No fim de 2008, depois de dar por inaugurado o Brasil
Maravilha, o primeiro ex-operário promovido a presidente da República cismou
que a ONU merecia um secretário-geral que, além de monoglota, nunca lera um
livro nem sabia escrever. Nos dois anos seguintes, até que a ficha caísse, Lula
caprichou no duplo papel: Conselheiro do Mundo e Solucionador de Conflitos
Insolúveis.
O consultor planetário, por exemplo, tentou convencer o
governo americano de que, vistos de perto, os aiatolás atômicos do Irã eram
gente fina, que recorria a peraltices nucleares só para chamar a atenção dos
adultos. O especialista em crises sem remédio abandonou de novo o local do
emprego para baixar no Oriente Médio e ensinar que ódios seculares podem ser
liquidados com uma semana de prosa & lábia.
Voto revoga prontuário, reiterou a campanha internacional.
Lula bajulou genocidas africanos, perdoou dívidas bilionárias de tiranos
caloteiros, ajoelhou-se no altar de Hugo Chávez, celebrou missas negras em
companhia de assassinos psicopatas, rebaixou-se a amigo e irmão de abjeções
como Muammar Khadafi, debochou dos presos políticos cubanos; fez o diabo. Mas a
candidatura a comandante da ONU fez tanto sucesso quanto a ideia de instalar no
governo paulista um poste disfarçado de Alexandre Padilha.
O padrinho pode ter sua segunda chance caso ajude a afilhada
a provar que só a troca dos ataques aéreos por conversas civilizadas conseguirá
encerrar o show de selvageria protagonizado pelo Estado Islâmico. Como constata
o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, não há no mundo alguém tão
preparado quanto Lula para missões do gênero. A partir de novembro,
ex-presidente estará liberado para sossegar os companheiros degoladores com
meia dúzia de conversas.
Perdida a eleição, Lula não terá nada a perder além da
cabeça.
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