
Um grupo de conselheiros eleitos descontentes resolveu
recorrer à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc),
órgão que fiscaliza fundos de pensão, para denunciar a direção da Petros, controlada
por sindicalistas ligados ao PT desde 2003. Os resultados dos investimentos da
fundação têm recebido pareceres contrários do conselho fiscal há dez anos, mas
apenas com o voto dos conselheiros eleitos pelos funcionários. No entanto, as
contas sempre foram aprovadas pelo conselho deliberativo, órgão superior, no
qual a Petrobras, patrocinadora do fundo, indica o presidente, tendo direito a
voto de desempate. A estatal, no entanto, nem tem precisado usar esse recurso.
O conselho deliberativo tem seis integrantes, três eleitos
pelos funcionários e três indicados pela Petrobras. Um dos eleitos pelos
empregados, Paulo Cezar Chamadoiro Martin, passou a votar com os conselheiros
da Petrobras, aprovando decisões por maioria simples. Foi o que aconteceu no
último dia 31 de março, quando o conselho deliberativo ignorou o parecer
unânime do conselho fiscal e aprovou as contas da Petros sem sequer
mencioná-lo. Martin é dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP),
entidade ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT.
Sindicalistas ocupam cargos de confiança na Petrobras, que tem obtido apoio da
FUP na Petros.
Os conselheiros vencidos, um suplente e dois conselheiros
fiscais também eleitos pelos funcionários foram a Brasília entregar à Previc
duas denúncias e duas consultas pedindo maior rigor na fiscalização das contas
do fundo.
Nos documentos, obtidos pelo GLOBO, eles apontam
que o principal motivo da reprovação das contas da Petros pelo conselho fiscal
foi o fato de a maioria dos quase 40 planos de outras categorias que passaram a
ser geridos pela fundação durante o governo Lula ser deficitária: não geram
recursos suficientes para pagar os custos de administração. Esses custos estão
saindo do mesmo fundo de administração dos dois planos originais da Petros, que
terão de pagar a aposentadoria de 75 mil funcionários da Petrobras e suas
subsidiárias. O cálculo dos conselheiros, baseado em dados que atribuem à
própria Petros, é que, em cinco anos, os dois planos perderam pelo menos R$ 200
milhões. Esse montante, alegam, pode chegar a R$ 500 milhões, se for corrigido.
(O Globo)
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