O Hamas e a Jihad Islâmica, que são grupos terroristas, e a
Autoridade Palestina, reconhecida internacionalmente como governo legal dos
palestinos, convocaram nesta sexta um “Dia de Fúria”, desta feita na
Cisjordânia, o território controlado pelo Fatah, grupo ao qual pertence Mahmoud
Abbas, presidente da AP. O esforço, como se vê, é para levar o caos da Faixa da
Gaza, onde se dá a guerra entre Israel e o Hamas, para a Cisjordânia, que vivia
dias naturalmente tensos, mas estava relativamente em paz. Que líder, com um
mínimo de responsabilidade, faz essa escolha? Confrontos com as forças
israelenses fizeram cinco mortos. Na Faixa de Gaza, a Al Aqsa, televisão
controlada pelo Hamas, começou a divulgar canções pró-Intifada, pró-levante.
O confronto, até agora, já matou mais de 800 palestinos. São
36 os soldados israelenses mortos, maior número de baixas desde a Guerra do
Líbano, em 2006. É lamentável? É. Faz-se necessário um cessar-fogo imediato?
Sim. E quem não permite que isso aconteça? O Hamas, que é, desde sempre, a
força agressora nesse conflito — pouco importa o que cada um de nós pense sobre
a questão israelo-palestina. Para um cessar-fogo, o Hamas exige o fim do
bloqueio a Gaza. Ora, isso é o que eles já pediam, usando essa reivindicação
como justificativa para jogar seus milhares de foguetes contra Israel. Se,
antes da reação militar, Israel não cedeu — no que fez muito bem —, por que
cederia agora?
Contabilidade de mortos não confere superioridade moral a
ninguém, especialmente quando um dos lados do conflito, como é sabido, recorre
a escudos humanos. Israel hesitou em dar início à ofensiva terrestre — e tratei
aqui desse assunto — porque é claro que o resultado seria terrível, dadas as
características demográficas de Gaza e a forma de luta escolhida pelo Hamas,
que não distingue civis de homens em guerra.
O governo brasileiro continua a produzir delinquências
políticas a respeito. Marco Aurélio Garcia, assessor especial da presidente
Dilma para assuntos internacionais, afirmou, por exemplo, que há um “genocídio”
em Gaza. É ideologia rombuda misturada a ignorância. Acusar os judeus, que
foram vítimas da tentativa de extermínio nazista — este, sim, genocida —, de
tal prática é só uma das formas de negar o Holocausto. Mas nada me surpreende
nessa gente.
Garcia, um prosélito vulgar de causas ruins, escreveu um
texto com ataques a Israel num desses panfletos de esquerda de que se serve o
governo. A política externa brasileira virou uma chanchada macabra. O
Itamaraty, como se sabe, emitiu uma nota em que condena explicitamente a ação
israelense, ignorando solenemente os ataques do Hamas. A chancelaria de Israel
afirmou que a opinião do governo brasileiro era irrelevante. Indagado a
respeito, Garcia diz que não responderia ao “sub do sub do sub”. A ignorância é
sempre arrogante.
Se há mesmo vozes dispostas a falar em nome da paz, a única
coisa sensata a fazer neste momento é apelar para que o Hamas aceite o
cessar-fogo para que se possa abrir um corredor humanitário em Gaza para
atender as vítimas. E termino com uma questão que pede uma resposta. O Hamas
jogava milhares de foguetes em Israel sob o pretexto de pedir o fim do bloqueio
a Gaza. Israel não cedia porque o grupo quer as fronteiras abertas para que
possa se armar com o propósito de atacar o país. A situação estava se tornando
insustentável, e uma nova incursão a Gaza seria fatal se os terroristas não
suspendessem seus ataques. O mundo ficou calado diante da escalada do Hamas.
Nesse contexto, o que restava a Israel senão se defender?
Os que se calaram antes diante da ação terrorista agora se
dizem chocados com o número de mortos? Isso não é piedade, mas cinismo.
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