Por Percival Puggina
Há alguns anos, na fila de entrada da Notre-Dame, alguém,
perto de mim, dirigindo-se em castelhano a um grupo, indagou: "A donde
vamos después?". Voltei-me em sua direção sabendo que aquela voz só
poderia ser de Marta, prima santanense a quem não via há algumas dezenas de
anos. E era.
Encontros casuais são assim. Por isso, não consigo imaginar
Dilma chegando à cidade do Porto, rumo a Moscou e dando de cara com o
presidente do nosso STF, no balcão do Sheraton (ou terá sido no fitness center
do hotel?): "Olá, Ricardo! Tu por aqui?" Voltando-se surpreso, o
prestimoso Ricardo: "Dilma! Que surpresa! Precisamos conversar." E
ambos, em companhia do também fortuito José Eduardo Cardozo, vão para uma sala
reservada tratar de misteriosas banalidades.
Quando li a notícia, ocorreu-me propor - "Contem
outra!" -, mas imediatamente, dei-me conta de que qualquer outra seria
menos pitoresca. Tudo foi feito para evitar a presença de repórteres e
fotógrafos. A escala não constava da agenda, foi anunciada poucas horas antes
do pouso do avião. Vire o Google pelo avesso. Nem nos jornais locais encontrará
uma imagem da presidente na cidade onde pernoitou! Nenhum registro do encontro.
Nada de nada. Euzinho tenho mais fotos na bela cidade portuguesa do que a
presidente. Em viagem oficial à reunião dos BRICS, Dilma desce, quase
incógnita, à moda Tartuffe, na cidade do Porto e vai, justamente, para o hotel
onde está Ricardo, o poderoso presidente do STF.
Isso aconteceu no dia 7. No dia seguinte, a presidente
pronunciaria aquela frase que ingressará no rol das mais exóticas de nossa
história. Junta-se à do jovem D. Pedro, quando decidiu permanecer no Brasil se
isso fosse para a felicidade do povo. Horas depois de conversar com o amigo
Ricardo, Dilma saiu-se com esta: "Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou.
Isso aí é moleza, é luta política”. Esse encontro foi causal.
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