segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Dilma tenta minimizar escândalos e diz que Petrobras é alvo de 'factoides políticos'

Dilma Rousseff em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, em Brasília
Dilma Rousseff em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, em Brasília (André Dusek/Estadão Conteúdo)
Presidente concedeu entrevista (como candidata) neste domingo, no Palácio da Alvorada, mas não quis se aprofundar no tema

A presidente-candidata Dilma Rousseff tentou neste domingo minimizar a crise enfrentada pela Petrobras — e classificou a série de escândalos envolvendo a estatal como "factoide político" para comprometer a petroleira. Em entrevista coletiva concedida no fim da tarde no Palácio da Alvorada, em Brasília, ela fez uma menção genérica às revelações envolvendo a estatal — a contadora do doleiro Alberto Youssef, pivô do esquema bilionário de corrupção desbaratado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, Meire Poza, confirmou a VEJA que a empresa era utilizada para abastecer um esquema criminoso de lavagem de dinheiro. A entrevista deste foi organizada pela assessoria da campanha eleitoral da presidente, e não pelo Palácio do Planalto. 

"Se tem uma coisa que a gente tem de preservar, porque tem que ter sentido de Estado, de nação e de país, é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Isso não é correto, não mostra nenhuma maturidade. Eu acho fundamental que, na eleição e nesse processo que nós estamos, haja a maior e mais livre discussão. Agora, utilizar qualquer factoide político para comprometer uma grande empresa e sua direção é muito perigoso", afirmou. A presidente encerrou a coletiva em seguida e não quis responder outras perguntas sobre o tema. Dilma também afirmou que não há uma decisão sobre o aumento no preço dos combustíveis derivados de petróleo. Ela deixou a questão em aberto: "Necessariamente, em algum momento no futuro pode ser que tenha um aumento, eu não tenho como discutir isso aqui sem dos dados", disse ela.

O congelamento de preços é tido como uma das causas das perdas sucessivas da Petrobras nos últimos meses. Parte do mercado acredita que o governo só vai autorizar a elevação de preços após as eleições.

Dia dos Pais — Pronunciamentos de Dilma à imprensa em pleno Alvorada são incomuns. E ela não tinha nada de relevante a anunciar: queria apenas parabenizar os pais por seu dia, comemorado neste domingo. "Feliz Dia dos Pais para os rapazes e para nós, também, porque todos nós temos pais", afirmou ela aos jornalistas.

"Eu sou chefe da nação. Portanto, esse dia também faz com que a gente tenha de reforçar o compromisso de melhorar as condições de vida de todas as famílias brasileiras", disse, em seguida. A presidente contou ter usado o Facetime, um programa de conversa em vídeo pela internet, para conversar com seus parentes e com os "dois pais" que tem em sua família: o ex-marido, pai de sua filha, e o genro, pai de seu neto.

Ataques — Na entrevista, a presidente também disse que não vai reduzir nem aumentar o número de ministérios. "Eu posso pedir uma coisa a vocês? Pergunte qual ministério eles vão reduzir", disse ela. A presidente citou os Ministérios da Micro e Pequena Empresa, dos Direitos Humanos, da Igualdade Racial, da Pesca e de Políticas para as Mulheres. E defendeu, um a um, a permanência deles na estrutura do governo. "Esse formato responde a um momento histórico do Brasil. O momento histórico mudando, eu mudo (...). Alguns deles vão evoluir e poder até não ser ministério", afirma a presidente, que usou o termo "cegueira tecnocrática" para criticar os defensores de um enxugamento no número de pastas.

Ao comentar a proposta do tucano Aécio Neves de fundir os ministérios de Transportes e de Minas e Energia, Dilma atacou: disse entender por que o PSDB tem essa ideia, já que foi a primeira ministra de Minas e Energia do governo Lula. Segundo Dilma, ela encontrou 25 motoristas e apenas três engenheiros trabalhando na pasta. "Eles fizeram barbaridades na área de energia", disse ela, criticando a gestão de Fernando Henrique Cardoso.

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