Por Gen Clovis Purper Bandeira
Em entrevista à jornalista Miriam Leitão, publicada em 28 de
junho no jornal O Globo, o Ministro da Defesa, Celso Amorim, volta a apresentar
uma de suas teses preferidas para enfraquecer e dividir o Exército: separar os
militares de hoje dos militares de ontem, os jovens dos velhos, os trogloditas
dos jovens que são prejudicados pelos erros do passado e que devem, é claro,
renegá-los para seguirem livres no novo Exército.
Tratando-se, entrevistado e jornalista, de conhecidos
propagandistas das ideias socialistas, não surpreende que perguntas e respostas
concordem, num joguinho visivelmente combinado, procurando vender, mais uma
vez, a velha tese comunista de que um novo mundo é possível, desde que sob o
domínio das teses esquerdistas.
Partem, também, da mentira de que o Brasil deseja adotar o
ideal socialista, cujo modelo de maior sucesso atual (até quando?) é o
lulopetismo corrupto e mentiroso. Este pressuposto não é nem mesmo discutido, é
premissa básica do discurso.
Na novilíngua
gramscista, esquerdista significa progressista, democrata. Direitistas,
liberais, esses são retrógrados, ultrapassados e lutam para impedir o progresso
do país, que só será possível sob o domínio do partido único de seus sonhos,
com a imprensa e os demais poderes da República dominados e totalmente
controlados. Será que ninguém olha para o mundo e vê que países progrediram,
enriqueceram e praticam a verdadeira justiça social? Algum deles é comunista?
Para atingir esse controle total pelo partido, é necessário
vencer as “trincheiras da burguesia”: o Judiciário, o Congresso, o Executivo
(governo), os Partidos Políticos burgueses, as Forças Armadas, o Aparelho
Policial, a Igreja Católica e o Sistema Econômico Capitalista. Em próximo
artigo, trataremos do assunto com mais detalhe, estudando como Gramsci ensina a
derrubar essas “trincheiras” e como suas lições estão sendo aplicadas no
Brasil.
O Ministro Amorim comenta, como avanços conseguidos, o fato
de o Exército não mais comemorar oficialmente o 31 de março e a introdução do
Ministro da Defesa na cadeia de comando das Forças Armadas. Poucos países assim
procedem. No modelo norte-americano, que é aproximadamente seguido pelo nosso
MD, a função política do Secretário de Defesa não se confunde com a cadeia de
comando militar operacional, executado pela Junta de Chefes de Estado-Maior.
Aqui, propositadamente, misturamos tudo, com a desculpa de controle do poder
militar pelo poder político. Quanto mais confusa for a cadeia de comando, com a
introdução desnecessária de leigos no topo da mesma, mais difícil será
conseguir qualquer tipo de decisão que interesse ao bom preparo e emprego das
forças.
O interessante é que essa necessidade existe apenas no que
se refere à função Defesa Nacional. Apenas neste caso os profissionais da área,
que estudaram, praticaram e dedicaram sua vida ao assunto, estão impedidos de
chefiar o Ministério correspondente. É como se os médicos não pudessem ser
Ministros da Saúde; os professores, da Educação; engenheiros, dos Transportes;
advogados, da Justiça. Ninguém duvida de que o profissional experiente do ramo
é o mais qualificado para comandar as políticas de governo da área. Tal não se
aplica à Defesa Nacional, no Brasil. Um leigo, que nunca se preocupou ou ao
menos pensou no assunto, de repente é nomeado Ministro da Defesa e começa a
legislar sobre o que não conhece e, muitas vezes, despreza; para completar,
passa a fazer parte do topo da cadeia de comando. Duvido que dê certo,
principalmente em caso de operações de combate, onde o convite ao desastre é
evidente.
O Ministro e a repórter concluem que o que as Forças Armadas
têm feito de mais importante tem sido a segurança da Copa, as operações tipo
polícia na Maré e no Alemão, o socorro aos flagelados em secas e enchentes,
coisas que sempre foram feitas, não são novidades.
É o mesmo Exército de sempre. O povo sabe disso. As
pesquisas de opinião de antes, durante e depois do Movimento de 1964 sempre
colocaram o Exército no alto das instituições mais respeitadas e admiradas
pelos brasileiros.
A novidade é a promoção de distúrbios e manifestações por
órgãos e partidos do governo, em estados governados por opositores.
A novidade é a banalização do emprego das Forças Armadas em
operações de GLO – garantia da lei e da ordem – sem que o governo estadual
tenha esgotado seus meios de manutenção da ordem pública, como é seu dever.
E o perigo resultante dessa banalização é o risco sempre
presente de que um incidente fatal venha a ocorrer, para confirmar o
despreparo, a brutalidade e a falta de confiabilidade das forças federais para
esse trabalho. Ou para qualquer outro.
No entanto, o governo federal não hesita em empregar
prematuramente o instrumento mais potente e violento de que dispõe, seu braço
armado, a última razão dos reis – ultima ratio regis – para obter resultados
que são obrigação dos estados. Se você empregar lutadores de MMA para controlar
a disciplina no recreio das escolas, corre o risco de colher resultados
indesejados. E os culpados não serão os atletas.
Volta-se, ainda, ao velho choro do pedido de desculpas por parte
dos militares. O Estado, patrão dos militares, já pediu desculpas, distribuiu
perdões, pagou e paga indenizações que já ultrapassam quatro bilhões de reais
aos “perseguidos políticos” e o Exército ainda deve desculpas? Não as devem os
terroristas e guerrilheiros assassinos, que tentaram implantar um regime
ditatorial comunista no país, pela força, e espalharam mortos e feridos pelo
país, em nome de seus ideais? Os mortos e feridos comunistas têm maior valor
moral ou de mercado do que os que defendiam a democracia? Quem ainda acredita
que os guerrilheiros das décadas de 60 e 70 lutavam pela democracia? Pela
democracia cubana?
Finalmente, a cereja do bolo: é um absurdo que escolas
militares não adotem livros de História aprovados oficialmente pelo MEC. O absurdo,
amigos, é que o MEC indique livros que revisam a história sob o enfoque
comunista, reescrevendo nosso passado e fazendo uma lavagem cerebral em nossos
estudantes, do fundamental ao superior. E ninguém acha isso errado, apenas o
oposto o é.
Neste ponto, diria Gramsci, já atingimos o “senso comum
modificado”. Em breve veremos o que é isso.
Fonte: A Verdade Sufocada
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