sábado, 20 de setembro de 2014

Último Baile na Ilha Fiscal

Por Luís Mauro Ferreira Gomes
Quem, do privilegiado deque do Clube da Aeronáutica, distraidamente, vê, entre um aperitivo e outro, o belíssimo castelo edificado na Ilha Fiscal, dificilmente se lembra das pessoas, igualmente alegres, que, bailando em seus salões, não perceberam as nuvens negras que se formavam sobre os céus do Império. Da mesma forma, o séqüito de João Goulart, na sua farra subversiva, não se deu conta dos indícios agourentos que lhe prenunciavam a derrocada.

Passados cinquenta anos, nova leva de traidores e agitadores subversivos, promotores do caos, destruidores de valores, furtadores dos bens públicos e privados, usurpadores do poder, disseminadores da miséria e da escravidão de seu povo, não vislumbram que se esgotou o seu tempo. Nunca a quadrilha que assaltou o governo e assalta o Brasil esteva tão perto de ser defenestrada do poder, pela via eleitoral, como agora.

Apesar disso, as coisas não são tão fáceis. A capacidade de manipulação dos agentes do governo é ilimitada. Infiltram-se por toda a administração do Estado e têm controle sobre quase todos os agentes dos três poderes, em todos os níveis. Condicionam, também, os meios de comunicação, os institutos de pesquisa e, até mesmos, os empresários que, por medo ou em troca de "facilidades" imediatas, financiam os comissários que os destruirão e os substituirão quando deles não mais precisarem.

Quem não viu a forma como, recentemente, fraudaram as pesquisas eleitorais? Primeiramente, inflacionaram as intenções de voto da candidata Marina Silva e criaram uma aparente polarização entre as duas postulantes, com fortes indícios de que Marina estaria tecnicamente empatada no primeiro e venceria no segundo turno. Com isso, pretendiam desidratar a candidatura de Aécio Neves, pela migração de alguns de seus eleitores para a opção que, supostamente, se figurava mais viável, desesperados que estavam por se livrarem da administração predatória do PT. Ainda que pertença a outra geração de mente mais aberta, a contaminação de sua candidatura pela rejeição de seus correligionários, os "petistas de gravata", Fernando Henrique e José Serra, facilitou o sucesso da manobra.

Logrado o intento, mais uma vez, lograriam os eleitores. Com Aécio Neves considerado fora da disputa por quase todos, era preciso diminuir o ímpeto da candidatura de Marina, para privilegiar quem lhes compra as pesquisas com o dinheiro do contribuinte. Sem nenhum fato político que pudesse explicá-lo, as avaliações positivas do governo começaram a crescer, acompanhadas da subida das intenções de voto da candidata Dilma Vana Rousseff e a queda daquelas de Marina, apesar de fatos recentes, como o aumento da taxa de desemprego noticiada pelo IBGE e o rebaixamento da classificação de risco da nossa economia pelo "Moody's Investors Service", ademais de todos os índices econômicos que não param de piorar.

É altamente sugestivo que as indicações do crescimento da candidatura de Dilma e de que, agora, ela se aproxima de vencer no segundo turno têm por objetivo capturar os eleitores (maus eleitores) que gostam de sufragar os vencedores, e, mais adiante, coonestar eventuais fraudes no processo eleitoral.

E não nos venham dizer que as urnas são invioláveis. Não são! Além de tudo o que se fala sobre elas, todos sabemos que a fraude existe em todos os serviços bancários eletrônicos e que os melhores serviços de informações do mundo são invadidos por "hackers" amadores, apesar de, nesses casos, não se medirem esforços para impedi-lo. Por que, somente as nossas urnas eletrônicas seriam imunes?

E o que dizer da Justiça Eleitoral de um País, em que o Tribunal de mais elevado grau, suposto guardião da lisura das eleições, é presidido por um militante político, de formação profissional e isenção sabidamente duvidosas, para dizer o mínimo, oriundo das hostes partidárias do governo? A sabedoria popular, tão valorizada pelos políticos governistas, o define como "colocar a raposa para tomar conta do galinheiro".

O que mais nos causa estranheza é que ninguém fala sobre isso. Parece que todos aceitam – não sabemos se por medo, conveniência ou outras razões inconfessáveis – os maiores absurdos sem reação, como se fossem inevitáveis.

Mas é irrelevante se a candidata Dilma vence ou perde as eleições. O encanto que cegou os brasileiros menos lúcidos durante tanto tempo desapareceu. A atual reinado do PT terminou. Mas o fantasma que nos tem assombrado não foi definitivamente exorcismado.
Perdido o apoio popular e político, eles tentarão retomar o poder por outras vias.

Se forem derrotados, incendiarão o País com seus "braços armados", e o governo eleito terá de munir-se de poderes extraordinários para combater as ações terroristas que desenvolverão – como não se cansam de ameaçar – sob pena de não conseguirem governar e serem simplesmente depostos. Depostos? Para quê? Para a volta arrasadora do PT, com a implantação de uma ditadura de viés comunista, não interessa o nome que lhe venha a ser dado.

Em caso de vitória, as dificuldades que o governo petista enfrentará aumentarão, exponencialmente, em função da crise econômica que se avizinha, da manifesta incompetência de seus quadros partidários para administrar o País, da crescente dificuldade de comprar apoio político, com a maior atenção da sociedade aos desvios de dinheiro público e à corrupção de modo geral e, sobretudo, da grande descrença popular nos governantes petistas. Tudo indica que seria tentado, então, um golpe de Estado para a implantação de uma ditadura como descrito acima, para recuperarem a governabilidade perdida.

Resumidamente, seja qual for o resultado das eleições, o PT perderá poder e tentará impor o objetivo tão sonhado, e nunca esquecido por eles, a implantação de uma extemporânea ditadura do proletariado, embora teimem em chamá-la de democracia, por haver "eleições", sempre viciadas, e, sobretudo, muitas "consultas populares", manipuladas pelo seu populismo institucional. Lula disse que havia excesso de democracia na Venezuela de Hugo Chávez, o leitor há de se lembrar.

Não podemos permitir que tenham sucesso. Confiamos em que aqueles que podem impedirão que, findo o ciclo, falsamente democrático, do PT, o partido, qual Fênix, ressurja das cinzas e volte a nos infernizar.

Vimos esperando por esta oportunidade há 20 anos. Já desperdiçamos algumas condições favoráveis por omissão de uns e prevalência dos interesses mesquinhos de outros.

Se fracassarmos novamente, somente restará o atraso, a miséria e a escravidão, para os nossos filhos, e, para nós, o arrependimento, a vergonha, e a condenação da História e dos nossos netos.




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Luís Mauro Ferreira Gomes é Coronel Aviador.

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