Por Políbio Braga
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terça-feira, 30 de junho de 2015
Petrolão: dono da UTC terá de depor em investigação contra Dilma na Justiça Eleitoral
Por Ucho.Info
Tiro certeiro – Depois de ter afirmado, em acordo de delação
premiada, que usou dinheiro do Petrolão para bancar despesas de 18 políticos, o
empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, terá de depor em outro
processo, o que pode complicar ainda mais o governo da petista Dilma Rousseff.
Pessoa é uma das testemunhas na Ação de Investigação
Judicial Eleitoral (Aije) que apura irregularidades na arrecadação da campanha
de Dilma em 2014. O delator será ouvido em 14 de julho no Tribunal Regional
Eleitoral (TRE) de São Paulo.
Também já foram relacionados como testemunhas outros
delatores da Operação Lava-Jato. No processo, o PSDB afirma que a presidente
Dilma Vana Rousseff cometeu abuso de poder econômico e político nas últimas eleições.
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, já
havia determinado que fossem ouvidos o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef.
Logo após as eleições, em dezembro passado, o PSDB
protocolou ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) listando fatos que
considera ilegais ao longo da campanha presidencial, como o uso de prédios
públicos para atividades eleitorais e a manipulação de indicadores
sócio-econômicos. Na ação, os tucanos solicitaram à Corte a diplomação os
senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP),
respectivamente candidatos a presidente e vice-presidente, que terminaram a
corrida eleitoral na segunda colocação.
Para o PSDB, “a eleição presidencial de 2014, das mais
acirradas de todos os tempos, revelou-se manchada de forma indelével pelo abuso
de poder, tanto político quanto econômico” praticado em proveito de Dilma e do
vice-presidente reeleito Michel Temer. De acordo com o partido, as irregularidades
praticadas pela campanha à reeleição da petista teriam sido, na verdade, “uma
ação coordenada visando a garantir o êxito do projeto reeleitoral dos
investigados”.
Inclusive, na ação de investigação judicial eleitoral, o
PSDB relembra que a própria presidente, ainda na fase de pré-campanha, afirmou,
em um ato público na cidade de João Pessoa (PB), que é possível “fazer o diabo
quando é a hora da eleição”.
O empreiteiro Ricardo Pessoa contou em seu acordo de delação
premiada que foi persuadido “de maneira bastante elegante” pelo atual ministro
da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, a contribuir
com a campanha petista de 2014. Segundo ele, a abordagem lhe custou R$ 10
milhões para a campanha de Dilma. Um servidor Palácio do Planalto, chamado
Manoel de Araújo Sobrinho, acertou os detalhes dos pagamentos diretamente com
Pessoa.
Documentos entregues pelo empresário à Justiça mostram que
foram feitos dois depósitos de R$ 2,5 milhões cada, em 5 e 30 de agosto de
2014. Depois dos pagamentos, Araújo Sobrinho acertou com o empreiteiro o
repasse de outros R$ 5 milhões para o caixa eleitoral da petista. Pessoa
entregou metade do valor pedido e se comprometeu a pagar a parcela restante
depois das eleições. Só não cumpriu o prometido porque foi preso antes.
Indagada sobre as acusações feitas pelo empreiteiro, a
presidente Dilma Rousseff afirmou que “não respeita delator” e negou
irregularidades em sua campanha. “Eu não respeito delator. Até porque eu estive
presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora”,
disse a presidente em Nova York.
O que mais chama atenção na declaração da petista é que ao
invés de atacar a delação de Ricardo Pessoa, desclassificando-a, a presidente
atacou o próprio delator, ou seja, Dilma se auto-acusou chamando o empreiteiro
de traidor, não de mentiroso. (Danielle Cabral Távora)
Eu não aceito um regime legal que dependa mais da vontade de quem enverga a toga do que das leis que lhe garantem aquela investidura
Vamos ver. Você tem a impressão de que a imprensa publica
mais notícias favoráveis ou contrárias à Odebrecht? A resposta é óbvia. E nem
extraio dessa resposta um juízo moral sobre o jornalismo. Afinal, a empreiteira
está sendo investigada pela Operação Lava Jato, que tem trazido à luz toda
sorte de descalabros. Um único delator aceitou devolver US$ 97 milhões — um
preço e tanto para quem decidiu ser um bom homem, não é mesmo? Mas será que a
empresa não tem o direito de falar, de se defender, de expor o seu ponto de
vista? Parece-me que sim.
Foi o que fez a advogada Dora Cavalvanti, uma das defensoras
da empresa e de Marcelo Odebrecht, que está preso. Ela concedeu uma entrevista ao Globo, no sábado. Afirmou que pensa
em denunciar a organismos internacionais a violação de direitos de seus
clientes; que se tenta usar antecipação de juízo de mérito para decretar prisão
preventiva; que o juiz Sergio Moro usou como uma das razões para decretar a
prisão preventiva de um executivo o anúncio em jornal em que a empresa se
defende; que as delações premiadas estão sendo ajustadas ao sabor das
oportunidades… Eu, por exemplo, vejo esses vícios, sim, e creio que têm de ser
eliminados.
Muito bem! O Ministério Público precisa gostar do que leu?
Não! Mas me digam: quantas coletivas e entrevistas exclusivas já concederam os
procuradores? Sem contar os vazamentos, não é?, que estão em todo canto, que
partem da PF, da Justiça ou do MP. Ou dos três. Então a advogada não pode
falar?
