Por Luis Dufaur
O "profeta" confessa que errou. Mas seus
discípulos fanatizados
não abandonam a
"profecia" furada. Haverá algo por trás?
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Quando foi cientista da NASA, pelo fim da década de 70,
James Lovelock expôs a seu amigo, o novelista e poeta William Golding, a
suposição de que a Terra seria um único ser vivo.
O poeta, que também ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em
1983, propôs um nome da fantasia: “Que tal hipótese Gaia?”.
Fulminado pelo fascínio da fórmula, Lovelock aceitou, e
atingiu a celebridade pela fantasia disfarçada de ciência.
Hoje, com 95 anos, Lovelock mudou seu pensamento em certos
pontos, mas o mantém contraditoriamente em outros.
Há oito anos escreveu A vingança de Gaia. Segundo esse
livro, o planeta, qual deus do Olimpo, se vinga com espantosas catástrofes
climáticas derivadas de um aquecimento apocalíptico, dos vulgares humanos que
não o cultuam.
Foi ciência? Ficção? Poesia? Só há uma coisa certa que até
Lovelock confessa: suas profecias estavam erradas.
“Eu mesmo – disse ao jornal “El Mundo”, de Madri – caí no
alarmismo. O fato certo é que as temperaturas não aumentaram na superfície
terrestre como se aguardava”.
Pior ainda, disse que em função dos dados atuais, certeza
alguma pode ser defendida: “Ninguém pode ter certeza do que está acontecendo”.
Para ele, nenhum governo, “nem mesmo democrático, nem
ditatorial”, poderá reduzir as emissões de CO2 num futuro imediato, como sonham
seus mais fanáticos discípulos. Ainda bem, dizemos nós, pois o CO2 é o gás da
vida.
“O processo – continua Lovelock – agora é incontenível, por
isso o melhor que podemos ir fazendo é nos proteger e adaptar às mudanças”. Ele
propõe em seu último livro uma “retirada sustentável”.
O velho cientista sente a feiura de seu erro, e trata de
mitigá-la com fórmulas parecidas com as daqueles que ele sempre tratou de “céticos”
e “negacionistas”.
Lovelock: “Somos muitos. A Terra não pode suportar
mais de 7
bilhões de seres de nossa espécie”
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Mas seus discípulos não arredam o pé, nem mesmo quando o
mestre se reconhece falho.
Lovelock continua se considerando um “verde no velho estilo”
ferozmente anti-humano e anticapitalista, apesar de lamentar que muitos de seus
seguidores transformaram seu credo “numa religião”.
O pai do engenho teórico de Gaia continua a propugnar o
fundo anti-humano de sua hipótese. Um exemplo é sua proposta de reduzir
drasticamente o número de seres humanos sobre a Terra.
“Somos muitos – disse na entrevista. A Terra não pode
suportar durante muito mais tempo a pressão de mais de 7 bilhões de seres de
nossa espécie”.
Como fazer uma supressão de um tamanho que nem Hitler, nem
Stalin, nem Mão conseguiram? Lovelock responde, bancando o futurólogo
iluminado:
“No futuro, após o período turbulento que nos aguarda,
seremos inevitavelmente menos. Não me pergunte quantos”.
As predições de Lovelock falharam no tocante ao aquecimento,
mas lhe granjearam um lugar privilegiado entre os homens que determinam o
andamento das coisas humanas. Nesses ambientes algo pode ter catado.
O que é esse “período turbulento” do qual a humanidade sairá
radicalmente diminuída? Quem lhe falou isso? Onde o ouviu? De onde tirou? Ele
esconde.
Na hora em que a avançada da “neo-URSS” de Vladimir Putin na
Ucrânia põe o mundo à beira de uma conflagração mundial, estas perguntas não
podem ficar sem resposta. Mas o profeta não quer falar.
O ambientalismo insiste na campanha alarmista
anticapitalista.
Ele anunciará algo verdadeiro? É certo que ele insiste no fim
da liberdade.
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Mais contradição. Lovelock agora apoia a energia nuclear,
até não muito tempo atrás apresentada como encarnação do diabo. O jornalista do
“El Mundo” enfia uma pergunta-farpa: “Ainda depois de Fukushima?”
“Evidente que sim. Falaram-se muitas mentiras e o acontecido
no Japão foi aproveitado para propaganda. Quantas pessoas morreram no tsunami?
Acho que mais de 20.000. Mas quantas pela radiação? Nenhuma”.
O terrorismo midiático a respeito de Fukushima levou a
Alemanha a decretar o fechamento gradual de suas usinas atômicas.
Esse grande país industrial vai passar a depender de
energias alternativas que não fornecem a energia básica de que precisa.
Mais ainda. Lovelock detesta a energia eólica por causa da
degradação estética e ética do campo inglês. E, suprema heresia, já não acha
ruim o fracking – a extração do gás de xisto pelo método de fraturamento
hidráulico.
A contradição dominou as respostas de Lovelock, mas o
objetivo continua o mesmo: rebaixar o homem e sua civilização.
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