PT protocola representação contra consultoria que prevê
economia
indo mal se Dilma se reeleger (André Duzek/Estadão Conteúdo)
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Após episódio com o banco Santander, partido atua para
neutralizar análises da consultoria Empiricus, que prevê "futuro
sombrio" para a economia brasileira caso a presidente Dilma se reeleja
Na última sexta-feira, toda a artilharia petista se armou
contra o banco Santander depois que um relatório enviado a clientes de alta
renda previa mais dificuldades para a economia brasileira se a presidente Dilma
Rousseff se reeleger. Temendo represália, o banco enviou nota ao mercado
desculpando-se pelo texto da equipe de análise e assegurando que medidas haviam
sido tomadas em relação aos responsáveis. No mesmo dia, o partido
silenciosamente protocolou uma representação contra a consultoria de
investimentos Empiricus Research no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A
justificativa foi a mesma que a usada pelo presidente do PT, Rui Falcão, para
recriminar o banco Santander na sexta-feira: "terrorismo eleitoral".
Ou, de forma mais sofisticada, "fazer manifestações que interfiram na
decisão de voto".
Segundo a representação, a Empiricus estaria vinculada ao
candidato tucano Aécio Neves, à coligação Muda Brasil e ao Google numa campanha
com o intuito de manchar a imagem da presidente Dilma por meio de propaganda
paga. A consultoria, conhecida no mercado pela forma dinâmica e descomplicada
com que produz suas análises, anunciou alguns de seus textos por meio da
ferramenta Google Ads. Ao longo do último mês, permaneceram em evidência no
Google os anúncios mais clicados por leitores, que eram justamente os textos
intitulados: Como se proteger de Dilma e E se Aécio ganhar. O ministro Admar
Gonzaga, do TSE, acatou o pedido protocolado em nome de Dilma e concedeu
liminar impedindo a Empiricus de propagandear suas análises no Google. O
gigante da internet também foi alvo de representação, assim como o candidato do
PSDB e sua coligação. Em entrevista ao site de VEJA, o autor dos textos, Felipe
Miranda, afirmou que a medida não intimidará seu trabalho. "O que já
vínhamos falando aos nossos clientes sobre a gestão do governo e a condução da
política econômica só piorou com esse cerceamento. Mas vamos continuar atuando
da mesma forma. Não tenho rabo preso e sou pago pelos meus clientes para falar
o que penso", afirma. Confira trechos da conversa.
O TSE informou a consultoria sobre a representação do PT?
Não, ainda não recebemos nenhum comunicado oficial. Ficamos
sabendo pela internet. Mas a situação é absurda, pois não há campanha eleitoral
da nossa parte. Podem não gostar do que escrevemos, mas nos colocar ali é absurdo.
Estão impedidos de produzir análises com foco eleitoral?
Não. Há uma liminar que nos obriga a tirar aqueles textos do
ar. Mas não existe a possibilidade de alguém nos proibir de fazer nossas
análises críticas, pois aí seria censura explícita. Já seria um ato
institucional contra a liberdade de expressão. Além disso, o que já vínhamos
falando aos nossos clientes sobre a gestão do governo e a condução da política
econômica só piorou com esse cerceamento. Mas vamos continuar atuando da mesma
forma. Não tenho rabo preso e sou pago pelos meus clientes para falar o que
penso.
Como o Google distribuiu os anúncios dos textos produzidos
pela Empiricus?
Os dois textos são muito claros: tratam de uma tese
econômica que não é nova e que mostra que a bolsa cai quando a Dilma sobe nas
pesquisas, e sobe quando o Aécio melhora. O objetivo é simples: nossos clientes
devem se proteger desses solavancos. Os anúncios dos textos chegam de forma
idêntica ao Google, mas, de acordo com a métrica de distribuição desses anúncios,
ficam mais expostos os que são mais clicados. Diante disso, podemos escolher
tirar do Google Ads os anúncios menos rentáveis. O que não foi o caso dos
anúncios sobre as perspectivas econômicas num cenário de vitória da Dilma e do
Aécio.
A consultoria sofreu algum tipo de represália fora a
representação no TSE?
Tirando esse clima de caça às bruxas, de perseguição, nada
foi feito. Há, claro, a militância. Desde a semana passada recebo xingamentos e
ameaças de toda a natureza por email e por meio das redes sociais. Nosso site
já caiu várias vezes e tentaram invadir nossos emails.
Desde a repercussão do caso Santander, o mercado está mais
amedrontado?
Não posso falar pelo mercado, pois não estou a par. Mas o
que é certo é que estão tentando cercear nossa liberdade e nosso dever
fiduciário de prover boas dicas. Nós estamos pessimistas em relação à economia
e não posso ignorar isso em minhas análises. No caso do Santander, entendo que
ficou feio para o banco ter de voltar atrás na opinião de um analista. Mas não
me surpreende, pois os grandes bancos não querem romper relações com o governo.
Mas nós somos independentes e só temos compromisso com nossos clientes.
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