Pois é… A julgar por nota divulgada pelos procuradores que
atuam na Lava Jato, o único direito de um acusado é o silêncio. Leiam nota
divulgada por eles, reagindo à entrevista de Dora Cavalcanti. Volto depois.
NOTA PARA A IMPRENSA
Os Procuradores da República que atuam na Forçatarefa Lava
Jato vêm manifestar seu total apoio ao Juiz Federal Sérgio Moro, Titular da 13ª
Vara Federal de Curitiba, em face da entrevista de Dora Cavalcanti, publicada
ontem, 27 de junho, no jornal O Globo, intitulada “Advogada da Odebrecht estuda
denunciar juiz da LavaJato por ‘violação aos direitos humanos’”.
A entrevistada parece desconhecer que o sistema judicial
brasileiro prevê vários recursos e diversas instâncias recursais, tendo os
investigados inúmeras possibilidades de obter a revisão das decisões tomadas
pelo Juízo Federal, não sendo razoável, muito menos respeitoso ao sistema
republicano, que sejam lançadas, por meio de notas ou entrevistas como aquelas
recentes, acusações vagas, desrespeitosas e infundadas à atuação do juiz
federal Sérgio Moro.
A afirmativa de que pretende recorrer a uma Corte
Internacional para a garantia do direito de seus clientes sugere, fortemente,
que os dez Delegados, os nove Procuradores, o Juiz Federal, a Corte de primeira
instância, os Desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e os
Ministros do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal estão
mancomunados para violar direitos humanos dos seus clientes, o que é de uma total
irresponsabilidade, senão desespero. Essa abordagem conspiratória, já refletida
em entrevista anterior, negligencia a independência, maturidade e
imparcialidade de nossas Cortes, refletindo estratégia que procura reverter, no
campo midiático, as inegáveis evidências em desfavor da cúpula da empresa.
Em uma república, não se deve pretender que a justiça seja
cega para os crimes praticados por ricos e poderosos, mas sim cega na
diferenciação entre ricos e pobres, pessoas com ou sem influência, fatores que
em nada devem afetar o resultado dos processos.
Sua abordagem superficial e interessada deixa de considerar
a farta prova material dos crimes praticados por seus clientes. Foram, a título
de exemplo, apreendidas planilhas com divisão as obras por empresa, nas quais
constava a empresa Odebrecht como parte do “clube” de empreiteiras
cartelizadas. Dezenas de milhões de dólares pagos por empresas no exterior aos
funcionários da Petrobras foram bloqueadas e devolvidas. Tal é a robustez das
provas que várias das empresas não colaboradoras já reconhecem boa parte dos
crimes praticados. A insistência da Odebrecht, bem como de seus advogados, em
negar a realidade, a ausência de apuração dos fatos na empresa e a falta da
aplicação pela empresa de qualquer sanção àqueles que praticaram os crimes
apenas confirma as demais evidências de que a corrupção era determinada e
praticada na cúpula da empresa. Não se trata de prejulgar mérito ou
investigados, mas de repetir juízo sobre as provas já feito, em caráter
provisório, em processo público, em pedidos de medidas cautelares.
Por sua vez, ao contrário do que sugere a advogada, os
acordos de colaboração premiada são de responsabilidade do Ministério Público
Federal, não do juiz. O número de colaborações no presente caso decorre de
vários fatores, sobretudo da robustez das provas em relação aos investigados,
da experiência prévia dos procuradores com essa técnica de investigação e
estratégia de defesa, desenvolvida no caso Banestado; mas principalmente do
interesse público envolvido em seu emprego, dadas as peculiaridades do crime de
corrupção e a sofisticação das técnicas de lavagem empregadas. O argumento de
que prisões foram usadas para obter colaborações não tem qualquer base na
realidade, pois mais de dois terços das colaborações foram feitas com réus
soltos, fato que a advogada que atua no feito não deve desconhecer.
Cabe às partes, seja no curso do processo penal ou da
investigação criminal, quando insatisfeita com alguma decisão, valerse dos
meios processuais adequados e, no caso da defesa, dos inúmeros recursos
previstos. Embora todos tenham o direito de expressar sua opinião sobre
decisões, não cabe buscar, por meio de acusações absolutamente infundadas na
imprensa, e afirmação irresponsável e desconectada da realidade sobre suposto
sentimento do juiz, tolher a liberdade da Justiça, que tem o dever de fazer
cumprir a lei e a Constituição, com pleno respeito aos direitos e às garantias
do cidadão”.
Retomo
A nota, lamento ter de escrever isto porque dá conta do destrambelhamento em
curso, é um primor de autoritarismo. Em primeiro lugar porque ao MP, órgão
acusador, não cabe se solidarizar com o juiz porque este, até onde se sabe,
atendendo à etimologia da palavra “justiça”, há de ser o elemento neutro entre
quem acusa e quem defende.
Dizem os procuradores que cabe às partes “valer-se dos meios
processuais adequados”. Sim, é verdade. Parecem sugerir que uma entrevista não
é o meio processual adequado. Três perguntas: a) isso vale também para os
procuradores ou só para os advogados? Terei aqui de publicar links com as
dezenas de entrevistas concedidas?; b) vazamentos seletivos são “meios
processuais adequados?”; c) nota à imprensa, em que o MP já se comporta como
juiz, é um “meio processual adequado”?
Finalmente, noto que os doutores reconhecem o direito à
livre expressão — e folgo que eles anunciem concordar com o Artigo V da
Constituição —, mas demonstram seu inconformismo que Dora Cavalcanti o tenha
exercido, donde se conclui que parecem achar aceitável a tal liberdade de expressão,
desde que não seja exercida.
