Por Percival Puggina
Em sessão com clima de anúncio relevante, a presidente da
Petrobras Graça Forster montou no cavalo encilhado dos escândalos e assumiu seu
lugar à mesa dos trabalhos com fisionomia de atendente de UTI de Pronto
Socorro, em final de turno, numa segunda de Carnaval. Do cabelo à ponta do
nariz, tudo que podia desabar tinha desabado. Afinal, as horas antecedentes não
haviam sido moleza. Todos os grandes senhores das empreiteiras nacionais, que
eram recebidos com tapete vermelho nos gabinetes da empresa, estavam dormindo
no chão do xadrez. Delações premiadas espocavam de toda parte e lembravam
extrações da Loteria Federal. Às avessas. Milhões regurgitavam de todos os
cantos.
Os sólidos muros da impunidade tombavam pelo simples fato de
que ainda há juízes em Curitiba e lá está o celebérrimo magistrado federal
Sérgio Moro, a quem a capital paranaense já deve uma estátua no meio da Praça
Carlos Gomes.
A presidente da empresa iria anunciar providências. Eram
necessárias. Dois dias antes, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
chamado às falas, mostrou porque o antipetismo é tão indispensável ao país.
Estas investigações, havia dito ele, não podem ser vistas "como o 3º turno
da eleição presidencial". Chegará o dia em que esse petismo desabrido vai
entrar para o CID-10 (Código Internacional das Doenças).
Voltando à Graça e aos perigos do petismo delirante. Qual o
anúncio feito por aquela senhora de quem já se disse ser tão competente e
familiarizada com a empresa que conhece como ninguém? Ela anunciou a criação de
uma diretoria para fiscalizar as diretorias. Não é genial? É algo assim como
uma presidência para fiscalizar a presidência. Pelo que se sabe, ninguém ainda
foi cogitado e, principalmente, claro, não há partidos interessados.
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Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de
Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões,
integrante do grupo Pensar+.
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