Atualizado em 21 de abril, às 6:21. Clique neste link e veja
a repercussão da entrevista no mundo, através de matéria da Reuters.
A entrevista de José Sérgio Gabrielli ao Estado de Domingo,
20, na qual ele afirma que a presidente "Dilma não pode fugir à
responsabilidade" pela decisão da compra da refinaria de Pasadena, nos
Estados Unidos, reforçou a necessidade de abertura de uma Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) para investigar o negócio, avaliaram líderes da oposição,
entre eles o senador tucano Aécio Neves (MG), pré-candidato a presidente da
República.
Esta será uma semana decisiva para a criação da CPI, pois a
ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), deverá decidir se o
Congresso fará uma CPI restrita à estatal, como querem os oposicionistas, ou se
abrangente, para investigar também o pagamento de propina para facilitação de
obras no metrô e nos trens de São Paulo, e sobre a construção do Porto de
Suape, em Pernambuco.
Gabrielli era o presidente da Petrobras à época da compra da
refinaria de Pasadena e Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, era a
presidente do Conselho de Administração da empresa. Na entrevista ao Estado,
Gabrielli disse ser o "responsável" pela operação de compra, já que
era o presidente da estatal, mas dividiu o ônus com Dilma.
Gabrielli reforçou a afirmação de que o resumo executivo em
que o conselho baseou sua decisão sobre a compra foi "omisso", mas
acrescentou que isso não foi relevante para a decisão. Dilma havia afirmado a
mesma coisa quando justificou seu voto pela compra da refinaria. O resumo
executivo foi feito pelo então diretor da área internacional da Petrobras
Nestor Cerveró.
Do lado da presidente Dilma Rousseff, as informações foram
de que ela não reagiu à entrevista de Gabrielli. De acordo com auxiliares
próximos a ela, Dilma Rousseff viu na entrevista do ex-presidente da Petrobras
a clara linha de defesa de Gabrielli, uma vez que a compra da refinaria de
Pasadena está sob investigação da Polícia Federal, do Ministério Público e do
Tribunal de Contas da União (TCU). Gabrielli estaria, na visão de Dilma,
definindo as linhas do que pretende dizer quando for procurado, com a tentativa
de divisão de responsabilidade por todos os setores.
Para Aécio, a entrevista do ex-presidente da Petrobras
reforçou a necessidade de uma CPI. "O objetivo dela (a CPI) é exatamente
determinar, sem qualquer pré-julgamento, qual é a responsabilidade de cada um
nesse caso da refinaria de Pasadena e em outros episódios envolvendo a
Petrobras. A CPI não é uma demanda das oposições, como querem fazer crer alguns
governistas, mas sim da sociedade brasileira", disse Aécio ao Estado.
Líder do PSB na Câmara, o deputado Beto Albuquerque (RS)
afirmou que, além de mostrar a necessidade de se fazer a CPI para investigar a
operação de compra de Pasadena, que custou cerca de U$ 1,25 bilhão, ficou claro
que Gabrielli "deu um puxão de orelhas" em Dilma, ao chamá-la à
responsabilidade. "Quando o Gabrielli assume a responsabilidade pela
compra de Pasadena, por ser o presidente da companhia, na época, ele está sendo
honesto. Não tem como negar que é mesmo o responsável. E não há como negar que
Dilma, então presidente do Conselho de Administração, tem responsabilidade
igual. Um era o presidente da Petrobras, outra a presidente do conselho.
Assumiam decisões juntos. O Gabrielli botou a bola na marca do pênalti."
Já o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP),
disse que Gabrielli foi muito claro na entrevista. "Ele disse, sem
rodeios: ''somos todos responsáveis''. Não adianta achar que uns vão tirar a
sardinha do fogo com a mão do gato. Está muito claro que a então ministra Dilma
Rousseff era responsável pela decisão da compra da refinaria. Ela era
presidente do Conselho de Administração, que aprovou a compra", disse
Nunes Ferreira. (Estadão)
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