Por Luis Dufaur
A profecía: milhões de pessoas morreriam de fome nos anos
70.
A Índia superlotada estava condenada irremediavelmente e
“a Inglaterra
deixaria de existir por volta do ano 2000”
|
Pela metade dos anos
60 do século XX foi moda na política e na mídia espalhar visões de pesadelo
sobre uma desastrosa saturação populacional da Terra.
Em 1966, o escritor Harry Harrison publicou a apavoradora novela de ficção
intitulada “Make Room! Make Room!”, em que imaginava massas humanas disputando
os escassos recursos da terra em fase de extinção. O livro inspirou o filme
ecolo-infernal “Soylent Green” (“No Mundo de 2020” / “À Beira
do Fim”)
2015: Ehrlich, não se arrepende de suas falsas profecias.
Ele
diz que sua intenção continua incólume: “conscientizar”
da catástrofe que
estaria despencando sobre nós.
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O duo pop Zager & Evans batia recordes cantando “no ano
2525, se o homem ainda estiver vivo”. A canção martelava que a humanidade
estava esgotando demencialmente os recursos da Terra, numa clara mensagem
ecológica.
The
New York Times elaborou um documentado dossiê e vídeo sobre
aquela onda de pânico irracional. Numa perspectiva histórica quem viveu aqueles
anos custa imaginar como foi possível que personagens importantes e grandes
organismos políticos, religiosos e midiáticos puderam acreditar e se
transformar em apóstolos dessa irrealidade hoje incompreensível.
Segundo o documentário, ninguém foi “mais influente ou mais aterrorizador que o
biólogo da Universidade de Stanford, Paul R. Ehrlich, com seu livro ‘A bomba
populacional’”.
A partir de 1968, a ’jeremiada’ de Ehrlich pressagiava um
apocalipse inevitável. Ele socava as mentes, nos termos do jornal
nova-iorquino, declarando que “a batalha para alimentar a humanidade estava
perdida”.
Ehrlich pregou de público que centenas de milhões de pessoas morreriam de fome
nos anos 70, dos quais 65 milhões seriam americanos. A Índia superlotada estava
condenada irremediavelmente e “a Inglaterra deixaria de existir por volta do
ano 2000”.
Ele não se contentava com as mortes maciças e em 1970 alertava que “em algum
momento dos próximos 15 anos, chegará o fim”. Por “fim” ele entendia “um
colapso total da capacidade do planeta para sustentar a humanidade”.
A Inglaterra e a Índia hoje melhoraram bem e não
houve as centenas de milhões de mortes pela fome que ele vaticinou.
A população do planeta duplicou, supera os sete bilhões, o número dos pobres diminui vertiginosamente e a produção de alimentos e energia se multiplicou assombrosamente.
Como semelhantes predições apocalípticas hoje manifestamente inverossímeis puderam algum dia ser adotadas como figurinos da política, da religião e da mídia?
Na série Retro Report, The New York Times decidiu dedicar um espaço especial com documentários analisando o esquisito mecanismo difusor de pânicos irracionais que tomou conta dos anos 60.
O caso interessa muito ao presente, quando análogos pânicos igualmente ilógicos são difundidos produzindo efeitos semelhantes.
Decorridos 47 anos, o Dr. Ehrlich não somente não faz o mea culpa pelo crasso erro cometido, mas, muito pelo contrário, interrogado pelo jornal, afirma que as datas que anunciou não têm importância alguma.
Para ele, o fim vem de qualquer jeito e é necessária uma drástica diminuição da natalidade e da própria humanidade já nascida. Se os homens não aceitarem praticar métodos voluntários, um acordo mundial deverá fixar “diversas formas de coerção”, como eliminar os auxílios sociais e previdenciários ou cortar as deduções tributárias aos que têm filhos.
Esse profeta da ecologia global diz que permitir às mulheres ter os filhos que desejarem é tão grave como permitir que qualquer um “possa jogar todo o lixo descartado no jardim do vizinho como bem entende”.
As declarações hodiernas desse porta-voz do mundo ecologicamente educado são de tal maneira ominosas, que causariam vertigem nos crentes de outrora em seus medos pelo suposto esgotamento dos recursos planetários, escreve o jornal.
A população do planeta duplicou, supera os sete bilhões, o número dos pobres diminui vertiginosamente e a produção de alimentos e energia se multiplicou assombrosamente.
Como semelhantes predições apocalípticas hoje manifestamente inverossímeis puderam algum dia ser adotadas como figurinos da política, da religião e da mídia?
Na série Retro Report, The New York Times decidiu dedicar um espaço especial com documentários analisando o esquisito mecanismo difusor de pânicos irracionais que tomou conta dos anos 60.