Encerro
Até onde eu vou com essas questões? Até onde ditar a minha consciência. E fim
de papo. Já disse umas 500 vezes: já foi mais difícil do que hoje contestar
supostas unanimidades. Quem tem a força punitiva e os instrumentos coercitivos
é o estado. É inaceitável, no regime democrático, que se queira impedir um
acusado de se defender. Essa nota dos procuradores é um despropósito.
Como foi um despropósito o juiz Sergio Moro, num despacho de
prisão preventiva, censurar a Odebrecht por ter publicado um anúncio no jornal.
O governo Dilma passa, a Odebrecht passa, tudo passa… As instituições ficam. Eu
não aceito um regime legal que dependa mais da vontade de quem enverga a toga
do que das leis que lhe garantem aquela investidura.
E estou tão certo disso como dois e dois são quatro. Na
Operação Satiagraha — que está a merecer uma revisita, com uma recuperação
detalhada de fatos e implicações —, por muito pouco, jornalistas e colunistas
não foram parar na cadeia.
Há só um modo bom de fazer as coisas na democracia: dentro
das regras.
Discussão sobre a encíclica "Laudato Si"
O papa está correto em louvar a natureza?
Por Nivaldo Cordeiro
Com a participação do professor de filosofia Ivanaldo
Santos, da UFRN e do psicanalista carioca João Carlos Sá Pavanelli. O papa está
correto em louvar a natureza?
PÁTRIA DESEDUCADORA
Por Percival Puggina
"Ao bradarmos "BRASIL, PÁTRIA
EDUCADORA" estamos dizendo que a educação será a prioridade das
prioridades, mas também que devemos buscar, em todas as ações do governo, um
sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de ética e um sentimento
republicano". (Presidente Dilma, discurso de posse, 01/01/2015)
Como é inconsistente e distante da realidade o
compromisso do governo de Sua Excelência com a ética! E vale o mesmo para o
"sentimento republicano" e para a tal "prática cidadã",
seja lá isso o que for. Treze anos de governo petista só serviram para
desnortear moralmente a sociedade e semear descrédito nas instituições mediante
exemplos, palavras e atos. O governo mente, faz o que não deve, não faz o que
deve, cerca-se de péssimas companhias, ele mesmo é muito má companhia,
corrompe, se deixa corromper e acusa os demais daquilo que faz. Na inepta frase
presidencial, contudo, há outro aspecto e é nele que quero me deter.
A presidente disse que a educação será a prioridade
das prioridades e que para essa tarefa convergirão as ações do governo.
Aparentemente, ninguém a advertiu para o fato de que a sociedade não pediu ao
Estado para ser por ele "educada". O que a sociedade espera do
sistema público de ensino é que cumpra, dentro das salas de aula, nas escolas,
o papel de transmitir à juventude brasileira ensinamentos úteis à vida na
sociedade contemporânea e à realização das potencialidades de cada indivíduo.
Para variar, é tudo ao contrário do que a presidente e seu partido fazem. Por
isso seguimos dilapidando preciosos recursos humanos e perdendo tempo na
imprópria tarefa de "construir sujeitos" e de preparar "agentes
de transformação social"! Chega de construtivismo, de Paulo Freire e de
Emilia Ferreiro (até os argentinos já perceberam o estrago que o método da
conterrânea causou à alfabetização no seu país). "Chega de Piaget e de
Vygotski!", me assopra num antigo texto o sociólogo e jornalista José
Maria e Silva.
Eu sei que o parágrafo acima escandalizará setores do
meio acadêmico brasileiro, especialmente nos cursos voltados à formação de
professores. Eu sei. Ali, multidão de mestres e doutores ensina os futuros
professores dos nossos jovens que a transmissão de conhecimentos, de conteúdos,
será apenas parte, e parte pouco relevante, de seus quefazeres profissionais.
Por isso, em nosso país, não se ensina História, mas leituras ideologicamente
convenientes de fatos históricos. Não se ensina geografia, mas geografia
política em conformidade com a sociologia e com a política que convém ao uso
revolucionário da rede escolar. Pouco e mal se ensina língua portuguesa porque
o uso correto do idioma é instrumento de dominação e desrespeito à cultura do
"sujeito educando". E não se ensina matemática, talvez por ser
conteúdo exigente, que dispersa energias revolucionárias.
Aferir resultados é uma imposição da razão a toda
atividade humana. Não haveria de ser diferente no sistema de ensino. E o que
esse sistema proporciona ao Brasil é tão ruim que chega ao absurdo de repelir o
mérito e de manter um compromisso com a mediocridade, da base ao topo do
sistema. Enquanto na minha infância, no piso da pirâmide, as crianças eram
alfabetizadas em poucos meses, passadas seis décadas, esse objetivo não é
alcançado por muitos sequer em três anos. Pesquisa do Instituto Paulo Montenegro
e da ONG Ação Educativa revelou, em 2012, que 38% dos estudantes universitários
não dominavam "habilidades básicas de leitura e escrita",
qualificando-se como analfabetos funcionais. No topo da pirâmide, na produção
acadêmica, o Brasil responde por apenas 1% da obra científica mundial de maior
qualidade, segundo a revista Nature. O Chile, com 8% da população brasileira,
produz mais artigos científicos do que o Brasil. No entanto, enquanto nós
gastamos nisso US$ 30 bi, o Chile gastou US$ 2 bi. A ineficiência no uso dos
recursos, entre 53 países analisados, nos coloca em 50º lugar.
