a vida de cada um é a própria pessoa, Estado tem de ser
apenas parceiro, restabelecendo a confiança e a esperança."
Obras. No fim da palestra, Aécio disse que não é possível
classificar como natural os "gastos milionários" do governo federal
com as obras públicas em todo o País. Ele disse que o setor público não é
inimigo do setor privado e que não é possível o País estar na lanterna do
desenvolvimento da região.
Além das críticas à economia, o senador tucano falou que o
País enfrenta problemas nas áreas da educação, saúde e segurança. "Temos
de ter coragem de enfrentar a questão da criminalidade, sem a omissão atual do
governo federal", disse.
Aécio começou sua explanação, que durou 35 minutos,
brincando com o presidente do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), João Dória
Júnior, dizendo que ele poderia ser o arrecadador de sua campanha, após ele ter
coordenado arrecadação para o Instituto Ayrton Senna na manhã desta
sexta-feira, reunindo em poucos minutos uma cifra superior a R$ 1 milhão.
(Estadão)
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