O caso interessa muito ao presente, quando análogos pânicos igualmente ilógicos são difundidos produzindo efeitos semelhantes.
Decorridos 47 anos, o Dr. Ehrlich não somente não faz o mea culpa pelo crasso erro cometido, mas, muito pelo contrário, interrogado pelo jornal, afirma que as datas que anunciou não têm importância alguma.
Para ele, o fim vem de qualquer jeito e é necessária uma drástica diminuição da natalidade e da própria humanidade já nascida. Se os homens não aceitarem praticar métodos voluntários, um acordo mundial deverá fixar “diversas formas de coerção”, como eliminar os auxílios sociais e previdenciários ou cortar as deduções tributárias aos que têm filhos.
Esse profeta da ecologia global diz que permitir às mulheres ter os filhos que desejarem é tão grave como permitir que qualquer um “possa jogar todo o lixo descartado no jardim do vizinho como bem entende”.
As declarações hodiernas desse porta-voz do mundo ecologicamente educado são de tal maneira ominosas, que causariam vertigem nos crentes de outrora em seus medos pelo suposto esgotamento dos recursos planetários, escreve o jornal.
Até o presidente Nixon dos EUA acreditava no mito
e pregava
cortar o crescimento da população.
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Mas, felizmente, não ficaram só ambientalistas
fanáticos daquela década. Certos líderes verdes radicais modificaram seu
palavreado. Stewart Brand, fundador do Whole Earth Catalog, aberto
à contracultura radical chic e anarquista, respondeu ao Retro Report: “Talvez o
fim não virá porque aquele raciocínio estava errado”.
No entanto, os defensores do bom senso continuam sofrendo um tratamento
injusto. Por exemplo, Norman E. Borlaug, o biólogo que ganhou o Prêmio Nobel e
o título de “o homem que salvou um bilhão de vidas” e que é tido como pai da
revolução agro-industrial, ou agronegócio, e da utilização maciça dos OGM.
Borlaug sublinha que a falta de recursos em algum lugar do planeta é sempre
resultado da incompetência e da corrupção dos governos e dos responsáveis
locais.
O problema é que os supostos defensores da ecologia e da humanidade sabotam a
aplicação da tecnologia já dominada e disponível para suprir as carências
planetárias.
Fred Pearce, especialista britânico em população global, não está preocupado
com o fantasma de a Terra ter habitantes em excesso. A sua verdadeira
preocupação é com a baixa taxa de natalidade que não permite a reposição da
população, e não só nos países industrializados.
Por isso ele escreveu em 2010 o livro-denúncia The
Coming Population Crash and Our Planet’s Surprising Future (A
próxima débâcle populacional e o surpreendente futuro do nosso planeta),
publicado pela Beacon Press.
Porém, os modelos demográficos da ONU calculam um auge de nove bilhões de habitantes por volta de 2050 e predizem cenários estarrecedores.
Porém, fora da ONU, as projeções demográficas divergem muito.
A inoculação do pânico fica patente, diz o jornal, na manipulação dos números da densidade populacional. A ideia dos semeadores de pânico, na ONU e alhures, é que as grandes concentrações populacionais são uma fonte infalível de pobreza e males sociais.
Mas, segundo a ONU, os três lugares com a maior densidade populacional são o Mônaco, Macau e Singapura. Nenhuma dessas cidades-estado entra, nem mesmo muito remotamente, na categoria dos casos desesperados apontados pelos pontífices do apocalipse ambientalista, da desigualdade intrinsecamente geradora de fome e de injustiças.
Tampouco o crescente consumo nos países mais ricos pode ser visto como uma ameaça ao planeta, escreveu o Dr. Pearce em 2010 na revista britânica Prospect.
A maior parte do crescimento do consumo aconteceu em países ricos que acolheram números substanciais de imigrantes. E esses passaram a viver segundo os padrões de consumo mais elevados de suas novas pátrias, constatou Pearce.
Em poucas palavras, o aumento do consumo das populações aconteceu sem dano global relevante e com largos benefícios para imensas camadas da humanidade, especialmente as mais pobres.
Porém, os modelos demográficos da ONU calculam um auge de nove bilhões de habitantes por volta de 2050 e predizem cenários estarrecedores.
Porém, fora da ONU, as projeções demográficas divergem muito.
A inoculação do pânico fica patente, diz o jornal, na manipulação dos números da densidade populacional. A ideia dos semeadores de pânico, na ONU e alhures, é que as grandes concentrações populacionais são uma fonte infalível de pobreza e males sociais.