Não vejo como se possa mudar essa realidade quando ela
decorre do projeto político, ideológico e pedagógico há muito em curso no
Brasil. Esse projeto, anterior ao PT, levou-o ao poder. Por isso, em relação ao
Plano Nacional de Educação, o próprio Lula reconheceu (leia aqui)
que ele é "a chance de começar uma revolução no país". A presidente
sabe disso tão bem quanto eu e você.
______________
Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense
de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site
www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no
país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e
Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
Piora dos indicadores da economia se repete mais uma vez
Denise
Campos de Toledo comenta os resultados do relatório semanal Focus, que continua
sinalizando a piora da economia brasileira.
CORRUPÇÃO DESCOMUNAL: PGR pede recondução no cargo para ‘TERMINAR O QUE COMEÇOU’
Por Diário do Poder
JANOT fala em “Corrupção
Descomunal” na Petrobras e pede recondução no cargo para ‘TERMINAR O QUE
COMEÇOU’
Procurador-Geral, que
disputa a reeleição, participou de um
debate com os demais candidatos ao cargo
nesta
segunda-feira (Foto: Abr)
|
O primeiro debate
entre candidatos ao cargo de Procurador-Geral da República para os próximos
dois anos, realizado nesta segunda-feira, 29, teve a condução da Operação Lava
Jato como ponto de maior polêmica. Sob críticas pela forma como guia o caso, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu sua atuação e pediu
votos à categoria para “terminar o que começou”. Janot disse que o País vive um
“grave momento” e falou em “descomunal caso de corrupção”, em referência ao
escândalo da Petrobras.
O procurador-geral
defendeu que as mudanças estruturais realizadas permitiram que o Ministério
Público enfrentasse a investigação com “profissionalismo”. “Não foi e não está
sendo fácil”, afirmou Janot. O mandato do procurador-geral se encerra em
setembro e a eleição interna que define a lista tríplice de candidatos a ser
encaminhada à presidente Dilma Rousseff está marcada para a primeira semana de
agosto. A presidente escolhe então um nome e o submete à aprovação do Senado.
Candidato à vaga de
Janot, Carlos Frederico Santos aproveitou o debate para reforçar críticas à
forma de condução das investigações da Operação Lava Jato. Para ele, o
procurador-geral poderia ter “amadurecido” mais as provas contra políticos
antes de apresentar o pedido de abertura de inquérito ao STF. “Por que levamos
à Polícia Federal se poderíamos ter resolvido isso dentro da nossa casa?”,
perguntou o subprocurador, principal crítico à atual gestão entre os
candidatos.
Janot respondeu
dizendo que a não apresentação do caso do Judiciário poderia gerar “nulidade”
do caso. O procurador-geral defendeu seu trabalho dizendo que a competência da
Procuradoria-Geral para investigar políticos “alcança a supervisão de
investigação criminal”, ou seja, é preciso que haja uma supervisão do Supremo.
“Atos investigatórios sem a supervisão do STF são nulos”, disse. “Prerrogativa
de foro trata-se de inquérito judicial e não policial e o próprio Supremo
reconhece que a ausência de supervisão dele retrata em nulidade”, completou
Janot.
O poder de
investigação próprio do Ministério Público e uma maior independência em relação
à Polícia Federal também foram bandeiras levantadas por Janot. “Nós temos agora
a responsabilidade de criar o modelo para que possamos desenvolver com
profissionalismo e objetividade nosso mister. (…) Temos que trabalhar para ter
mais independência investigatória a no que se refere cooperação da Polícia Federal”,
completou o procurador. Nos primeiros dois meses de investigação de políticos
supostamente envolvidos na Lava Jato, PGR e PF tiveram desentendimentos que
geraram adiamento de depoimentos marcados.
Janot disse que não
poderá se ausentar de Brasília para fazer campanha em razão do momento vivido.
“Volto à presença de vocês porque pretendo terminar o que comecei. Estou pronto
e firme para prosseguir no desafio. (…) Sem fórmulas magicas e sem vender
ilusões peço seu voto para que possamos continuar avançando”, completou o
procurador-geral.
Entre os quatro
candidatos, Janot e Frederico foram os dois com maior protagonismo no debate.
Além deles, concorrem ao cargo os subprocuradores Raquel Dodge, que é vista
como uma “opositora moderada” e Mário Bonsaglia, que tem uma posição mais
alinhada com a do procurador-geral. Durante o debate foram permitidas apenas
perguntas dos procuradores, que poderiam fazê-las pessoalmente ou pela
internet. Não foram permitidas perguntas diretas de um candidato para o outro e
cada um dos concorrentes respondia a todas as perguntas sorteadas. As perguntas
ficaram mais voltadas para questões administrativas, por advirem do público
interno. (AE)
O realejo dos pânicos verdes nunca concretizados
Por Luis Dufaur
A profecía: milhões de pessoas morreriam de fome nos anos
70.
A Índia superlotada estava condenada irremediavelmente e
“a Inglaterra
deixaria de existir por volta do ano 2000”
|
Pela metade dos anos
60 do século XX foi moda na política e na mídia espalhar visões de pesadelo
sobre uma desastrosa saturação populacional da Terra.
Em 1966, o escritor Harry Harrison publicou a apavoradora novela de ficção
intitulada “Make Room! Make Room!”, em que imaginava massas humanas disputando
os escassos recursos da terra em fase de extinção. O livro inspirou o filme
ecolo-infernal “Soylent Green” (“No Mundo de 2020” / “À Beira
do Fim”)
2015: Ehrlich, não se arrepende de suas falsas profecias.
