Um livro distribuído nas escolas públicas do Brasil para
estudantes matriculados no Ensino Fundamental se tornou o centro de uma
polêmica na última semana, quando uma internauta divulgou imagens de trechos
dos poemas, com supostas apologias ao diabo.
Divididoo em duas partes, “Para ler no claro” e “Para ler no
escuro”, o livro foi escrito, segundo o autor, com a intenção de brincar com “o
lado bom e o lado mau das coisas”.
Com poemas de títulos chamativos, como “O diabo que me
carregue”, onde são feitos questionamentos sobre a existência de Deus, o livro
compara Deus a uma criança medrosa e chama satanás de “amigo”: “Sossega! Vão
falar mal aqueles que não estão contigo. Que não foram convidados pelo diabo,
meu grande amigo”, diz um dos poemas.
A internauta Janilda Prata teve acesso ao material oferecido
pela escola a sua filha e publicou fotos do livro no Facebook. A indignação da
mãe foi compartilhada por outros 49 mil usuários da rede social, e a
repercussão chegou à imprensa, com matérias publicadas por sites como o do
Jornal de Brasília e Administradores.
“Todos sabem como incentivo leitura para minhas filhas desde
bebê. O contato das crianças com os livros passa por várias fases. Primeiro eu
lia para elas, depois eu lia com elas e hoje elas leem sozinhas. Na hora de
comprar um livro eu olho a capa, o tema, a sinopse, sobre o autor e a faixa
etária. Depois peço que elas me falem sobre o que leram. Achei que isso era
mais do que suficiente até o dia em que Ana Ester (9 anos) disse: ‘Mãe, tem
algo errado com esse livro. No meio dele encontrei uma página ‘para ler no
escuro’ e depois coisas horríveis…’. Me desculpe o autor, mas se alguém torna
uma obra pública, eu tenho o direito de criticar e emitir minha opinião. Um
livro para criança que invoca o diabo para ser amigo da mesma, diz que Deus não
aparece porque é covarde e pequenino e termina dizendo que o capeta venceu,
para mim é uma literatura totalmente imprópria. Não venha me dizer que isso é
poesia. Isso, para mim, é pura heresia. Estou indignada por ter colocado algo
assim na minha casa e nas mãos das minhas filhas. Que critério usar quando
compro livros infantis? Vou ter que ler antes todas as páginas? Como algo assim
pode ser liberado para publicação e considerado literatura infantil?”, desabafou
Janilda.
O autor, entrevistado sobre a polêmica, negou que faça
apologia ao satanismo com as histórias que contou no livro, e disse que a
intenção é usar a literatura para dar asas ao “surreal”.
“Quis fazer um livro diferente. As crianças de hoje são inteligentes,
gostam de suspense, de figuras lendárias. E qual o problema de brincar com Deus
e o diabo? Não faço apologia ao demônio, apenas brinco com o lado bom e o lado
mau das coisas”, defendeu-se.
Fonte: Brasil Acima de Tudo
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