Por Daniel Haidar - VEJA
LAÇOS – Janira Rocha, deputada estadual pelo PSOL:
carona
para uma foragida da Justiça, ligada a black blocs,
em carro oficial da
Assembleia (Carlo Wrede/Ag. O Dia)
|
Corregedoria e Conselho de Ética da Alerj analisam conduta
de Janira Rocha (PSOL), que ajudou a advogada Eloisa Samy a fugir da polícia
A carona oferecida pela deputada estadual Janira Rocha
(PSOL-RJ) para uma advogada ligada a black blocs – e foragida da Justiça –
poderá custar caro para a parlamentar. Usando um carro da Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro, Janira transportou na noite desta segunda-feira
a advogada Eloisa Samy, que tentava asilo no Consulado do Uruguai, em Botafogo,
para evitar ser presa. Quando soube que o pedido fora negado pela representação
uruguaia, Eloisa tramou uma fuga até um supermercado em São Conrado, na Zona
Sul, escondida no carro da deputada do PSOL. De lá, a advogada desapareceu.
"Não tenho dúvida de que isso quebra o decoro
parlamentar. Há possibilidade de suspensão e até perda de mandato. Vamos levar
isso ao conselho ao fim do recesso", afirmou o presidente do Conselho de
Ética da Alerj, deputado Janio Mendes (PDT). Segundo ele, a conduta de Janira
será analisada pelo colegiado após o recesso parlamentar, em agosto. Se
configurada quebra de decoro, a punição poderá ser a cassação do mandato.
Nesta terça-feira, o deputado Comte Bittencourt (PPS),
corregedor da Alerj, enviou ofício à deputada cobrando uma justificativa
oficial para a carona.
Confirmado o processo, será a quarta ação pela cassação do
mandato de Janira por quebra de decoro. Dois processos foram arquivados, mas
ela ainda responde à acusação de reter parte dos salários de servidores do seu
gabinete e de ter utilizado os recursos para fins eleitorais. O corregedor da
Alerj recomendou a aplicação da pena máxima: perda do mandato. Mas Janira
apresentou recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e o caso foi
paralisado. Em outro caso já arquivado, Janira foi flagrada dando instruções a
um líder do movimento grevista dos bombeiros em fevereiro de 2012. "Se por
acaso quebrei regimento da Alerj, não tem nenhum problema. Só quero que todos
os outros que também quebraram sejam julgados", afirmou.
As complicações para Janira não se restringem ao
Legislativo: ela também poderá ter problemas com a Justiça por sua atitude.
Ajudar na fuga de um foragido da Justiça é considerado crime de favorecimento
pessoal – punido com um a seis meses de detenção e multa. Com um mandado de
prisão preventiva expedido desde a noite de sexta-feira, Eloisa Samy era
procurada há mais de dois dias e deixou de ser presa pela polícia na
segunda-feira porque agentes foram impedidos de entrar no espaço diplomático do
Uruguai.
Questionada pelo site de VEJA, a deputada admitiu a carona,
mas minimizou o caso. "Não foi feito nada escondido. Se a Justiça achar
que é ilegal, que se abra processo e que eu possa ser julgada. Se eu quebrei o
Regimento da Assembleia, que se abra mais um processo", afirmou.
Fonte: VEJA
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