A manutenção da prisão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da
Petrobras apanhado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, apavora o
governo e um dos maiores grupos econômicos brasileiros, a transnacional baiana
Odebrecht. Além de conselheiro da BR Distribuidora, Costa também ocupou uma
vaga no conselho de administração da Braskem – ponta petroquímica da Odebrecht,
focada na produção de resinas termoplásticas, e parceira da Petrobras em vários
empreendimentos. Os negócios de Costa também mexem com os nomes dos grupos
Queiroz Galvão e Camargo Corrêa.
Por isso, o plano é isolá-lo para transformá-lo em bode
expiatório. A tentativa é reeditar uma espécie de Marcos Valério, no caso do
Mensalão. Se condenado, o agora vilão Paulo Roberto Costa assume todas as broncas,
sem redistribuir a culpa a ninguém. O principal objetivo é evitar que Costa
seja seduzido por alguma proposta de delação premiada que acabe envolvendo
gente importante do governo, da Petrobras e do empresariado parceiro do
capimunismo petralha. A mesma tática valerá para Nestor Cerveró, destituído da
direção financeira e do conselho da BR Distribuidora, que se encontra na
Europa, cuidando da vida...
Tudo indica que Costa vai para o sacrifício, para poupar o
governo e a Petrobras. Evidência dessa manobra defensiva foi o ataque direto da
presidente da estatal, Maria das Graças Foster, ao justificar a criação de uma
comissão interna da companhia para apurar o caso Pasadena. Ainda mais porque o
escândalo mexe diretamente com a melhor amiga de Graça, a Presidenta da
República Dilma Rousseff, ex-presidente do Conselho de Administração da
Petrobras na gestão presidencial de Lula da Silva – que aprovou a desastrada
aquisição da refinaria texana.
Graça alvejou Paulo Roberto Costa: “As últimas discussões
sobre a relação eventual do diretor Paulo Roberto (Costa, ex-diretor) com
Pasadena. Eu descobri (segunda-feira), não sabia que existia um Comitê de
proprietários de Pasadena no qual o Paulo Roberto era representante da
Petrobras. Esse comitê era acima do board (conselho de administração). Depois
que entramos em processo arbitral esse comitê deixou de existir”. Graça fez
questão de frisar que ficou PT da vida com a surpreendente descoberta: "Eu
não posso saber disso dois anos depois de estar na presidência da Petrobras. Eu
não posso ser surpreendida com informações que me dão o desconforto necessário
para que eu busque uma comissão para apuração".
Na entrevista exclusiva concedida ao jornal O Globo, Graça
Foster coloca em prática a ação defensiva da Petrobras para tentar o milagre de
isolar a companhia das ações de Costa – agora em desgraça judicial: “Tudo é
surpreendente. E nos deixa muito reativos no sentido de que somos uma empresa
de 85 mil empregados. De uma empresa que tem uma dedicação inquestionável às
causas da companhia. E estamos em pé e trabalhando dedicadamente
independentemente de questões que nos entristecem e que nos deixam tão
apreensivos. Num caso desse que entendo que vai ser julgado, e não sei qual é a
situação do ex-diretor, um caso desse não representa a Petrobras,
definitivamente. Então, a gente espera como vai ser o desdobramento. O
ex-diretor, quando julgado, não representa a Petrobras. Com certeza, me
surpreendi. E tenho dito à companhia que estamos em pé trabalhando fortemente
num ano de prosperidade da Petrobras, pois o ano de 2014 é o ano de
prosperidade. Trabalhamos tanto para o aumento de produção, para que a Rnest
(Refinaria Abreu e Lima) tenha os custos controlados. Há dois anos que a gente
segura a Rnest para controlar os custos. No Comperj, fizemos dezenas de
simplificações para que coloque o Comperj em pé. É algo que emociona”.
As emoções realmente prometem ser fortíssimas... Tanto que,
ontem, o desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, João Pedro
Gebran Neto, confirmou a decisão do juiz Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de
Curitiba, e negou habeas corpus e manteve a decretação da prisão preventiva de
Paulo Roberto Costa. O principal argumento da Justiça foi que Costa, além de
incriminado por interceptações telefônicas legalmente feitas pela Polícia
Federal, tentou obstruir as investigações, junto com familiares que retiraram
grande quantidade de documentos dos locais de busca e apreensão pela Operação Lava
Jato.
As emoções devem subir a pressão sob a Petrobras – ameaçada
por uma CPMI que a base aliada deve transformar em mais um espetáculo político
de impunidade, diante de uma oposição sempre vacilante, que agora só posa de
valente pela proximidade da eleição de outubro. Realmente será emocionante
conseguir o milagre de dissociar o agora “vilão” Paulo Roberto Costa e seu
parceiro de maldades, o doleiro Alberto Yousseff, das obras superfaturadas da
Refinaria Abreu e Lima. Segundo o Tribunal da Contas da União, apenas na
primeira fase, a parceria mentirosa de Lula com o falecido venezuelano Hugo
Chávez teve um superfaturamento de R$ 69,597 milhões. O sobrepreço equivale a
cabalísticos 13% do total do contrato, que era de R$ 534.171.862,30.
Haja emoção... O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em
Curitiba, confirmou a existência de documentos demonstrando pagamentos vultosos
do doleiro Yousseff a Costa, entre 2011 e 2012, relacionados às obras da
refinaria pernambucana. Caso isto se comprove, principalmente com pagamentos a
terceiros, se configuraria crime de corrupção passiva. A grande chave das
investigações e do processo será identificar quem são os tais “terceiros”
beneficiados pelo esquema. A mágica desejada pelo governo e pela cúpula petista
é que, nos bastidores, por falta de provas, providencialmente já destruídas,
fique difícil ou impossível culpar mais gente importante.
Agora, sem a menor emoção, não será surpresa se, em nome da
sempre alegada “governabilidade e do interesse maior da Nação”, o tal Lava Jato
(que identificou uma lavanderia ilegal de uns R$ 10 bilhões, igualando o velho
Mensalão a um roubo de galinha) acabe em mais um “Jato Leve” de impunidade, que
vai demorar uns 10 anos ou mais para chegar a alguma conclusão final nos
tribunais.
Negociações abertas
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Homem Bomba
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