A Polícia Federal tentou conduzir coercitivamente o delegado
Romeu Tuma Jr., ex-secretário nacional de Justiça, à sede de sua
Superintendência , em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre o livro
“Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”, publicado pela Editora
Topbooks. Ele resistiu à intimidação e compareceu um pouco mais tarde ao local.
Na obra, Tuma Jr. assegura que o “estado policial petista” não é uma invenção
de paranoicos. Segundo o autor, esse esquema reúne as características de todas
as máquinas de perseguição e difamação do gênero: o grupo que está no poder se
apropria dos aparelhos institucionais de investigação de crimes e de repressão
ao malfeito — que, nas democracias, estão submetidos aos limites da lei — e os
coloca a seu próprio serviço.
Queriam, na prática, deter Tuma Jr., ainda que por algum
tempo, por quê? Havia ou há algum inquérito em curso? Não. Vamos ficar atentos.
O Brasil é uma democracia — ainda é ao menos. As pessoas não podem ser
demitidas de um banco, por exemplo, porque fazem uma avaliação técnica crítica
ao governo. O partido oficial não pode fazer listas negras de jornalistas
porque não gosta de sua opinião, e o estado não pode sair por aí detendo pessoas
em processos de investigação muito pouco transparentes.
Sim, o livro de Tuma Jr. denuncia a ação do PT em algumas
operações escabrosas, a saber:
1: manipulação da investigação para envolver o governo de
São Paulo e o PSDB no caso do cartel de trens em São Paulo;
2: elaboração de um falso dossiê para incriminar o
governador tucano Marconi Perillo, de Goiás;
3: elaboração de um falso dossiê para incriminar o também
tucano Tasso Jereissati, com pressão explícita de Aloizio Mercadante;
4: armação para manchar a reputação de Ruth Cardoso, mulher
do ex-presidente FHC;
5: o assassinato do petista Celso Daniel, prefeito de Santo
André;
6: operação para grampear todos os ministros do STF – o que
ele diz ter acontecido;
7: tentativa de eliminar os rastros de uma conta do mensalão
nas ilhas Cayman.
Em entrevista à revista VEJA, Tuma Jr. foi claro sobre as
pressões que recebeu quando era Secretário Nacional de Justiça:
“Durante todo o tempo em que estive na Secretaria Nacional
de Justiça, recebi ordens para produzir e esquentar dossiês contra uma lista
inteira de adversários do governo. O PT do Lula age assim. Persegue seus
inimigos da maneira mais sórdida. Mas sempre me recusei. (…) Havia uma fábrica
de dossiês no governo. Sempre refutei essa prática e mandei apurar a origem de
todos os dossiês fajutos que chegaram até mim. Por causa disso, virei vítima
dessa mesma máquina de difamação. Assassinaram minha reputação. Mas eu sempre
digo: não se vira uma página em branco na vida. Meu bem mais valioso é a minha
honra.”
No livro, Tuma Jr. sustenta que Celso Daniel foi assassinado
ao tentar desarmar um esquema paralelo de arrecadação de propina montado por
petistas, que tentava se sobrepor àquele criado pelo próprio Celso, que serviria
ao partido e seria integrado por Gilberto Carvalho, que lhe teria confessado a
existência da tramoia.
A pressão
Aguardemos os próximos passos. Uma investigação qualquer
tinha sido iniciada pela Polícia Federal, razão por que Tuma Jr. foi convidado a
dar uma declaração. Mas qual? Denúncias para iniciar um inquérito não faltavam.
A questão é saber se pretendem que Tuma Jr. seja o investigado ou a testemunha.
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