A semana até parece que terminou mais calminha, depois do
pânico de ontem no mercado financeiro, quando o dólar e as taxas de juros subiam
sem parar até que tomaram um sossega-leão dado pelo governo. O dólar e os juros
voltaram para um nível ainda altíssimo, mas não mais terrivelmente altíssimos.
Mas isso foi apenas um tranquilizante para uma crise aguda
de loucura no mercado. Os motivos para que a coisa continue a dar errado
continuam. Baixou a febre, não acabou a doença.
Hoje, o vice-presidente Michel Temer disse a executivos de
empresas de varejo que a volta da CPMF dificilmente vai passar no Congresso.
Sem o dinheiro da CPMF, o governo por ora não tem como tapar o rombo nas suas
contas. Sem tapar o rombo, juros e dólar vão continuar a subir, talvez não tão
rápido como nesta semana. Mas vão.
Com dólar mais alto, vem mais inflação. Com juros mais
altos, o crédito para empresa desaparece cada vez mais. Assim, a recessão fica
mais e mais profunda. Recessão quer dizer que empresas não investem e demitem.
Demitem cada vez mais.
Hoje, a gente soube que o número de pessoas empregadas com
carteira assinada caiu quase um milhão, nos últimos 12 meses. Neste ano inteiro
de 2015, o país deve perder mais de um milhão de empregos formais. Faz oito
meses, o salário médio dos novos contratados perde da inflação. Quer dizer,
quem arruma emprego, ganha menos.
Enquanto o governo não der um jeito de cortar gastos, a data
do fim da crise continua nebulosa. Por ora, as previsões são de que o ano que
vem ainda será de recessão: a economia encolhe e o DESemprego aumenta.
Poderíamos ter até uma recessão menor no ano que vem. Este
ano está perdido, mas 2016, não necessariamente. O problema é que o governo
está perdido, sem rumo, sem apoio nem para aprovar os planos mais modestos.
Está ficando repetitivo dizer essa coisa horrível, mas, por enquanto, a
possibilidade maior é de que as coisas apenas piorem.
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