Por Maria Lucia Victor Barbosa
Nunca houve manifestação com a do dia 15 de março. Era como
se um só corpo imenso ondulasse por todas as cidades e capitais, notadamente,
em São Paulo. Não houve violência como o PT torceu para que houvesse. Não houve
ódio como pregou insistentemente o governo. Não havia golpismo, pois pedir o
impeachment de um governante é legal e legítimo.
Quanto a crítica, segundo a qual toda aquela gente era
composta por uma elite branca, pertencente à classe alta, adepta da direita e
clamando por terceiro turno, mais parece uma alucinação ideológica ou uma
distorção do fato na tentativa de desqualifica-lo. Elite branca? Então,
estaríamos em outro país como a Dinamarca, Escandinávia, Suécia, mas não no
Brasil.
O que houve foi o povo enchendo as ruas para deixar claro
que a propaganda tem limite, que a mentira tem limite, que a hipocrisia tem
limite e que não se acredita mais em conversa fiada.
Se existiu cor marcante entre os milhões de cidadãos essa
foi verde-amarela. Quem ficou no vermelho foi o governo petista, que precisou
chamar seus movimentos chapa branca para defendê-lo. No desfile chocho dos
vermelhos muitos ganharam transporte e trinta reais para desfilar sem saber o
porquê do ato. Um desses incautos ao ser perguntado sobre o que fazia ali
titubeou, enrolou e depois de um grande esforço balbuciou: "nós viemos
aqui para pedir que a Dilma saia". Que ironia!
Desse modo, o exército de Stédile convocado pelo marechal de
campo do PT, Lula da Silva, não foi expressivo. O MST, depois do apelo do seu
patrono ficou destruindo pesquisa científica, invadindo aqui e ali, mas não
chegou a exercitar toda sua costumeira violência na passeata. A CUT bem que se
esforçou com os carros de som, os manifestantes pagos, as bandeiras e balões,
mas não foi exitosa. A UNE, outrora vanguarda estudantil e agora diluída em
pequenos e radicais partidos de esquerda, e que também vive à custa do governo
petista parece ter perdido a mística, apesar de ainda haver fundamentalistas
baseados na fé entre suas fileiras.
Contudo, o que explica a falta de entusiasmo dos vermelhos
em contraste com os verde-amarelos é que os primeiros também eram contra os
ajustes ficais e a perda de direitos trabalhistas, coisas ditas, é claro, de
outro modo para disfarçar. E esse dado mostra a solidão da governanta hoje com
13% de aprovação segundo um instituto, 7% por outro.
Existem também certas características que precisam ser
ressaltadas nas manifestações de 15 de março com relação às críticas que o ato
sofreu:
1º - Os chamados "aspectos difusos" da
manifestação não resistem à verdade de que o foco era nitidamente um só: a
insatisfação popular. Foi essa insatisfação que gerou os brados de "fora
Dilma", "fora Lula", "fora PT".
2º - Em pronunciamento a governanta disse que a corrução é
uma "velha senhora". Sem dúvida, todos sabem disso, porém, nunca um
partido conviveu tanto com essa antiga conhecida. A Operação Lava jato continua
trazendo à tona o maior escândalo já havido, no qual os roubos são em milhões,
perfazendo bilhões. A Petrobras foi arrombada durante os governos petistas de
Lula da Silva e Dilma Rousseff, sendo que esta foi ministra de Minas e Energia,
ministra da Casa Civil, presidente do Conselho da Petrobrás e presidente da
República. Não é difícil adivinhar a quem os cartazes das manifestações se
referiam no tocante a corrupção.
3º- Pela primeira vez apareceram cartazes com "fora
Lula" e cantos debochados foram entoados contra o aquele que deixou a
presidência com 80% de aprovação. Esse fato é que mais deve ter horrorizado o
PT. Rousseff é descartável, mas sem Lula PT acaba.
4º - Quando o povo gritou "fora Dilma", não estava
se referindo aos dois meses do mandato que ora se inicia, mas aos doze anos do
PT no poder, especialmente aos quatro de Rousseff. Nesse tempo não só a
Petrobras foi assaltada, como o Brasil foi arrebentado, dilapidado, saqueado.
Finamente, os que estão usando o antiquado termo burguês são
incapazes de entender que não há governo que aguente quando a economia vai mal.
A tendência é piorar e dificilmente vão ter paciência os que sofrem as
consequências da inflação, dos juros altos, de mais impostos, do desemprego que
já mostra sua cara, da perda de direitos sociais, das altas da energia e dos
combustíveis.
O que deseja o governo petista? Que o povo pague por seus
erros e que o PMDB e demais partidos assumam o desgaste político do arrocho que
estão tentando empurrar goela abaixo dos brasileiros. Enquanto isso, Lula,
Rousseff e demais companheiros continuariam na doce vida, prestigiando a velha
senhora.
Isto pode acontecer, mas será um governo morto-vivo, no qual
uma presidente sem dignidade para renunciar vagará por seus palácios sem
coragem de ir às ruas. Agora, as ruas são do povo.
Fonte: Em Direita Brasil
_______________________
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
mlucia@sercomtel.com.br
www.maluvibar.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário