Por Ernesto Caruso
Prezados
Dias passados encaminhamos o questionamento a respeito da
publicação em jornal de um pretenso manifesto escrito como pensamento do Clube
Militar em favor da candidatura de Marina Silva (MS...).
Opiniões várias ecoaram pela internet compondo a resultante
de cada pensador.
Quando li o texto de autoria do Gen do Bandeira transmitido
pelo CM, não vi nitidamente esse apoio à candidata MS; o texto vai e volta, mas
apresenta o fio de esperança - título chamativo e indutor - como se fosse a
tábua de salvação não para si próprio, mas pra eles/outros, cansados dos
petistas, embora sob nossa ótica, MS seja o outro lado de uma mesma carta.
No entanto, a matéria
publicada no jornal dá uma interpretação de apoio à MS que obviamente gerou
questionamentos a respeito. Os esclarecimentos surgiram de várias origens sem
um posição oficial do Clube.
Acontecimento quiçá interessante, pois que, além de trazer à
tona o Clube Militar como entidade importante no cenário político-histórico do
país, representa no todo (para alguns) ou parte (outros) a família militar com
expressivo público eleitor distribuído por todo o território nacional, com
alguma capacidade de influenciar de forma escrita, verbal, em casa, na rua, no
trabalho, pela internet, pela imprensa.
Pelo sim, pelo não, vejo que pode render algo positivo a
publicação no jornal. Quem sabe a equipe do Aécio desperte como importante o
estamento militar e enxergue o voto da família militar não tão certo e
garantido como pressuposto.
Saudações
Ernesto Caruso
Fonte: A Verdade Sufocada
__________
Observação: Leiam abaixo o texto do manifesto, e tirem suas próprias conclusões.
UM FIO DE ESPERANÇA
Por Gen Clovis Purper Bandeira
As surpresas que o destino nos reserva são assustadoras.
Tudo corre num determinado sentido quando, de repente, um acontecimento
totalmente inesperado muda nossa história, nossa vida.
O terrível acidente aéreo que, no meio de agosto (sempre
agosto) ceifou a vida do Senador Eduardo Campos, candidato à Presidência da
República, bem como as da tripulação e de assessores que o acompanhavam, mudou
em duas semanas todo o panorama e as previsões para as eleições de outubro, em
nível federal e estadual.
Subitamente elevada à condição de presidenciável, a até
então candidata a Vice Presidente, Marina da Silva, foi talvez a pessoa
diretamente mais atingida pelas consequências da tragédia.
Relembremos.
Tendo obtido 20 milhões de votos nas últimas eleições
presidenciais, em 2010, Marina despontou como um fenômeno eleitoral, séria
pretendente ao cargo nas próximas eleições.
Para conseguir ser apontada como candidata, procurou fundar
um partido próprio, a Rede de Sustentabilidade, ou simplesmente Rede. No
entanto, a burocracia – e os problemas reais ou criados pelos cartórios para o
reconhecimento de centenas de milhares de firmas necessárias para a criação de
um partido – terminaram por impedir que o mesmo viesse à luz no prazo legal
para permitir o registro de seus candidatos.
Assim, sem uma sigla que a apresentasse, Marina teve que se
contentar em aderir ao PSB, que já apontara Eduardo Campos como candidato a
Presidente da República. Ela teve, então, que limitar-se à Vice Presidência.
A morte do cabeça da chapa do PSB a menos de dois meses das
eleições determinou sua substituição por Marina, que imediatamente decolou nas
pesquisas de intenção de votos.
Atualmente, já empata com Dilma Roussef no primeiro turno e
vence folgadamente por dez pontos percentuais no segundo turno.
Na verdade, a nova candidata incorporou o desejo vago de
mudanças que levou o povo às ruas em junho do ano passado. Que tipo de mudança,
isso já é outro problema.
Não tendo ainda sido atacada pelos demais candidatos – pois
sua candidatura não foi, inicialmente, percebida como grande ameaça – navega em
mar calmo e vento muito favorável, enquanto o tempo, cada vez mais curto, corre
a seu favor.
Sua figura messiânica, suas declarações vagas, suas
promessas iniciais muito generosas, mas fora do alcance do cofre nacional,
acenam com uma “nova política” misteriosa, mistura de propostas esquerdistas e
ambientalistas, entre as quais maior participação direta, governar com pessoas
e não com partidos, participação direta popular no governo, por meio de
plebiscitos e consultas populares (cheiro de bolivarianismo), criação de
conselhos do povo (cheiro dos sovietes petistas), orçamento participativo etc.
Cálculos preliminares orçam suas promessas – entre as quais
10% do orçamento para a saúde, outros 10% para a educação, aumento da bolsa
esmola, do efetivo da Polícia Federal – em quase 100 bilhões de reais por ano,
cuja origem não é esclarecida.
Seu calcanhar de Aquiles é o fraco apoio político, pois na
verdade não tem o apoio firme de nenhum partido. Seus apoiadores são aqueles
interessados em pegar carona em sua súbita popularidade, sem nenhum compromisso
com a realidade política durante seu possível governo.
Mas uma excelente candidata não será, necessariamente, uma
excelente Presidente.
No governo, terá que descer das nuvens “sonháticas” onde
flutua e lutar na arena do dia a dia da Praça dos Três Poderes, enfrentando as
feras insaciáveis que fazem as leis, sempre cobrando algum preço político por seu
apoio.
Na verdade, os políticos temem o populismo de suas propostas
e os desvios que promete adotar, para evitar o isolamento de seu governo pelos
partidos, percebendo uma ameaça de autoritarismo na ideia de governar sem os
mesmos. Será real isso ou será apenas uma ameaça para angariar apoios mais
fortes dos partidos, que seriam enfraquecidos com um governo mais populista?
Dona de um discurso inatacável é a favor de tudo que é bom e
contra tudo que é ruim. Como, aliás, todos os candidatos.
Ser uma incógnita camaleônica é uma vantagem, pois o que é
conhecido da política e dos políticos é rejeitado pelos eleitores.
A esperança de algo novo e diferente, que rompa com a
tradição negativa representada pelos atuais homens públicos, parece impulsionar
a subida de Marina nas pesquisas eleitorais.
A desilusão popular procura o novo. As mudanças podem ser
para melhor ou para pior, desde que interrompam a malfadada corruptocracia
instalada no poder pelo lulopetismo.
Como está não pode continuar. Há expectativa de que novos
rumos e novos governantes tragam melhores dias e maior esperança para os
eleitores desiludidos.
x-x-x
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