Alexandre Rodrigues - O Globo
PT provoca crise em fundo de pensão da Petrobras
Ingerência política fez Petros assumir mais de 40 planos
deficitários
Enquanto a ingerência
política mergulha a Petrobras numa das maiores crises de sua História, o fundo
de pensão dos funcionários da estatal, a Fundação Petros, vive dias turbulentos
pelos mesmos motivos. Pela primeira vez em dez anos, as contas da entidade
foram rejeitadas por unanimidade por seu conselho fiscal. Nem mesmo os dois
conselheiros indicados pela Petrobras no colegiado de quatro cadeiras recomendaram
a aprovação das demonstrações financeiras de 2013, que apontaram um déficit
operacional de R$ 2,8 bilhões no principal plano de benefícios dos funcionários
da estatal e um rombo que pode chegar a R$ 500 milhões com despesas de
administração de planos de outras categorias. Mesmo assim, as contas foram
aprovadas no órgão superior da entidade, o conselho deliberativo, abrindo uma
crise interna no fundo.
Um grupo de conselheiros eleitos descontentes resolveu
recorrer à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc),
órgão que fiscaliza fundos de pensão, para denunciar a direção da Petros,
controlada por sindicalistas ligados ao PT desde 2003. Os resultados dos
investimentos da fundação têm recebido pareceres contrários do conselho fiscal há
dez anos, mas apenas com o voto dos conselheiros eleitos pelos funcionários. No
entanto, as contas sempre foram aprovadas pelo conselho deliberativo, órgão
superior, no qual a Petrobras, patrocinadora do fundo, indica o presidente,
tendo direito a voto de desempate. A estatal, no entanto, nem tem precisado
usar esse recurso.
Os conselheiros vencidos, um suplente e dois conselheiros
fiscais também eleitos pelos funcionários foram a Brasília entregar à Previc
duas denúncias e duas consultas pedindo maior rigor na fiscalização das contas
do fundo.
Nos documentos, obtidos pelo GLOBO, eles apontam que o
principal motivo da reprovação das contas da Petros pelo conselho fiscal foi o
fato de a maioria dos quase 40 planos de outras categorias que passaram a ser geridos
pela fundação durante o governo Lula ser deficitária: não geram recursos
suficientes para pagar os custos de administração. Esses custos estão saindo do
mesmo fundo de administração dos dois planos originais da Petros, que terão de
pagar a aposentadoria de 75 mil funcionários da Petrobras e suas subsidiárias.
O cálculo dos conselheiros, baseado em dados que atribuem à própria Petros, é
que, em cinco anos, os dois planos perderam pelo menos R$ 200 milhões. Esse
montante, alegam, pode chegar a R$ 500 milhões, se for corrigido.
Fonte: A Verdade Sufocada
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