Por Jorge Oliveira*
Rio – O brasileiro precisa está atento para o que vai
acontecer a partir de janeiro de 2015 caso o PT seja derrotado nas eleições
deste ano. Com o estado aparelhado, os petistas em represália vão tentar
desestabilizar o país porque ainda são o partido mais organizado. Comanda as
centrais de trabalhadores e milhares de sindicatos, portanto, têm como liderar
greves e incentivar à massa a ir às ruas contra o novo governo. Os petistas não
vão dar trégua porque, ressentidos com a derrota, tentarão de todas as formas
inviabilizar o sucessor. Além disso, resistirão a abandonar os cargos para não
perder os salários milionários sem antes boicotar o serviço público e paralisar as atividades afins do estado.
É assim que opera o PT. E foi assim que a cúpula do partido
agiu nos primeiros anos do governo Collor, quando estimulou a paralisação da
máquina estatal, criou CPIs, quebrou o
sigilo fiscal de autoridades do governo, fabricou escândalos e levou às ruas milhares
de jovens (os caras pintadas) para derrubar
o primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da ditadura. O PT
não se contentou com a derrota do Lula e organizou suas bases
(sindicatos e centrais) para confrontar o novo governo. Criou núcleos de
espionagem dentro dos órgãos federais infestados de seus militantes e
simpatizantes e em pouco tempo derrubou o Collor, que já estava na corda bamba
pelo governo medíocre que fazia com denúncias de corrupção pipocando por todos
os lados.
Na oposição a partir de janeiro, caso a Dilma não se
reeleja, os petistas vão infernizar a vida de quem assumir o governo. Quatorze
anos administrando a máquina pública, eles aparelharam o estado e agora
conhecem como funciona a estrutura por dentro. Para desalojá-los do poder, o
presidente eleito certamente gastará boa parte do mandato na assepsia das
estatais onde os petistas estão infiltrados independente da qualificação
profissional.
Lula está acompanhando com lupa a campanha da Dilma.
Anunciou inclusive que estará na linha de frente dos trabalhos da reeleição da
sua presidente. Acontece, porém, que ele hoje já tem dúvidas quanto ao êxito do
sucesso dela e analisa prognósticos desfavoráveis a sua candidata. Por isso
começou a trabalhar com outro cenário político: aumentar as bancadas petistas
na Câmara e no Senado Federal.
A estratégia consiste em dominar o Congresso Nacional no
caso do PT não conseguir reeleger a Dilma. Perde-se, portanto, o governo, mas
em compensação ganha-se o parlamento
submetendo o novo presidente às ordens petistas, leia-se lulista. Nos estados
onde o PT não desponta como favorito ao governo, Lula tem estimulado uma
aliança independente de ideologia para aumentar o número de parlamentares, o
que permitiria o partido ter maioria no Senado e na Câmara e indicar os
presidentes.
É assim que o ex-presidente quer permanecer soberano na
política. Lula sabe que a Dilma estaria definitivamente fora da política se
perder a reeleição porque não teria condição de se eleger nem a síndico de
prédio. A dificuldade dela de se manter
na política deve-se a sua falta de base eleitoral em Minas Gerais e no Rio
Grande do Sul os dois estados que abraçou para viver. Lula sabe também por
experiência própria que num regime presidencialista como o nosso, manter a presidência
das duas Casas é dominar o destino político do país como fazem alguns partidos,
a exemplo do PMDB de Sarney, de Renan e
Michel que mantêm o Executivo sob seu jugo.
Não à toa, Lula não demonstra nenhum apetite para ocupar o
lugar da Dilma. Conhece como ninguém a
incompetência da sua presidente para administrar o país e do fracasso que ronda
o setor econômico em 2014. Assim, previne-se ao entregar os anéis para
preservar os dedos: quer a Câmara e o Senado
para transformar o Executivo refém do seu partido, no caso de uma
reeleição frustrada da Dilma.
Fonte: A Verdade Sufocada
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*Jorge Oliveira é Jornalista.
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