Por Alexandre Garcia

Pobre país que fica esperando pelos outros. O país somos
nós. Mês que vem é o mês do 7 de setembro, da Semana da Pátria, da
Independência. Será que vamos encher nossos carros de bandeirinhas, como na
Copa? Nem Deus nem os generais virão em nosso socorro. Em socorro de cidadão
indiferentes. O Brasil somos nós. Não é uma equipe de futebol, como nossa
infância tardia imagina. É um país em que vamos viver nossa velhice, com nossos
filhos e netos. Se continuar assim, nos estamos condenando ao nada, ao
não-futuro. Será que não vamos acordar, células que somos do gigante deitado
eternamente em berço esplêndido?
Sim, devemos ter mesmo complexo de vira-latas, como nos joga
na cara o governo. Quando o país vai dando certo, julgamos que não merecemos,
que estamos abaixo do cavalo do bandido, e damos um jeito de estragar tudo.
Damos um jeito de piorar o que está ruim. Nossa ignorância para a cidadania,
para o mundo, para a civilidade, para a civilização é gigantesca. Nossa
ignorância, por outro lado, nos permite suportar tudo, porque não conhecemos a
realidade e na tapera em que vivemos, imaginamos habitarmos num palácio.
É para isso que não somos mantidos longe da educação; que as
escolas estão caindo, que os professores são mal-formados e mal-pagos; é por
isso que o ensino é pífio, que ninguém lembra os pais de suas
responsabilidades, ninguém condena os pais pelo mau exemplo de sonegar, pagar
propina, passar o sinal fechado, não ensinar que a lei serve para que todos
sejamos livres e felizes. E vamos despencando. Volta e meia temos uma chance,
na urna. Mas, em geral, não aproveitamos. Preferimos esperar que tutores
imaginários um dia nos salvem. Podem esquecer. Não há força fora de nós.
Fonte: A Verdade Sufocada
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