Mas, segundo a ONU, os três lugares com a maior densidade populacional são o Mônaco, Macau e Singapura. Nenhuma dessas cidades-estado entra, nem mesmo muito remotamente, na categoria dos casos desesperados apontados pelos pontífices do apocalipse ambientalista, da desigualdade intrinsecamente geradora de fome e de injustiças.
Tampouco o crescente consumo nos países mais ricos pode ser visto como uma ameaça ao planeta, escreveu o Dr. Pearce em 2010 na revista britânica Prospect.
A maior parte do crescimento do consumo aconteceu em países ricos que acolheram números substanciais de imigrantes. E esses passaram a viver segundo os padrões de consumo mais elevados de suas novas pátrias, constatou Pearce.
Em poucas palavras, o aumento do consumo das populações aconteceu sem dano global relevante e com largos benefícios para imensas camadas da humanidade, especialmente as mais pobres.
Com as novas tecnologias, a Índia aumentou a
produção de alimentos, atende suas necessidades e ainda exporta. |
Os pânicos
abstrusos relacionados com o espectro de um planeta superlotado diminuíram.
Porém, eles continuam latejando à sombra dos pavores ligados às mudanças
climáticas, aquecimento global e conexos, diz o Dr. Pearce.
O slogan “crescimento populacional zero” (“zero population growth”) foi um grito de batalha que não se ouve muito em nossos dias.
Mas, o fanatismo dos disseminadores do pânico do fim do mundo não cessou.
O próprio Dr. Ehrlich, hoje com 83 anos, não se arrepende de suas sinistras e falsas profecias. Ele diz que não repetiria tudo o que disse, mas que sua intenção continua incólume: “conscientizar” da catástrofe derradeira que estaria despencando sobre nós.
Mas essa catástrofe apocalíptica se parece cada vez mais com uma intenção de bloquear o progresso da humanidade, de impedir a organização hierarquizada e harmônica dos homens entre si, com famílias numerosas e no regime de propriedade privada, livre iniciativa e consumo brilhante.
Ehrlich continua convencido de que o Dia do Juízo Final está na volta da esquina. Indagado pelo Retro Report de The New York Times se repetiria suas pregações dos anos 60, o pontífice do terror verde respondeu que hoje “minha linguagem seria ainda mais apocalíptica”.
O Retro Report elaborou um cuidadoso documentário financiado em parte pelo Pulitzer Center on Crisis Reporting. O vídeo não visa o lucro e foi resultado do trabalho de 13 jornalistas e 10 auxiliares.
O leitor pode vê-lo em seguida.
Mas prepare-se para uma surpresa: vai encontrar os maiores potentados da Terra, que o leitor talvez conheceu ou ouviu falar, fazendo seus os discursos mais aberrantes e mais contrários ao bem da humanidade.
Pelo contrário, pareciam inebriados pelos aplausos que atrairia seu gesto salvador apoiado num largo consenso, sem atentar para o inumano absurdo que estavam espalhando.
O slogan “crescimento populacional zero” (“zero population growth”) foi um grito de batalha que não se ouve muito em nossos dias.
Mas, o fanatismo dos disseminadores do pânico do fim do mundo não cessou.
O próprio Dr. Ehrlich, hoje com 83 anos, não se arrepende de suas sinistras e falsas profecias. Ele diz que não repetiria tudo o que disse, mas que sua intenção continua incólume: “conscientizar” da catástrofe derradeira que estaria despencando sobre nós.
Mas essa catástrofe apocalíptica se parece cada vez mais com uma intenção de bloquear o progresso da humanidade, de impedir a organização hierarquizada e harmônica dos homens entre si, com famílias numerosas e no regime de propriedade privada, livre iniciativa e consumo brilhante.
Ehrlich continua convencido de que o Dia do Juízo Final está na volta da esquina. Indagado pelo Retro Report de The New York Times se repetiria suas pregações dos anos 60, o pontífice do terror verde respondeu que hoje “minha linguagem seria ainda mais apocalíptica”.
O Retro Report elaborou um cuidadoso documentário financiado em parte pelo Pulitzer Center on Crisis Reporting. O vídeo não visa o lucro e foi resultado do trabalho de 13 jornalistas e 10 auxiliares.
O leitor pode vê-lo em seguida.
Mas prepare-se para uma surpresa: vai encontrar os maiores potentados da Terra, que o leitor talvez conheceu ou ouviu falar, fazendo seus os discursos mais aberrantes e mais contrários ao bem da humanidade.
Pelo contrário, pareciam inebriados pelos aplausos que atrairia seu gesto salvador apoiado num largo consenso, sem atentar para o inumano absurdo que estavam espalhando.
Video: O realejo
dos pânicos verdes nunca concretizados
In the
1960s, fears of overpopulation sparked campaigns for population control.
But
whatever became of the population bomb? By RetroReport on Publish Date
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