Por Vlady Oliver
Pois bem; o tempo passou. Com ele se foram as presidências,
vieram Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma; morreram o cruzeiro, o
cruzado, Ulysses, Teotônio, Covas, Guel Arraes e o próprio Britto. Nasceram o
Plano Real e as lideranças populistas. Morreram também a decência e a dignidade
de um país que prometia mais que o rombudismo em que ora vivemos. Morreram a
oposição, os opositores e o discurso oposicionista. Nem sei mais dizer por que,
naquele arroubo de emoção e tristeza, via naquele político ainda tão jovem e
longe da trajetória de um grande estadista as características necessárias para
presidir um país tão distante como aquele que ainda amávamos e conhecíamos.
Se é que isto serve de consolo para as famílias enlutadas em
trajetórias diferentes, em épocas diferentes, mas que deixam aqui na gente o
mesmo gosto amargo da impotência. Por que se foram? Sabe-se lá os desígnios que
escrevem esta história e o que nos reservam seus capítulos mais intensos e
pujantes. O fato é que o país, mais uma vez, perdeu um homem que não merecia
morrer tão cedo, simplesmente porque ninguém merece morrer tão cedo, vítima de
sua própria labuta e do gigantismo de seus atos. É uma perda e tanto. Que o
país saiba se recompor. Que a oposição encontre finalmente uma luz para que se
imponha como a vontade dos bons e dos honestos, tão vilipendiados por aqui. Que
a crise seja a oportunidade. E que sigamos em frente, sem dúvida. Ele gostaria
disso.
Fonte: Augusto Nunes - VEJA
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