domingo, 21 de setembro de 2014

Candidatos alteram estratégia para o desfecho do primeiro turno


Reportagem de Júnia Gama, Fernanda Krakovics e Maria Lima, O Globo de quinta-feira 18, focaliza com destaque as principais alterações nas estratégias dos três candidatos para a etapa final do primeiro turno, na realidade decisivo para a classificação dos dois primeiros às urnas de 26 de outubro. As três repórteres analisam as propostas em curso nos bastidores principalmente de Dilma Rousseff e Marina Silva, mas também as colocadas pelo estafe de Aécio neves.

As mudanças de alvo e de estilo foram colocadas em foco depois que a pesquisa do Ibope divulgada na noite de terça-feira pelo Jornal Nacional apontou um recuo de Dilma (de 39 para 36), um leve declínio de Marina (de 31 para 30) e um avanço de Aécio de 15 para 19 pontos. Relativamente à presidente da República, a estratégia colocada a ela implica em atacar menos a ex-senadora, sua principal adversária, e adotar o caminho de apresentar ao eleitorado projetos de conteúdo positivo.

Pelo contrário, a tática de Marina Silva é não deixar acusações sem respostas, forma de neutralizar os ataques, e reforçar as críticas ao atual governo. Para Aécio neves, o comportamento básico será aquele que aliás vem adotando: criticar  tanto Dilma quanto Marina.

DILMA AGORA É O ALVO

O que ocorre é que, a meu ver, Dilma torna-se o melhor alvo das restrições, pois é a única candidata que pode ser cobrada pelas ações que adotou ou deixou de adotar, já que ocupa o poder Executivo. Marina Silva e Aécio Neves podem receber cobranças por seus posicionamentos políticos, não pelos resultados de suas administrações. Marina Silva deixou o Ministério do Meio Ambiente no início do segundo governo Lula, por uma desavença exatamente com Dilma Rousseff em torno da construção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, ambas em Rondônia. Assim, está fora do poder há mais de seis anos.. Aécio Neves deixou o governo de Minas antes do pleito de 2010, quando foi eleito senador. O que fez e o que deixou de fazer não são temas atuais nem nacionais.

Como se vê, as cobranças recaem todas sobre a presidente da República. Dessa forma, se o poder permite que realizações sejam ressaltadas, de um lado, de outro abre perspectivas para que omissões se transformem em objetos de realce negativo. Elas por elas. Os dois fatores se compensam no debate eleitoral. Faltam poucos dias para o primeiro turno, marcado para o próximo dia 5. Apesar do avanço de Aécio, quando escrevo este artigo, antes da divulgação de mais uma pesquisa do Datafolha, a distância que o separa de Dilma (17 pontos) e de Marina (11% das intenções de voto) é acentuada e somente um fato inesperado poderá leva-lo a obter a colocação que o conduza ao segundo turno. Este, mais provavelmente, vai reunir face a face, com tempo igual no horário político, Dilma Rousseff e Marina Silva. Qualquer outro desfecho fornecerá uma sensação de total surpresa.

PARTIDOS MENOS CORRUPTOS

Em palestra quarta-feira no centro Cultural Turquia-Brasil, em São Paulo, matéria do repórter Tiago Dantas, edição de O Globo de quinta-feira, o ex-presidente Fernando Henrique afirmou que  precisamos ter partidos mais autênticos e menos corruptos. Colocação de impacto, como se pode constatar. “Menos corruptos” é uma expressão relativa dentro da realidade brasileira. A corrupção atingiu tal dimensão que exigir honestidade integral, como deveria ser, passou a constituir um excesso. Corrupção menor do que a atual, em todos os níveis, sob a ótica de FHC, já seria aceitável. A relatividade, no fundo, dimensiona bem o problema.

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