sábado, 27 de setembro de 2014

Tese, diatribes e manifesto dos generais

Por Ernesto Caruso

Pergunto a mim mesmo porque as “vítimas” que assim se intitulam e seus representantes defendem a “tese” de que as Forças Armadas devem pedir desculpas e na “... ponta oposta, do Gen Augusto Heleno, com diatribes contra a Comissão da Verdade.”.

Isto foi dito no Editorial d’ O GLOBO de 25 Set 2014, Limites da Comissão Nacional da Verdade. Ora, um grupo defende uma tese e outra parte usa de diatribes na argumentação. Uma espetadela incoerente com o posicionamento do Jornal de certa forma contemporizando com o que vem expondo desde o recuo e reconhecimento do erro em apoiar os governos militares e mesmo a Revolução que neutralizou o movimento comunista em 31 de março de 1964 e combateu o terrorismo e a guerrilha nos anos 70.

Sintetiza o período entre a aprovação de Lei da Anistia em 1979 e a instalação da CNV pela presidente Roussef e enfaticamente, alerta que “Durante todo esse tempo, dentro do governo, na Justiça e no Ministério Público, grupos buscam alterar a Lei da Anistia para punir militares. Um desatino, por importar conflitos entre o poder político e as Forças Armadas e quatro, cinco décadas atrás.”.

O pacto com o diabo nunca deu certo. A perseguição aos agentes do Estado que combateram a subversão tem sido a tônica de parte da imprensa na orquestração e apoio aos próceres do Legislativo, da OAB e outros, bem como muito espaço aos integrantes das várias comissões espalhadas pelo país. Com o único intuito de formar a opinião pública em favor da revisão da referida Lei. Uma afronta à segurança jurídica e à estabilidade no seio da sociedade. Uma apuração parcial feita por comissões integradas por membros com ligações íntimas com o passado da luta armada.

Como colher evidências, verdades, 40 anos após os supostos crimes? Um preso... assassinado? Morreu de “morte morrida”? Suicidou-se? Se foi assassinato, com que confiança apontar a autoria? Baseados na cachola dos que “sofreram tortura”? Baseados na cachola dos novos juízes, das novas leis que retroagem? Não, jamais! Testemunhas de si próprios? A prostituta das provas? Será uma inadmissível farsa. Tribunal de exceção a fazer “justiçamento” e repetir o que cometeram os mesmos algozes com os “traidores” companheiros. Paradeiros de corpos pode até ser e o EB está apoiando, inegável. Mas, identificar responsáveis, que os historiadores o façam, investiguem. Vários autores confessaram e registraram os seus crimes.

Eis que os militares não são os m. sonhados pelos saudosistas do Muro de Berlin que irão se submeter a essa farsa,  argumentação inconsistente de que todos devem obediência à lei, como se a revisão na Lei da Anistia pudesse subsidiar a punição aos agentes do Estado sob o pilar da fraude e burla na construção de provas e justiça forçada.

A anistia foi fruto de negociação política e conquista da sociedade a perdoar as violações dos direitos humanos de ambos os lados, quer perpetradas pelos policiais, militares, quer pelos terroristas comunistas. O Estado perdoou, que fique perdoado. Já confirmado pelo STF.

O então Procurador-Geral da República, bem como a Advocacia-Geral tiveram posição contraria à revisão ou à declaração de inconstitucionalidade e o Supremo considerou por 7 a 2 o enquadramento dos agentes do Estado sob a citada Lei, vencidos os votos de Lewandowski e Ayres Britto. Eros Grau foi o relator da ADPF 153 e se posicionou contra, ainda que "perseguido do regime militar" e em entrevista já aposentado conclui a respeito da pressão externa: "Se um dia um juiz decidir sob pressão, fuja imediatamente para outro país, você não vai ter segurança de mais nada." Como não é o caso de fugir e é preciso manter a segurança da Nação.

Muitos dos militares estarão perfilados ao toque de reunir ombro a ombro sob o manifesto dos generais: “O que nós, militares fizemos foi defender o Estado brasileiro de organizações que desejavam implantar regimes espúrios em nosso país. Temos orgulho do passado e do presente de nossas Forças Armadas. Se houver pedido de desculpas será por parte do ministro. Do Exército de Caxias não virão! Nós sempre externaremos a nossa convicção de que salvamos o Brasil!”.



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