Ele
diz que sua intenção continua incólume: “conscientizar”
da catástrofe que
estaria despencando sobre nós.
|
O duo pop Zager & Evans batia recordes cantando “no ano
2525, se o homem ainda estiver vivo”. A canção martelava que a humanidade
estava esgotando demencialmente os recursos da Terra, numa clara mensagem
ecológica.
The
New York Times elaborou um documentado dossiê e vídeo sobre
aquela onda de pânico irracional. Numa perspectiva histórica quem viveu aqueles
anos custa imaginar como foi possível que personagens importantes e grandes
organismos políticos, religiosos e midiáticos puderam acreditar e se
transformar em apóstolos dessa irrealidade hoje incompreensível.
Segundo o documentário, ninguém foi “mais influente ou mais aterrorizador que o
biólogo da Universidade de Stanford, Paul R. Ehrlich, com seu livro ‘A bomba
populacional’”.
A partir de 1968, a ’jeremiada’ de Ehrlich pressagiava um
apocalipse inevitável. Ele socava as mentes, nos termos do jornal
nova-iorquino, declarando que “a batalha para alimentar a humanidade estava
perdida”.
Ehrlich pregou de público que centenas de milhões de pessoas morreriam de fome
nos anos 70, dos quais 65 milhões seriam americanos. A Índia superlotada estava
condenada irremediavelmente e “a Inglaterra deixaria de existir por volta do
ano 2000”.
Ele não se contentava com as mortes maciças e em 1970 alertava que “em algum
momento dos próximos 15 anos, chegará o fim”. Por “fim” ele entendia “um
colapso total da capacidade do planeta para sustentar a humanidade”.
A Inglaterra e a Índia hoje melhoraram bem e não
houve as centenas de milhões de mortes pela fome que ele vaticinou.
A população do planeta duplicou, supera os sete bilhões, o número dos pobres diminui vertiginosamente e a produção de alimentos e energia se multiplicou assombrosamente.
Como semelhantes predições apocalípticas hoje manifestamente inverossímeis puderam algum dia ser adotadas como figurinos da política, da religião e da mídia?
Na série Retro Report, The New York Times decidiu dedicar um espaço especial com documentários analisando o esquisito mecanismo difusor de pânicos irracionais que tomou conta dos anos 60.
O caso interessa muito ao presente, quando análogos pânicos igualmente ilógicos são difundidos produzindo efeitos semelhantes.
Decorridos 47 anos, o Dr. Ehrlich não somente não faz o mea culpa pelo crasso erro cometido, mas, muito pelo contrário, interrogado pelo jornal, afirma que as datas que anunciou não têm importância alguma.
Para ele, o fim vem de qualquer jeito e é necessária uma drástica diminuição da natalidade e da própria humanidade já nascida. Se os homens não aceitarem praticar métodos voluntários, um acordo mundial deverá fixar “diversas formas de coerção”, como eliminar os auxílios sociais e previdenciários ou cortar as deduções tributárias aos que têm filhos.
Esse profeta da ecologia global diz que permitir às mulheres ter os filhos que desejarem é tão grave como permitir que qualquer um “possa jogar todo o lixo descartado no jardim do vizinho como bem entende”.
As declarações hodiernas desse porta-voz do mundo ecologicamente educado são de tal maneira ominosas, que causariam vertigem nos crentes de outrora em seus medos pelo suposto esgotamento dos recursos planetários, escreve o jornal.
A população do planeta duplicou, supera os sete bilhões, o número dos pobres diminui vertiginosamente e a produção de alimentos e energia se multiplicou assombrosamente.
Como semelhantes predições apocalípticas hoje manifestamente inverossímeis puderam algum dia ser adotadas como figurinos da política, da religião e da mídia?
Na série Retro Report, The New York Times decidiu dedicar um espaço especial com documentários analisando o esquisito mecanismo difusor de pânicos irracionais que tomou conta dos anos 60.
O caso interessa muito ao presente, quando análogos pânicos igualmente ilógicos são difundidos produzindo efeitos semelhantes.
Decorridos 47 anos, o Dr. Ehrlich não somente não faz o mea culpa pelo crasso erro cometido, mas, muito pelo contrário, interrogado pelo jornal, afirma que as datas que anunciou não têm importância alguma.
Para ele, o fim vem de qualquer jeito e é necessária uma drástica diminuição da natalidade e da própria humanidade já nascida. Se os homens não aceitarem praticar métodos voluntários, um acordo mundial deverá fixar “diversas formas de coerção”, como eliminar os auxílios sociais e previdenciários ou cortar as deduções tributárias aos que têm filhos.
Esse profeta da ecologia global diz que permitir às mulheres ter os filhos que desejarem é tão grave como permitir que qualquer um “possa jogar todo o lixo descartado no jardim do vizinho como bem entende”.
As declarações hodiernas desse porta-voz do mundo ecologicamente educado são de tal maneira ominosas, que causariam vertigem nos crentes de outrora em seus medos pelo suposto esgotamento dos recursos planetários, escreve o jornal.
Até o presidente Nixon dos EUA acreditava no mito
e pregava
cortar o crescimento da população.
|
Mas, felizmente, não ficaram só ambientalistas
fanáticos daquela década. Certos líderes verdes radicais modificaram seu
palavreado. Stewart Brand, fundador do Whole Earth Catalog, aberto
à contracultura radical chic e anarquista, respondeu ao Retro Report: “Talvez o
fim não virá porque aquele raciocínio estava errado”.
