Por Marcelo Hecksher
Em 21 de março e 1964, um grupo de mais de duzentos jovens
ingressou na Escola Preparatória de Cadetes do Ar. No seu meio havia jovens de
todos os rincões do Brasil, escolhidos por um democrático e universal processo
de recrutamento. Eu estava entre eles.
Naquele ano, ao desembarcar em Barbacena, eu não imaginava
que, em 31 de março, estariamos reunidos no Pátio da Bandeira, aguardando uma
definição do comando da Escola sobre o posicionamento de apoio ao movimento
nascido para se contrapor àqueles que pretendiam impor ao País um governo
ideologicamente alinhado com o movimento comunista internacional.
E esses pensavam estar próximos de seu intento, a ponto de
um de seus líderes declarar: “já temos o poder, só nos falta o governo”.
Porém, não haviam levado em consideração a vontade dos
cidadãos brasileiros. A pretensão de transformar o Brasil em um país comunista
não foi levada à consulta do cidadão brasileiro. A resposta da imensa maioria
dos brasileiros foi exposta nas manifestações das Marchas da Família com Deus
pela Liberdade, em todas as principais capitais do país, mostrando serem
contrários a essa pretensão. Os comunistas não contaram com a reação das Forças
Armadas e, muito menos, com o apoio expresso em todos os principais veículos da
mídia ao movimento que se ocorreu em 31 de março de 1964. Os fatos posteriores
fazem parte da história do Brasil. História que está sendo distorcida pela
comissão que, por analisar somente um dos lados do combate travado entre
movimentos revolucionários de esquerda e as forças do governo militar, não pode
ser chamada de comissão da verdade.
Se fossemos fazer uma comparação da conjuntura política de
Março de 1964 com a de março de 2014, muitas semelhanças seriam encontradas.
Talvez a frase que sintetize essas semelhanças possa ser: “eles já tem o
governo, só lhes falta o poder”.
Falta-lhes o poder, pois não dominam o coração nem as mentes
dos cidadãos brasileiros que, até mesmo tendo participado da eleição do governo
atual, não o fizeram para que fosse implantado no país um regime político à
semelhança da ditadura cubana, ou de qualquer outra variação de governo
centrado em um partido único hegemônico, impeditivo da liberdade de expressão,
da alternância do poder e que contrarie a nossa Constituição.
Os cidadãos brasileiros não admitem afronta à Constituição e
às Instituições, nessas incluídas as Forças Armadas.
No momento em que o País sofre com as tentativas de um grupo
político buscar a permanência no poder, sem considerar qualquer princípio
ético, dilapidando a economia e o patrimônio do Estado para tentar garantir
seus objetivos, por uma coincidência eu retorno a Barbacena no mesmo dia em que
foi conclamada, pelos opositores a esse projeto político que afronta a
democracia, dia 22 de março de 2014, uma nova Marcha da Família com Deus pela
Liberdade.
Assim, de Barbacena, lanço o meu manifesto de amor à pátria,
pronto para agir perante o chamamento de quem possa conduzir o Brasil para o
destino que lhe é merecido: prosperidade, ordem, progresso e liberdade sob o
regime democrático de direito.
Não quero e não aceitarei o controle de um politiburo,
submisso às ideologias que não se coadunam com o espírito democrático e plural
do povo brasileiro.
Barbacena, março de 2014
Marcelo Hecksher
Coronel-aviador (reformado)
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