No entanto, os defensores do bom senso continuam sofrendo um tratamento
injusto. Por exemplo, Norman E. Borlaug, o biólogo que ganhou o Prêmio Nobel e
o título de “o homem que salvou um bilhão de vidas” e que é tido como pai da
revolução agro-industrial, ou agronegócio, e da utilização maciça dos OGM.
Borlaug sublinha que a falta de recursos em algum lugar do planeta é sempre
resultado da incompetência e da corrupção dos governos e dos responsáveis
locais.
O problema é que os supostos defensores da ecologia e da humanidade sabotam a
aplicação da tecnologia já dominada e disponível para suprir as carências
planetárias.
Fred Pearce, especialista britânico em população global, não está preocupado
com o fantasma de a Terra ter habitantes em excesso. A sua verdadeira
preocupação é com a baixa taxa de natalidade que não permite a reposição da
população, e não só nos países industrializados.
Por isso ele escreveu em 2010 o livro-denúncia The
Coming Population Crash and Our Planet’s Surprising Future (A
próxima débâcle populacional e o surpreendente futuro do nosso planeta),
publicado pela Beacon Press.
Porém, os modelos demográficos da ONU calculam um auge de nove bilhões de habitantes por volta de 2050 e predizem cenários estarrecedores.
Porém, fora da ONU, as projeções demográficas divergem muito.
A inoculação do pânico fica patente, diz o jornal, na manipulação dos números da densidade populacional. A ideia dos semeadores de pânico, na ONU e alhures, é que as grandes concentrações populacionais são uma fonte infalível de pobreza e males sociais.
Mas, segundo a ONU, os três lugares com a maior densidade populacional são o Mônaco, Macau e Singapura. Nenhuma dessas cidades-estado entra, nem mesmo muito remotamente, na categoria dos casos desesperados apontados pelos pontífices do apocalipse ambientalista, da desigualdade intrinsecamente geradora de fome e de injustiças.
Tampouco o crescente consumo nos países mais ricos pode ser visto como uma ameaça ao planeta, escreveu o Dr. Pearce em 2010 na revista britânica Prospect.
A maior parte do crescimento do consumo aconteceu em países ricos que acolheram números substanciais de imigrantes. E esses passaram a viver segundo os padrões de consumo mais elevados de suas novas pátrias, constatou Pearce.
Em poucas palavras, o aumento do consumo das populações aconteceu sem dano global relevante e com largos benefícios para imensas camadas da humanidade, especialmente as mais pobres.
Porém, os modelos demográficos da ONU calculam um auge de nove bilhões de habitantes por volta de 2050 e predizem cenários estarrecedores.
Porém, fora da ONU, as projeções demográficas divergem muito.
A inoculação do pânico fica patente, diz o jornal, na manipulação dos números da densidade populacional. A ideia dos semeadores de pânico, na ONU e alhures, é que as grandes concentrações populacionais são uma fonte infalível de pobreza e males sociais.
Mas, segundo a ONU, os três lugares com a maior densidade populacional são o Mônaco, Macau e Singapura. Nenhuma dessas cidades-estado entra, nem mesmo muito remotamente, na categoria dos casos desesperados apontados pelos pontífices do apocalipse ambientalista, da desigualdade intrinsecamente geradora de fome e de injustiças.
Tampouco o crescente consumo nos países mais ricos pode ser visto como uma ameaça ao planeta, escreveu o Dr. Pearce em 2010 na revista britânica Prospect.
A maior parte do crescimento do consumo aconteceu em países ricos que acolheram números substanciais de imigrantes. E esses passaram a viver segundo os padrões de consumo mais elevados de suas novas pátrias, constatou Pearce.
Em poucas palavras, o aumento do consumo das populações aconteceu sem dano global relevante e com largos benefícios para imensas camadas da humanidade, especialmente as mais pobres.
Com as novas tecnologias, a Índia aumentou a
produção de alimentos, atende suas necessidades e ainda exporta. |
Os pânicos
abstrusos relacionados com o espectro de um planeta superlotado diminuíram.
Porém, eles continuam latejando à sombra dos pavores ligados às mudanças
climáticas, aquecimento global e conexos, diz o Dr. Pearce.
O slogan “crescimento populacional zero” (“zero population growth”) foi um grito de batalha que não se ouve muito em nossos dias.
Mas, o fanatismo dos disseminadores do pânico do fim do mundo não cessou.
O próprio Dr. Ehrlich, hoje com 83 anos, não se arrepende de suas sinistras e falsas profecias. Ele diz que não repetiria tudo o que disse, mas que sua intenção continua incólume: “conscientizar” da catástrofe derradeira que estaria despencando sobre nós.
Mas essa catástrofe apocalíptica se parece cada vez mais com uma intenção de bloquear o progresso da humanidade, de impedir a organização hierarquizada e harmônica dos homens entre si, com famílias numerosas e no regime de propriedade privada, livre iniciativa e consumo brilhante.
Ehrlich continua convencido de que o Dia do Juízo Final está na volta da esquina. Indagado pelo Retro Report de The New York Times se repetiria suas pregações dos anos 60, o pontífice do terror verde respondeu que hoje “minha linguagem seria ainda mais apocalíptica”.
O Retro Report elaborou um cuidadoso documentário financiado em parte pelo Pulitzer Center on Crisis Reporting. O vídeo não visa o lucro e foi resultado do trabalho de 13 jornalistas e 10 auxiliares.
O leitor pode vê-lo em seguida.
Mas prepare-se para uma surpresa: vai encontrar os maiores potentados da Terra, que o leitor talvez conheceu ou ouviu falar, fazendo seus os discursos mais aberrantes e mais contrários ao bem da humanidade.
Pelo contrário, pareciam inebriados pelos aplausos que atrairia seu gesto salvador apoiado num largo consenso, sem atentar para o inumano absurdo que estavam espalhando.
O slogan “crescimento populacional zero” (“zero population growth”) foi um grito de batalha que não se ouve muito em nossos dias.
Mas, o fanatismo dos disseminadores do pânico do fim do mundo não cessou.
O próprio Dr. Ehrlich, hoje com 83 anos, não se arrepende de suas sinistras e falsas profecias. Ele diz que não repetiria tudo o que disse, mas que sua intenção continua incólume: “conscientizar” da catástrofe derradeira que estaria despencando sobre nós.
Mas essa catástrofe apocalíptica se parece cada vez mais com uma intenção de bloquear o progresso da humanidade, de impedir a organização hierarquizada e harmônica dos homens entre si, com famílias numerosas e no regime de propriedade privada, livre iniciativa e consumo brilhante.
Ehrlich continua convencido de que o Dia do Juízo Final está na volta da esquina. Indagado pelo Retro Report de The New York Times se repetiria suas pregações dos anos 60, o pontífice do terror verde respondeu que hoje “minha linguagem seria ainda mais apocalíptica”.
O Retro Report elaborou um cuidadoso documentário financiado em parte pelo Pulitzer Center on Crisis Reporting. O vídeo não visa o lucro e foi resultado do trabalho de 13 jornalistas e 10 auxiliares.
O leitor pode vê-lo em seguida.
Mas prepare-se para uma surpresa: vai encontrar os maiores potentados da Terra, que o leitor talvez conheceu ou ouviu falar, fazendo seus os discursos mais aberrantes e mais contrários ao bem da humanidade.
Pelo contrário, pareciam inebriados pelos aplausos que atrairia seu gesto salvador apoiado num largo consenso, sem atentar para o inumano absurdo que estavam espalhando.
Video: O realejo
dos pânicos verdes nunca concretizados
In the
1960s, fears of overpopulation sparked campaigns for population control.
But
whatever became of the population bomb? By RetroReport on Publish Date
Redução da Maioridade Penal: 'A sociedade pagará um preço altíssimo', diz Cardozo
O Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo afirma que a
proposta de redução da maioridade penal vai na contramão do resto do mundo e o
Brasil não tem como suportar a mudança. Hoje faltam 600 mil vagas nos
presídios. Amanhã o projeto será votado na Câmara dos Deputados. Sem uma
proposta, o governo petista corre contra o tempo e se vê obrigado a apoiar o
projeto do senador tucano José Serra. O ministro, em entrevista exclusiva a
Joice Hasselmann, fala dos custos das medidas e das articulações para enfrentar
Eduardo Cunha, presidente da Casa e favorável à redução linear. Cardozo também
é questionado sobre injustiças produzidas pela lei atual. Acompanhe a primeira
parte da conversa.
LULA APRONTA MAIS UMA DE SUAS CAFAJESTADAS
Por Marcelo Madureira
– Revista VEJA
Lula, o ex-presidente em exercício, é cafajeste até não mais
poder (com trocadilho, por favor). Percebendo o tamanho e a profundidade do
buraco em que meteu o PT e a presidente Dilma, prepara mais um golpe. Aliás,
coisa corriqueira em sua trajetória de vida. Lula resolveu agora virar
“oposição” do seu próprio partido e transformar-se no maior crítico de sua
criatura, a mãe do PAC e gerente competente, Dilma Vana Rousseff.
O Brasil já perdeu muito tempo com o Lula e o lulismo. Uns
20 anos pelo menos. Imaginem o incrível salto para adiante que o país poderia
ter dado se o Lula tivesse um miligrama de estadismo, preparo e entendimento da
História. Além de herdar o Brasil “arrumado” do governo FHC, tinha cacife
político para aprofundar as reformas estruturais que a Nação tanto precisa.
Poderia, mercê da conjuntura internacional positiva, ter realizado grandes
investimentos em Educação, Infraestrutura e Saúde. Poderia, enfim, ter entrado
para a História pela porta da frente. Mas, como dizia o Barão de Itararé, o
bisavô dos humoristas: “de onde menos se espera, é de lá que não sai nada
mesmo”.
Lula preferiu chafurdar na lama do patrimonialismo, da
demagogia, da incompetência e da desonestidade, e ninguém deveria se
surpreender com isso.
Um breve exame da biografia do Lula (ou será prontuário?)
não deixa a menor dúvida do que nos esperava ao dobrar a esquina.
Oriundo de família desfuncional, como tantas no Brasil, o
problema do Lula não foi ter nascido pobre. Milhões de brasileiros nascem e
morrem pobres.
Todo mundo enfrenta dificuldades na vida e, mesmo assim,
incorpora valores morais e éticos, constrói uma família, trabalha, enfim, vive
uma existência modesta mas digna. Dona Lindu, abandonada pelo marido
alcoólatra, assoberbada na luta pela sobrevivência da prole, talvez não tenha
conseguido arrumar nem tempo nem forças para edificar valores no seio do lar.
Mas isso também não serve como desculpa para os desvios de conduta do Lula.
Afora o curso de torneiro no Senai, Lula nunca foi afeito ao
aprendizado e muito menos ao trabalho. Perspicaz, percebeu na burocracia
sindical uma possibilidade de escapar do estafante chão da fábrica.
Lula pode ser um homem ignorante, grosseiro até, mas de
burro não tem nada. Apesar da inteligência inata, Lula desenvolveu um enorme
complexo por sua ignorância formal e pela pobreza material. Por isso mesmo,
Lula elegeu como objetivo de vida acabar com a pobreza. A sua, no caso. Aliás,
nada contra isso, só discordo é dos métodos e caminhos escolhidos.
Lula abriga dentro de si um enorme ressentimento. Começa aí,
talvez, o discurso do “eu contra eles”, que acabou virando depois “o nós contra
eles”.
Esperto como o capeta, Lula se apropriou do “novo movimento
sindical do ABC” que surgiu no fim dos anos 70, em contraposição ao pelego da
ditadura, o notório Joaquinzão. No sindicato Lula conhece, gosta e cultiva com
prazer as benesses do poder. E como gosta… Essa história está muito bem contada
no livro O Que Sei de Lula, do jornalista José Neumanne Pinto, vale a pena ler.
Logo em seguida, na esteira da criação do partido Solidariedade na Polônia por
outro operário, Lech Walesa, funda-se o PT no Brasil.
Carismático, Lula teve um papel importante na organização
das greves do ABC ao final dos anos setenta e era cortejado pelos partidos de
esquerda (ainda na ilegalidade), inclusive pelo PCB onde eu militava. Astuto,
Lula percebeu que, no recém-nascido PT, ainda com uma estrutura partidária
frágil, seria mais fácil impor a sua liderança, que não admite concorrência.
Assim, Luiz Inácio também se apropriou do PT sociedade com o seu comparsa, o Zé
Dirceu. Lula se aboletou no PT, que virou uma farandola de várias tendências de
esquerda, todas sem uma clara definição de tática ou estratégica, e de conteúdo
ideológico raso, para não dizer ignorante, nas coisas do marxismo e nos
problemas da realidade contemporânea, fenômeno comum na dita esquerda
latino-americana. Mas uma coisa tinham em comum: não se entendiam uma com as
outras.
Lula e seu amigo Zé fundaram mais uma tendência, o Campo
Majoritário que, como o nome já diz, conquistou a hegemonia no partido. Em vez
de Mimi – o metalúrgico do filme de Lina Wertmuller –, tínhamos o nosso Lula, o
metalúrgico seduzindo os intelectuais, a Academia, os estudantes e,
principalmente, a mulherada… O operário chegava ao Paraiso!
Militante do PCB, tomei conhecimento das primeiras greves na
Scania, acompanhava as assembleias no estádio de Vila Euclides e, confesso, via
com simpatia a sua liderança ao mesmo tempo em que desconfiava do seu
radicalismo oportunista. Achava aquilo meio “jogo de cena”.
Nos tempos da ditadura, os partidos de esquerda, ainda na
clandestinidade, se apropriaram de recursos gerados em seus braços legais, como
sindicatos, entidades estudantis e movimentos populares. O PCB não era exceção,
mesmo porque o Ouro de Moscou, que a União Soviética mandava – mandava, sim,
senhor! – não era suficiente para bancar a luta revolucionária.
Não quero me justificar, mas havia a atenuante de que, na
ditadura, eram partidos postos na ilegalidade, clandestinos, não havia outra
forma de custear o seu funcionamento. O PT, mesmo na legalidade, levou essas
“práticas políticas heterodoxas” às últimas consequências, já que, no
socialismo, os fins justificam os meios… Isso se fortaleceu quando os petistas
começaram a se eleger nas prefeituras e implantaram o lucrativo sistema em
contratos de coleta de lixo e assemelhados, drenando o dinheiro público para
fortalecer o partido, além do que, claro, sempre sobra algum qualquer para o
uísque e o charuto da companheirada.
Ah!!! O Poder!!! E como tem dinheiro no poder!
O PT mafioso foi se fortalecendo em governos estaduais,
comissões parlamentares (com trocadilho) e quetais e quitandas. E ai de quem
fosse contrário às diretrizes partidárias! Não estão mais aí o ex-prefeito Celso
Daniel e o Toninho de Campinas para provar o que escrevo.
Quando, finalmente, o PT com Lula conquistou o poder
federal, então foi o Céu na Terra!
Mas a roda da História gira e hoje a carroça petista,
atolada em contradições, mal se arrasta levando consigo o Brasil.
Lula, que não quer largar o osso, aprofundou sua
personalidade raivosa, acusa as elites às quais ele mesmo pertence. Cada vez
mais o mundo de Lula se transforma no eu contra o resto. Para permanecer no
poder Lula, não hesita em arremessar um brasileiro contra o outro. Para Lula,
só poder interessa, o poder traz segurança, bem-estar e benquerença. Para ele,
é claro. E Lula adora ser adulado. Lula precisa estra cercado de áulicos e
puxa-sacos, os quais não vacila em sacrificar em função de seus interesses mais
mesquinhos. Lula virou uma espécie de Stalin do PT, partido que hoje ele está a
ponto de renegar. Este mesmo PT que Lula ajudou a transformar num partido de
funcionários públicos medíocres, cujo entendimento do Estado é como um meio de
vida parasitária. Este mesmo PT que no jogo político não tem adversários, mas
inimigos que devem ser obliterados.
Lula nunca foi nem nunca será um estadista. Lula jamais
pensou em transformar a realidade do país nem em projetar o futuro do Brasil.
Ele só se interessa em mudar uma realidade, a dele.
E tenho dito.
Fonte: A Verdade Sufocada
O Brasil está pedindo socorro e só há uma saída...
Marco Antônio Villa comenta a situação política
do Brasil e as denúncias que tomaram corpo no último final de semana envolvendo
o presidente Lula e construtoras como a Odebrecht.